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Mês: Março 2016

10 de Março, 2016 Carlos Esperança

No melhor pano cai a nódoa

Depois de um brilhante discurso de posse.

Primeira viagem do Presidente Marcelo é ao Vaticano

09 Mar, 2016 – 14:50 • Aura Miguel

No próximo dia 17, o novo Presidente encontra-se no Vaticano com o Papa Francisco. No mesmo dia, em Espanha, terá um encontro com o Rei espanhol.

Diário de uns Ateus – Uma teocracia e uma monarquia, ambas legadas por fascistas, Mussolini e Franco.

7 de Março, 2016 Carlos Esperança

A indústria dos milagres é uma vergonha

O obscurantismo é o húmus da Igreja católica

Vaticano: Igreja vai ter dois novos santos
Cidade do Vaticano, 04 mar 2016 (Ecclesia) – A Igreja Católica vai ter dois novos santos, depois de o Papa ter autorizado hoje a publicação de decretos relativos a milagres atribuídos à intercessão de Emanuel González e Isabel da Trindade, beatos da Espanha e França.

D. Emanuel González García (1877-1940), antigo bispo de Palença, é o fundador da União Eucarística Reparadora e da Congregação das Irmãs Missionárias Eucarísticas de Nazaré, tendo vivido durante o “trágico período” da guerra civil em Espanha, recorda a Rádio Vaticano.

A emissora pontifícia apresenta depois a futura santa francesa Isabel da Trindade como uma “grande mística”.

Isabel Catez (1880-1906), religiosa carmelita, morreu aos 26 anos, após um longo sofrimento causado pela Doença de Addison.

Além das duas canonizações, o Papa abriu caminho à beatificação da carmelita francesa Maria Eugénia do Menino Jesus (1894-1967) e à religiosa argentina Maria Antonia de São José (1730-1799).

OC

7 de Março, 2016 Carlos Esperança

Doutrinar, alienar e aliciar…

Por
e - pá

 

Segundo a edição on line do The Guardian o Estado Islâmico aposta na doutrinação de crianças que vivem sob a sua alçada… link.
A Fundação Quilliam vem denunciando a participação de crianças e adolescentes nos habituais massacres do Daesh. Entre eles uma execução colectiva de duas dezenas de soldados sírios ocorrida na cidade histórica de Palmira link.
A brutalidade destes procedimentos não é desconhecida do Mundo. Em Março de 1922 com os mesmos princípios foram criadas asJungmannschaften que incorporaram rapazes dos 14 aos 18 anos.  Em 1928 foi criada uma outra organização que integrava jovens de grupos etários mais baixos (10 aos 14 anos) sob a designação de Deutsche Knabenschaft.
Quando Adolf Hitler conquistou o poder as múltiplas organizações entretanto surgidas foram fundidas nas Juventudes Hitlerianas (JH). De notar que essas ‘juventudes’ não albergavam exclusivamente jovens identificados partidariamente com o partido nazi.
Não devemos esquecer as motivações de índole religiosa, como por exemplo, a Evangelische Jugend inegavelmente conotada com o luteranismo e que em 1931 agrupou largas centenas de milhares de aderentes às JH. Portanto, as derivas fundamentalistas religiosas não estão fora deste tenebroso processo.
O que se passa nos territórios dominados pelo Daesh não foge a este senda histórica. Outros exemplos poderiam ser citados – embora comportando gradientes e circinstâncias diferentes – por apresentarem similitudes mobilizadoras. São os casos da Mocidade Portuguesa (Portugal), Movimento Nacionalista (Espanha), Opera Nationale Ballili e os Arditi (Itália), EON (Grécia), Belli Orlovi /Águias Croatas (Croácia), etc.
Politicamente, existe um conceito que sempre interessou aos partidos políticos e à sociedade: o problema do ‘homem novo’.
O problema da doutrinação da juventude sempre foi um assunto muito delicado. Os jovens por circunstâncias ditas fisiológicas, psicológicas e estruturais reúnem algumas condições aliciadoras: são inocentes, incautos, crédulos e não têm experiência de vida (imaturos). Existe concomitantemente alguns fascínios peculiares: pelos uniformes, pelo exercício físico (disciplinador e subordinante), pela vida ao ar livre (campismo), pela ‘ordem unida’, etc.
São esses os passos que o Daesh está a dar com grande determinação e pensamento estratégico. Eles poderão ser mais duradouros e profícuo do que as posições militares e territoriais que agora ocupam.
O recrutamento de mais de 1 milhar de jihadistas por mês, muito deles jovens, é um tremendo desafio ao futuro da Humanidade. Infelizmente para combater esta hecatombe em acelerada marcha pouco mais vemos do que hesitações.
A História para além dos exemplos anunciados também nos ensina que contemporizar é imolar vidas (muitas delas pertencentes a jovens) e contribuir para um desastroso retrocesso civilizacional.
6 de Março, 2016 Carlos Esperança

