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Mês: Novembro 2016

20 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

Franco, franquismo e impunidade

Faz hoje 41 anos que faleceu, excelentemente confessado, comungado e sacramentado, o maior genocida ibérico da História sem que lhe fizessem a justiça que coube a Luis Carrero Blanco.

A guerra civil espanhola (1936/39) foi tempo de horrores, dos dois lados da barricada, mas foi um golpe de Estado que derrubou o governo eleito, e o general cuja sedição foi designada ‘cruzada’, pelo papa de turno, que iniciou a feroz ditadura fascista que Hitler, Mussolini e Salazar apoiaram.

Não bastou a carnificina da guerra. Os fuzilamentos prosseguiram durante vários anos, nas praças de touros e nas ruas onde os falangistas abatiam republicanos suspeitos. Os próprios Tribunais, às ordens do ditador, condenavam à morte e mandavam garrotar.

Em Madrid, o delinquente Francisco Franco, que servira às ordens do general mutilado, Millán Astray, autor do grito ‘Viva la muerte!’, continuou a matar adversários através de milícias fascistas que os esperavam. O seu diretor espiritual, Escrivà de Balager, que fundou o Opus Dei, estagiou nessa função para a canonização.

Os crimes contra a Humanidade não prescrevem, mas em Espanha, com a cumplicidade do atual PP, a amnistia permitiu que nunca fossem julgados e, ainda hoje, se opõe às investigações das valas comuns para onde foram atirados os republicanos assassinados.

Franco foi um tenebroso ditador durante mais de trinta e cinco anos e ainda se permitiu impor a Espanha o regime futuro, a monarquia, a que escolheu o rei, depois de o educar no fascismo e de o ter obrigado a jurar fidelidade à falange.

Um ano depois do 40.º aniversário da morte do carrasco nazi, continua válido o cartaz então publicado no sítio http://www.ecorepublicano.es/, aqui reproduzido. Basta substituir o 0 pelo 1.

Hoje, pode ler-se aí que foi Adolfo Suárez que afirmou que não submeteu a referendo a monarquia porque as sondagens indicavam que perderia.

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16 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

A Religião Verdadeira e a verdade das religiões

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O governo alemão proibiu ontem, dia 15, o grupo islamista Die Wahre Religion (“A Religião Verdadeira”), por pregar o ódio religioso e manter contactos com crentes que saíram para a Síria e Paquistão a fim de participarem na jihad.

Não há uma só religião que não se considere a única verdadeira, tal como o seu Deus, e falsas todas as outras e o deus de cada uma delas. Essa situação faz de todos os crentes ateus. Estes só consideram falsa mais uma religião e um deus mais. No fundo, somos todos ateus em relação aos deuses da mitologia, e os vindouros estudarão na mitologia os atuais.

O problema não está na falsidade das religiões, mas na sua nocividade, sempre que os crentes, convictos da vontade de um ser imaginário, são capazes das maiores crueldades para lhe agradarem. E nem a mentira mais tosca ou a mais primária superstição os inibe de as usarem como armas.

Em Itália, um padre católico, que deixou o papa Francisco com os cabelos eriçados, não se coibiu de atribuir os terramotos que têm fustigado a Itália, a castigo de Deus. Só não explicou se o alvará de padre lhe permite interpretar a vontade do deus dele e ir além da transformação da água vulgar em benta e de realizar o complexo processo alquímico da transubstanciação. Na sua demente superstição, ou maldade, deixou Deus mal colocado.

No estado em que o Islão se encontra, perante o fracasso da civilização que aniquilou as energias criativas, os facínoras de Deus usam a crença para todas as tropelias. Querem o Paraíso para todos os outros nem que, para isso, tenham de os matar. A bomba pode ser um método obsoleto, mas é eficaz na redução de infiéis.

Quando as religiões ultrapassam a pacífica transmissão das crenças e a prática litúrgica, deixam de ser um veículo para o Paraíso e tornam-se um perigo para a paz. Deixam de ser fé e passam a fezes que, por razões sanitárias, devem ser erradicadas.

15 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

A entrevista

“A violência está sempre ligada à visão monoteísta do mundo”

«P – Estou a falar da violência no Islão, título do seu livro, um tema que o tem preocupado, que o tem feito refletir.

R – Perturba-me há muito tempo mas, para melhor compreender a violência no Islão, é preciso compreender a violência nos outros dois monoteísmos – o judaísmo e o cristianismo. A prática da violência é conhecida antes do Islão, há muito tempo, e também no seio do Islão. Ainda hoje falamos da Inquisição e coisas no género. A violência está estreitamente ligada à visão monoteísta do mundo e do ser humano. Porque o monoteísmo é uma negação do outro.»

(Ali Ahmed Saïd Esmer, nascido no norte da Síria, escritor)

13 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

Se houvesse um raio que os partisse!

Atentado do Daesh faz 52 mortos no Paquistão

PÚBLICO 12/11/2016 – 17:20 (actualizado às 21:37)

Ataque ocorreu na província do Baluchistão, durante uma cerimónia sufi, um ramo místico do islamismo, que é considerado herético por grupos radicais, como os taliban.

Um atentado bombista reinvidicado pelo Daesh fez este sábado pelo menos 52 mortos e mais de uma centena de feridos. O ataque ocorreu durante as cerimónias sufistas que estavam a ter lugar no templo de Shah Noorani, em Khuzdar, a mais de 760 quilómetros a sul de Quetta, a capital da província do Baluchistão.

12 de Novembro, 2016 Carlos Esperança

A Igreja católica e os funerais

Deixem que um ateu defenda a Igreja católica, frequentemente poupada quando merecia ser criticada e, não poucas vezes, injustamente censurada.

É vulgar criticar-se um padre por recusar os sacramentos a quem em vida os considerou placebos, maltratar um ministro do culto por faltar com as rezas e as cantorias a um ateu ou crente de uma religião concorrente, como se um médico fosse obrigado a receitar ave-marias para uma pneumonia ou um ateu condenado a missa de corpo presente.

Ver a bandeira do PCP aspergida com água benta não lembra ao Diabo cuja existência é tão improvável como a diferença da água benta da outra.

O facto de o velório se ter realizado na igreja de A-dos-Loucos e de a defunta se chamar Maria de Fátima não era motivo para obrigar o padre a aceitar a bandeira do PCP sobre o caixão. Mandou retirá-la e fez bem. Não é preciso ser muito letrado para perceber que o comunismo e a religião são incompatíveis.

Desmiolada foi a família a querer impor ao padre a bandeira do PCP no templo de uma religião que excomungou o comunismo. Certamente que a Maria de Fátima, incapaz de se pronunciar, como soe acontecer aos defuntos, se fosse comunista seria a primeira a enjeitar os pios ofícios fúnebres.

Não se pode deixar de louvar a coerência do padre que a família do defunto afrontou confundindo o martelo com a cruz romana.