13 de Março, 2017 Carlos Esperança
A eleição do Papa católico Francisco – 4.º aniversário
Há 4 anos, num consistório, quiçá com a ausência do Espírito Santo (não, não é o do banco, é o da Trindade, a quem se atribuía a obrigação de iluminar os cardeais e hoje reduzido à toponímia ou encontrado na reserva ecológica dos Açores e Brasil), foi eleito Papa o cardeal Jorge Bergoglio.
Bergoglio ganhou aí o direito de mudar de nome e um cargo vitalício cuja longevidade dependia da prudência e dos cuidados. Durou já muito mais do que os mais otimistas vaticinavam.
É verdade que continua a conformar-se com os milagres dos defuntos, a criar santos e a participar no “road show” publicitário aos santuários que atraem mais turismo pio, mas o que pode fazer o CEO de uma multinacional da fé onde escasseiam novos produtos e sobram velhas superstições?
Relevante é o que é capaz de fazer pela paz e pela justiça social. E nisso, Francisco, sem provocar o êxtase de Zita Seabra, Aura Miguel ou João César das Neves, mais devotos de João Paulo II e da sua cumplicidade com Reagan e Thatcher, tem sido o intérprete de muitos homens e mulheres de “boa vontade”, para usar a expressão com que João XXIII enciclicou pela primeira vez os nãos crentes.
Pelo que se adivinha da sua coragem e determinação para ser agente da transformação do mundo, onde a riqueza de oito homens é igual à de 3 mil e quinhentos milhões dos habitantes mais pobres do Planeta; pela defesa da paz e da luta contra a pedofilia no seio da sua Igreja; pela ousadia em enfrentar a Cúria e denunciar os interesses que dilaceram a Humanidade, merece que um ateu manifeste solidariedade ao Homem.
Aqui fica este registo.