ZAMAN (Tempo em turco…) – Política e religião

Por
e - pá
Enquanto a Europa continua a afundar-se perante a crise dos refugiados construindo aqui e acolá ‘mini-trincheiras’ que se dispõe a pagar a preço de ouro, a Turquia o seu mais abonado parceiro desta estratégia vai consolidando um regime islamita cada vez mais fechado e autoritário.
Nos últimos dias foi o caso do jornal “Zaman” voz da oposição ao governo de Erdogan.
Zaman é um jornal turco de grande expansão com ligações ao ‘pregador’  Fethullah Gullen antigo aliado de Erdogan mas actualmente um seu inimigo figadal.
Sendo as questões muito antigas e as divergências profundas o imã vive exilado nos EUA porque receia pela vida em Istambul e há cerca de 2 anos lançou nos media que controla um violento ataque onde incrimina o Governo turco e a família Erdogan de atos de corrupção. Os meios de comunicação sociais que deram guarida a estas acusações tornaram-se imediatamente proscritos.
A recente intervenção (encerramento) no jornal Zaman é por si só intolerável mas infelizmente é complementar de vasto plano outras acções (contra a liberdade de Imprensa e de Expressão) que têm sido silenciadas no Ocidente como: os canais de televisão privados Kanalturk e Bugün TV (encerrados na 3º. Feira), bem como os diários Bugün Gazetesi, Millet Gazetesi e a emissora Kanalturk Radyo.
A aproximação com a Turquia tem sido uma das pedras de toque da política da UE para tentar resolver ou pelo menos suster a questão dos refugiados. A visita de Merkel a Erdogan largamente noticiada na imprensa europeia link é uma dessas démarches. A solução da criação de Estados-tampão não é uma solução é um remendo. Pode rapidamente transformar o Médio Oriente num imenso campo de concentração.
Mas a questão dos refugiados é indissociável do Daesh e desde há muito que existem  dúvidas – nunca cabalmente esclarecidas – sobre o papel da família Erdogan e de outros oligarcas turcos no negócio de comercialização do petróleo  oriundo das regiões ocupadas pelo Estado Islâmico situação denunciada por Putin link  após o derrube de um caça russo junto à fronteira sírio-turca e imediatamente esquecida. Saber por onde passam os canais de financisamento do Daesh é fundamental na luta anti-terrorista. Mas essas evidencias estão (en)cobertas pelo opaco manto dos negócios.
Embora complexa toda esta situação no Médio Oriente fica a sensação de que a União Europeia decidiu seguir o aforismo popular de ‘vender a alma ao diabo’. O diabo é uma criação das religiões monoteístas mas será por assim dizer um ‘falso-deus’. Na mesma medida que Erdogan é um muçulmano onde colocaram a vinheta de ‘falso moderado’.
Por este caminho a democracia na Europa não só é espezinhada como durará pouco. Os políticos europeus mostraram uma tremenda incompetência em lidar com a última crise financeira. Agora revelam-se além de incompetentes, desastrados, a tratar do problema dos refugiados sequela das inauditas ‘Primaveras árabes’, que tanto aplaudiram em nome da Democracia.
4 de Março, 2016 Carlos Esperança

A Escalada Beata e as Agressões Religiosas

Enquanto os judeus ortodoxos se agarram à Bíblia e à faixa de Gaza, os muçulmanos debitam o Corão e se viram para Meca e os cristãos evangélicos dos EUA ameaçam o Irão e a teoria evolucionista, os conflitos religiosos e o terrorismo regressam à Europa.

