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Mês: Dezembro 2016

6 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

Efemérides – Dia 6 de dezembro

1865 – A décima terceira Emenda à Constituição norte-americana encerra formalmente a escravatura no país. Foi apenas há 1 século e meio (151 anos) que a escravatura foi aí ilegalizada. Novas formas permanecem e mesmo essa escravatura que desonra o passado de portugueses, que dela fizeram negócio de África para a América, com o apoio da ICAR, existe ainda em vários locais do globo, mantendo seres humanos como animais domésticos. Que raio de mundo!

1905 – A separação da Igreja e do Estado foi aprovada pelo senado francês em resposta às críticas do Papa Pio X. Este avanço civilizacional, que as próprias religiões defendem (quando minoritárias) e condenam com o argumento de que não se pode tratar de forma igual o que é diferente (quando maioritárias), corre o risco de ser posto em causa depois de 111 anos de excelentes provas dadas. As próximas eleições francesas realizam-se sob o medo, prevendo-se um duelo entre a pior direita e a extrema-direita.

1978 – A Espanha aprovou a constituição que estabeleceu a monarquia constitucional e o parlamentarismo como forma de governo. A ditadura católica e fascista terminou, mas a herança e a vontade do ditador prevaleceram. A monarquia não foi escrutinada porque as sondagens lhe eram desfavoráveis. Passou de contrabando com a Constituição que punha termo à ditadura. Aliás, se os espanhóis preferissem a monarquia ela passaria a ilegal quando as novas gerações tivessem de a aceitar como facto consumado e definitivo. Não se aceita que as monarquias tenham de acabar de forma musculada.

6 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

Sempre foi assim, o respeitinho é muito bonito…

Sempre foi assim, o respeitinho é muito bonito…

Há na herança salazarista algo de genético que assalta os mais improváveis cidadãos e os torna cúmplices da limitação à liberdade de expressão. A defesa das tradições pode não ser mais do que a tentativa de perpetuação de hábitos ancestrais que urge erradicar.

O alegado respeito pelas tradições é a atitude reacionária de quem teme o progresso. A pena de morte, o esclavagismo, a discriminação de género, a homofobia e muitas outras aberrações inscrevem-se nessa incapacidade de aceitar a evolução civilizacional.

Expressões como «entre marido e mulher não metas a colher» ou «o respeitinho é muito bonito», por exemplo, servem apenas para manter a impunidade da violência doméstica e a subserviência, respetivamente.

Não me imponham respeito pela xenofobia, racismo, excisão do clitóris, decapitação ou lapidação, por maior prazer que dê a um deus que se rebole de gozo com tais práticas.

Se não puder usar outros meios, terei sempre o sarcasmo para demolir os apóstolos da fé que condenam a ciência.
Se quero ser respeitado devo respeitar os outros? Ninguém garante que me respeitem ou que acertem no que me ofende. E se me ofenderem, que mal vem daí? Por que motivo hei de respeitar a crença de quem crê que o Padre Eterno fez o mundo em seis dias e descansou ao sétimo, ou outros que divirjam de mim, têm obrigação de me respeitar?

Há quem se ofenda com a música, a pintura, a carne de porco, o álcool ou o tornozelo desnudo de uma mulher e quem creia que a água vulgar, depois de sinais cabalísticos, passa a benta. Devo calar a surpresa ou suspender o riso para não os ofender?

As crenças são para combater e os crentes para tentar compreender. Só a violência é inaceitável. homem_joelho

4 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

Num Estado laico é assim

Quando é que os beatos e extremistas religiosos compreendem que a religião é um assunto privado?? O Estado representa TODOS os seus habitantes e tem de proceder de forma igual para crentes e não crentes.

