Momento Zen – O beato César das Neves (JCN) voltou a ter visões
Pouco depois de o Papa Francisco ter iniciado o seu pontificado, o beato João César das Neves abandonou as homilias pias e dedicou-se às políticas, onde zurze a esquerda com o desvelo com que soía azorragar os infiéis ao seu deus.
Neste sábado, dia 29 de abril, teve uma recaída. Um súbito ataque de fé fê-lo regressar à defesa das “aparições” de Fátima, com o mesmo desvelo com que defende Cavaco Silva e Passos Coelho, e igual ódio a hereges religiosos ou políticos.
O homem não ensandeceu, mas nada aprendeu depois do concílio de Trento. Espuma de raiva contra os «clérigos [que] parecem dizer que, afinal, a Senhora não esteve lá», em Fátima e pergunta dilacerado: «Descobriu-se algo de novo ou são mais confusões e mal-entendidos?».
O ódio de estimação vai para Anselmo Borges, catedrático jubilado de filosofia e padre, por ter afirmado ao Expresso que “é evidente que Nossa Senhora não apareceu em Fátima”, e até “D. Carlos Azevedo, bispo-delegado do Conselho Pontifício da Cultura no Vaticano e um dos mais respeitados historiadores portugueses da religião”, por quem tem grande respeito e admiração, ao contrário do outro, afirmou que “Maria não vem do céu por aí abaixo”.
E, para provar que a Senhora de Fátima fez excursões à Cova da Iria, faz o paralelismo: «Jesus, após a sua ressurreição, apareceu repetidamente aos discípulos. Não vinha na forma anterior, pois ficava oculto à primeira vista (Lc 24, 16; Jo 20, 14), surgia nas salas com as portas fechadas (Jo 20, 19) ou desaparecia de repente (Lc 24, 31). Apesar disso, tinha um corpo que podia ser tocado (Lc 24, 39; Jo 20, 27), partia o pão (Jo 21, 13; Lc 24, 30) e comia peixe assado (Lc 24, 43; Jo 21, 15).
JCN, não atribui à sua senhora de Fátima o apetite que Jesus tinha em defunção, e que dificilmente podia ser saciado com a merenda dos pastorinhos.
Depois de se atirar ao padre Anselmo Borges como gato a bofes (ódio de estimação), de lhe reprovar a repugnante afirmação, “Posso ser um bom católico e não acreditar em Fátima porque não é um dogma”, o que, sendo verdade (JCN dixit) só pode fazer “um fiel que se limite aos dogmas dificilmente consegue amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.»
«Que Nossa Senhora esteve realmente em Fátima sabemo-lo com segurança desde 1930, quando a autoridade competente, o senhor bispo de Leiria, decidiu “declarar como dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria, freguesia de Fátima, desta diocese, nos dias 13 de maio a outubro de 1917” (carta pastoral de D. José Correia da Silva de 13 de Outubro de 1930)», um bispo a quem reconhece mais autoridade que a si próprio.
JCN não elucida os leitores sobre o meio de transporte e a proveniência da sua senhora de Fátima, avatar lusófono da de Lourdes, em 1917, mas termina admoestando os dois clérigos: «Esta situação, afinal, é uma realidade profundamente evangélica. O Senhor Jesus disse-o abertamente uma vez, quando lamentava a falta de fé das cidades privilegiadas de Corazim, Betsaida e Cafarnaum: “Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isso foi do teu agrado.” (Mt 11, 25-26).»
E foi assim que o beato JCN, ‘não sendo sábio, mas pequenino’, terminou a homilia «A Senhora veio mesmo».
Bem-aventurados os pobres de espírito…
Perfil de Autor
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- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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