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  • 24 de Março, 2016
  • Por Carlos Esperança
  • AAP

Resposta à réplica do Sr. Padre Renato Poças

Senhor padre Poças:

Agradeço a carta que me enviou e relevo as censuras, que só a leitura pouco rigorosa da minha e divagações sobre o que ela não contém podem ter dado origem a inverdades, já que as diferenças de opinião são vistas como anticlericalismo, confundindo a falsidade e malignidade que o signatário vê nas religiões com animosidade ao clero.

Quando afirma, «Se na sua infância o obrigaram a beijar a mão do pároco tenho pena.», não se refere à minha carta, pois não passei por semelhante vexame e não o afirmei. Deduzo que recorreu a um texto meu, «O beijo na mão e o beija-mão», que interpretou ao contrário, «…uma tradição de reverência que na minha juventude se praticava em relação aos pais, padrinhos e párocos, ‘de que os hábitos familiares me exoneraram’».

Reli o texto que lhe escrevi e não encontro nele a falta de respeito que alega, mas não sou juiz das suas idiossincrasias e do modelo de educação que lhe serve de padrão. Se o magoei, acredite que não foi intenção minha, embora lhe sirva de pretexto para afirmar «não me permite ter um diálogo honesto, aberto, transparente» [comigo].
Quanto ao uso do seu nome, ponderei a obrigação católica de dar público testemunho da sua fé e o facto de se dirigir, sem pedido de confidencialidade, à Associação Ateísta Portuguesa (AAP), onde também o meu nome e n.º de telemóvel são públicos. Não vejo aí qualquer abuso ou desrespeito.

Quanto ao tema da nossa troca epistolar, o beija-mão do PR ao Papa do Sr. Padre Poças, nada diz ou, para usar uma expressão jurídica, ‘aos costumes disse nada’. E era esse o ponto único do comunicado da AAP que esteve, e está, na origem desta troca epistolar.

Lamento que o Sr. Padre Poças, à semelhança do clero católico, confunda o combate às religiões com o combate aos crentes e veja anticlericalismo na divergência de opinião.

Permita-me que lhe recorde, quanto à laicidade, agredida pelo PR no gesto de adulação ao chefe de Estado do Vaticano, que a sua ausência já é lamentada pelos cristãos quando se encontram em países onde dominam religiões concorrentes porque, ao contrário dos países europeus, não lhes foi aí imposta.

A nível pessoal, à semelhança do seu amável convite, retribuo com a oferta em Coimbra onde o receberei com a afabilidade com que trato as pessoas com quem convivo. O meu nome e número de telemóvel são públicos.

Aceite as minhas saudações republicanas, laicas e democráticas.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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