A emancipação do Estado face à religião iniciou-se em 1648, após a guerra dos 30 anos, com a Paz da Vestefália e ampliou-se com as leis de separação dos séc. XIX e XX, sendo paradigmática a lei de 1905, em França, que instituiu a laicidade do Estado.

A libertação social e cultural do controlo das instituições e símbolos religiosos foi um processo lento e traumático que se afirmou no séc. XIX e conferiu à modernidade ocidental a sua identidade.

A secularização libertou a sociedade do clericalismo e fez emergir direitos, liberdades e garantias individuais que são apanágio da democracia. A autonomia do Estado garantiu a liberdade religiosa, a tolerância e a paz civil.

Não há religiões eternas nem sociedades seculares perpétuas. As três religiões do livro, ou abraâmicas, facilmente se radicalizam. O proselitismo nasce na cabeça do clero e medra no coração dos crentes.

Os devotos creem na origem divina dos livros sagrados e na verdade literal das páginas vertidas da tradição oral com a crueza das épocas em que foram impressas.

Os fanáticos recusam a separação da Igreja e do Estado, impõem dogmas à sociedade e perseguem os hereges. Odeiam os crentes das outras religiões, os menos fervorosos da sua e os sectores laicos da sociedade.

Em 1979, a vitória do «ayatollah» Khomeni, no Irão, deu início a um movimento radical de reislamização que contagiou Estados árabes, largas camadas sociais do Médio-Oriente e sectores árabes e não árabes de países democráticos.

Por sua vez, o judaísmo, numa atitude simétrica, viu os movimentos ultraortodoxos ganharem dinamismo, influência e armas, empenhando-se numa luta que tanto visa os palestinianos como os sectores sionistas laicos.

O termo «fundamentalismo» teve origem no protestantismo evangélico norte-americano do início do séc. XX. Exprimiu o proselitismo, a recusa da distinção entre o sagrado e o profano, a difusão do deus apocalíptico, cruel, intolerante e avesso à modernidade, saído da exegese bíblica mais reacionária. Esse radicalismo não parou de expandir-se e já contamina o aparelho de Estado dos EUA.

O catolicismo, desacreditado pela cumplicidade com regimes obsoletos (monarquias absolutas, fascismo, ditaduras várias), debilitou-se na Europa e facilitou a secularização. O autoritarismo e a ortodoxia regressaram com João Paulo II, que arrumou o concílio Vaticano II e recuperou o Vaticano I e o de Trento.

João Paulo II transformou a Igreja católica num instrumento de luta contra a modernidade, o espírito liberal e a tolerância das modernas democracias. Tem sido particularmente feroz na América Latina e autoritária e agressiva nos Estados onde o poder do Vaticano ainda conta, através de movimentos sectários de que Bento XVI foi herdeiro e protetor, se é que não esteve na sua génese.

A recente chegada ao poder de líderes políticos que explicitam publicamente a sua fé, em países com fortes tradições democráticas (EUA e Reino Unido), foi um estímulo para os clérigos e um perigo para a laicidade do Estado. Por outro lado, constituem um exemplo perverso para as populações saídas de velhas ditaduras (Portugal, Espanha, Polónia, Grécia, Croácia), facilmente disponíveis para outras sujeições.

A interferência da religião no Estado deve ser vista, tal como a intromissão militar, a influência tribal ou as oligarquias, como uma forma de despotismo que urge erradicar. A competição religiosa voltou à Europa. As sotainas regressam. Os pregadores do ódio sobem aos púlpitos. A guerra religiosa é uma questão de tempo a que os Estados laicos têm de negar a oportunidade. Só o aprofundamento da laicidade nos pode valer.

In Pedras Soltas (2006) – Ortografia atualizada