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  • 16 de Julho, 2016
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

Infiéis somos todos

Por

Paulo Franco

Existem milhões de pessoas que sofrem com problemas emocionais graves, milhões com problemas mentais (muitos deles não diagnosticados), milhões sofrem a pobreza com uma desumanidade absurda, muitos milhões de pessoas são analfabetas, milhões de pessoas simplesmente não têm perspetivas de futuro e, azar dos azares, milhões de pessoas sofrem destes problemas todos ao mesmo tempo. E, porque tudo isto é verdade, muitos milhões de pessoas do planeta Terra são terrivelmente infelizes.

Este não é um cenário de um qualquer filme apocalíptico de hollywood, não, não, esta é uma descrição razoavelmente correta do mundo em que vivemos. Mas este cenário aqui descrito não se refere exclusivamente à atualidade, é uma representação fidedigna de problemas que a humanidade sempre sofreu em abundância.

Mas, para tornar o panorama mundial ainda mais tenebroso, várias religiões surgiram no mundo e conseguiram convencer nações inteiras que existe um Deus que ordena que nos amemos uns aos outros, mas comete genocídios; ordena a morte de homossexuais e mulheres adúlteras à pedrada, mas a sua justiça é admirável; ordena que nos perdoemos uns aos outros e apela ao apedrejamento até à morte dos apóstatas, e, mais perigoso de tudo, ordena a morte dos infiéis.

Ora acontece que infiéis somos todos. Somos infiéis para Allá porque acreditamos no Deus bíblico; somos infiéis para o Deus bíblico se acreditarmos em Allá; e somos infiéis para todos os Deuses se formos ateus ou agnósticos.

Se calhar, talvez tenha sido má ideia apresentar a bíblia ou o alcorão (ou outro livro da mesma índole) à humanidade como sendo a Palavra de um Deus, levando em linha de conta a enormidade de contradições morais que tais livros contêm e os problemas sociais e mental da humanidade. Em nome de Deus, morreram milhares, no passado, como continuam a morrer milhares, no presente. Basta passar os olhos pelos livros de história e pelos telejornais atuais, para o confirmar.

Só digo que «talvez» tenha sido má ideia porque a história humana já nos ensinou que por vezes mais vale ter um mau Rei (ou governo) do que nenhum e talvez seja melhor ter um mau Deus do que nenhum. Uma coisa é certa: temos a certeza que milhões sofreram (e ainda sofrem) consequências abomináveis graças às contradições morais insuperáveis dos livros sagrados.

De tudo isto podemos retirar uma lição preciosa: no futuro, quando inventarmos mais deuses, convém que sejam deuses que respeitem realmente todos os direitos de todos os humanos (não esquecendo os direitos dos animais).

Paulo Franco.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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