A imagem encontra-se num parque público e foi paga pelo município. As autoridades têm três meses para cumprir a ordem do tribunal.
RR.SAPO.PT|DE RENASCENÇA
3 de Dezembro, 2016 José Moreira

A Minha Confissão

Meus amigos: eu, ex-ateu me confesso. Depois de ter passado a fase católica, a que se seguiu a fase ateísta, eis que senti o chamamento de um deus, não aquele que, em tempos, venerei e temi, mas um outro que decidi inventar, quanto mais não seja porque não me sinto inferior aos outros. Também tenho o direito de inventar um deus. Em resumo, decidi passar a venerar o Pacote de Leite, e o Seu Divino Filho, o Iogurte. Podem chamar-me os nomes que quiserem, inclusivamente podem berrar que o Pacote de Leite é tão inútil como o Deus dos católicos, mas estou-me borrifando.
Todos os dias, ao acordar, elevo a minha prece de agradecimento ao Pacote de Leite, agradecendo a graça de estar vivo. Logo a seguir, impetro o Sagrado Iogurte, a quem peço protecção para o dia que começa. E deixem-me que lhes diga que, até ao momento, me tenho sentido bem, aliás, tão bem como quando era católico ou ateu, mas isso não interessa nada. Peço, também, que o Pacote de Leite promova a paz na Terra e a compreensão entre os Homens. Bom, aí, não tenho visto grandes progressos, mas a verdade é que o Deus dos católicos também não tem mostrado obra. Finalmente, e embora a sós, celebro a Sagrada Eucaristia, que consiste em beber um copo do líquido e, a meio da manhã, comer o corpo de Cristo, perdão, o Sagrado Iogurte, o que faço com veneração. Amém.

Ainda há dias, fiquei fortemente constipado. Pois bem, garanto-vos que foi o meu Pacote de Leite que me aliviou. Bem quente e com uma boa colher de mel. Mas não só: todos os dias peço ao meu Pacote de Leite que me proteja de ser atropelado. Meus amigos, querem crer que ainda não o fui? Atropelado, quero dizer. Quanto a acidentes de automóvel, também estou protegido: trago pendurado, no espelho retrovisor, uma embalagem mini de leite.
As diferenças, as grandes diferenças entre este Deus e o dos católicos são duas, fundamentais: a primeira, é que o meu vê-se e sente-se; a segunda, é o aporte de cálcio. O Deus dos católicos dá?

3 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

Humor

bartoon

1 de Dezembro, 2016 Carlos Esperança

CABARÉ PROCESSA IGREJA

(Desconheço a origem da notícia, mas acredito na verosimilhança)

Em Aquiraz, região metropolitana de Fortaleza, D. Tarcília Bezerra começou a construção de um anexo do seu cabaré a fim de aumentar as suas “actividades” em constante crescimento.

Em reacção contrária ao “empreendimento”, a Igreja Pentecostal da localidade iniciou uma forte campanha para bloquear a expansão. Fez sucessivas sessões de oração no seu templo, de manhã, à tarde e à noite.

Porém, o trabalho de construção progrediu. Contudo, uma semana antes da reabertura, um raio atingiu o cabaré de Tarcília, queimando as instalações eléctricas e provocando um incêndio que destruiu tudo.

Tarcília processou a Igreja, o Pastor e toda a Congregação, com o fundamento de que a Igreja foi a responsável pela destruição do seu prédio e do negócio “por ter provocado a intervenção divina, directa ou indirecta, por acções ou meios”; e o certo é que lhe causou enormes prejuízos, pelo que pede indemnização.
Na sua defesa à acção, o Pastor negou veementemente toda e qualquer responsabilidade ou ligação ao desmoronamento do cabaré, inclusive por falta de provas da intervenção divina em resposta às orações dos fiéis.

O juiz, veterano, leu a reclamação da autora Tarcília e a resposta dos réus que são o templo e os pastores. E na audiência de abertura comentou:

“Não sei como vou decidir neste caso, pois pelo que li até agora, tem-se, de um lado, uma proprietária da indústria de putaria que acredita firmemente no poder das orações e do outro lado uma igreja inteira que afirma que as orações não valem nada!”