11 de Abril, 2017 Carlos Esperança
Coimbra, Igreja de Santa Cruz, 11-4-2017
Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz.
Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses.
Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial.
No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir limpa de pecados com os óleos que só o capelão tinha alvará para ungir?
Na ditadura havia capelães nas Forças Armadas, na democracia foram também contempladas as forças policiais. Sem eles a missa não teria o mesmo colorido nem D. Afonso Henriques e D. Sancho teriam de assistir indiferentes à comunhão pascal paga pelo Estado.
Sem a organização militar e a reserva de horários para a fé, muitos polícias e militares haviam de preferir o ócio às orações e a gula à eucaristia.
É uma delícia ver a fé de uniforme e em formatura.