É vulgar criticar-se um padre por recusar os sacramentos a quem em vida os considerou placebos, maltratar um ministro do culto por faltar com as rezas e as cantorias a um ateu ou crente de uma religião concorrente, como se um médico fosse obrigado a receitar ave-marias para uma pneumonia ou um ateu condenado a missa de corpo presente.
Ver a bandeira do PCP aspergida com água benta não lembra ao Diabo cuja existência é tão improvável como a diferença da água benta da outra.
O facto de o velório se ter realizado na igreja de A-dos-Loucos e de a defunta se chamar Maria de Fátima não era motivo para obrigar o padre a aceitar a bandeira do PCP sobre o caixão. Mandou retirá-la e fez bem. Não é preciso ser muito letrado para perceber que o comunismo e a religião são incompatíveis.
Desmiolada foi a família a querer impor ao padre a bandeira do PCP no templo de uma religião que excomungou o comunismo. Certamente que a Maria de Fátima, incapaz de se pronunciar, como soe acontecer aos defuntos, se fosse comunista seria a primeira a enjeitar os pios ofícios fúnebres.
Não se pode deixar de louvar a coerência do padre que a família do defunto afrontou confundindo o martelo com a cruz romana.