O combate da civilização contra a barbárie
Massacres em Istambul, Damasco ou Bagdad não aterrorizaram os europeus, apesar de a primeira cidade se encontrar no seu continente, e ainda menos os da estância de Bassam ou de Ouagadougou, porque a Costa do Marfim ou o Burkina Faso são países arredados da geografia das preocupações europeias. O ataque suicida, em Lahore, contra a minoria cristã que ontem festejava a Páscoa, fez mais de 70 mortos e 280 feridos, num parque infantil, mas o Paquistão fica longe e as notícias são parcas e efémeras!
Nova Iorque comoveu o mundo civilizado, esquecido dos seus erros e crimes e da troca de princípios por interesses. As Torres Gémeas sepultaram milhares de inocentes e houve um clamor internacional, mas quando se esperaria a severa punição da Arábia Saudita, cuja origem e financiamento do ataque esteve na base dessa tragédia, quatro ‘Cruzados’ atacaram… o Iraque, liderados por Bush, aconselhado por Deus — disse ele.
Agora, depois de Madrid, em 2004, Londres, em 2005, Paris (janeiro e novembro), em 2015 e Bruxelas, em 2016, a Europa hesita entre a cedência dos valores e a resposta aos ataques que levam o medo e a desconfiança, que promovem a xenofobia e o racismo.
Os europeus estão cansados de ouvir dizer que o Islão é pacífico, como, aliás, todas as religiões. Não há a mais leve suspeita ou o menor indício de que isso seja verdade, nem a História o confirma. A civilização, de que nos reclamamos, permite combater todas as ideologias políticas, da social-democracia ao fascismo, do liberalismo ao comunismo, mas inibe o combate às religiões, por mais insanos que sejam os princípios e obsoletos os seus livros sagrados. A blasfémia ainda é crime em várias democracias!
Os partidos políticos combatem opções de partidos rivais, sem bombas, mas as religiões são livres de apelar à violência em nome do seu deus e de organizarem o proselitismo, exortando à violência nos templos e fanatizando crianças nas escolas.
O problema europeu não é com muçulmanos nem com o radicalismo islâmico, é mesmo com o Islão, um problema sério e insanável que, à semelhança do que sucedeu já com o cristianismo, se resolveu com a repressão política ao seu clero.
Não é com diálogo entre as religiões que se combate o terrorismo, é com a exigência do respeito pela Declaração Universal dos Direitos Humanos a todas as religiões e a todos os indivíduos, crentes e não crentes, autóctones, imigrantes e refugiados.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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