Homem que morreu em Boliqueime “entregou-se a Deus”, afirmou Calvão da Silva.
E se fosse ao Espírito Santo?
De acordo com a imprensa italiana, dados foram roubados do computador do controlador geral das finanças do Vaticano, o italiano Libero Milone, no seu gabinete situado próximo da praça de São Pedro.
Homem que morreu em Boliqueime “entregou-se a Deus”, afirmou Calvão da Silva.
E se fosse ao Espírito Santo?
http://38.media.tumblr.com/c1bf24386fcf930d0576f628cee06edd/tumblr_n6q0l5Yu321ru5h8co1_500.gif (Clique na imagem para ver o milagre)
Por
Casa do Oleiro
(Texto retirado do livro de Yuval Noah Harari “Sapiens: de animais a Deuses”)
Em 1818, Mary Shelley publicou Frankenstein, a história de um cientista que criara um ser artificial que ficou fora de controlo e espalhou o caos.
Ao longo dos últimos dois séculos esta mesma história foi contada vezes sem conta em inúmeras versões. Tornou-se um pilar central da nossa mitologia cientifica. À primeira vista, a história de Frankenstein surge para nos avisar de que, se tentarmos desempenhar as funções de Deus e criar vida, seremos severamente punidos. No entanto, a história tem um significado mais profundo.
O mito de Frankenstein confronta o Homo Sapiens com uma questão desconcertante: o avanço do desenvolvimento tecnológico irá, em breve, levar à substituição do Homo Sapiens por seres completamente diferentes, que possuem não só anatomias diferentes, mas também mundos cognitivos e emocionais diferentes.
Gostaríamos de acreditar que, no futuro, pessoas como nós viajarão de planeta para planeta em naves espaciais velozes. Não queremos considerar a possibilidade de, no futuro, os seres com emoções e identidades como as nossas deixarem de existir e o nosso lugar ser ocupado por formas de vida alienígena cujas capacidades minimizariam as nossas.
Encontramos, de certa forma, conforto na ideia que o Dr. Frankenstein criou um terrível monstro, que tivemos de destruir para nos salvarmos. Gostamos de contar a história dessa forma porque assim implica que somos os melhores de todos os seres, que nunca houve nem jamais haverá algo melhor que nós. Qualquer tentativa de nos melhorar falhará inevitavelmente porque, mesmo se os corpos puderem ser melhorados, será impossível tocar no espírito humano.
A história ensina-nos que aquilo que parece encontrar-se ao virar da esquina pode muito bem nunca se materializar, devido a barreiras imprevistas, e que outros cenários não imaginados, ocorrem no seu lugar.
Quando o Sputnik e a Apolo 11 espevitaram a imaginação do mundo, toda a gente começou a prever que, pelo final do século, as pessoas viveriam em colónias espaciais em Marte ou em Plutão.
O que devemos levar a sério é a ideia de que a próxima fase da História inclui não só transformações tecnológicas e organizacionais, como também transformações fundamentais na consciência e na identidade humanas. E estas podem ser transformações tão fundamentais que colocarão o próprio termo «humano» em causa.
Se a História dos Sapiens estiver realmente a acabar, nós, membros de uma das derradeiras gerações, devemos dedicar algum tempo a responder a uma última questão: no que queremos transformar-nos?
Por
Casa do Oleiro
Há 70 000 anos, o Homo Sapiens ainda era um animal insignificante preocupado consigo próprio, num canto de África. Nos milénios que se seguiram transformou-se no senhor do mundo inteiro e num dos flagelos do ecossistema. Hoje está prestes a tornar-se num Deus, preparado para adquirir não só a juventude eterna como também as capacidades divinas da criação e da destruição.
Infelizmente, o domínio Sapiens na Terra produziu, até agora, pouco de que possamos orgulhar-nos. Dominamos o meio envolvente, aumentamos a produção de alimentos, construímos cidades, estabelecemos impérios e criamos extensas redes de comércio.
Mas diminuímos o nível de sofrimento no mundo?
Vezes sem conta, um aumento considerável do poder humano não correspondeu,
necessariamente, ao bem estar do Sapiens individual, provocando também, por norma, um enorme sofrimento aos outros animais.
Ao longo das últimas décadas conseguimos, por fim, fazer um progresso real no que diz respeito à condição humana, com a redução da fome, de pragas e das guerras. No entanto, a situação dos outros animais está a deteriorar-se mais rapidamente do que nunca e os melhoramentos da humanidade são demasiado recentes e frágeis para serem certos.
Além disso, apesar das coisas espantosas que os humanos são capazes de fazer, continuamos sem ter a certeza dos nossos objectivos e parecemos estar mais desligados que nunca. Avançamos das canoas para as caravelas, para barcos a vapor, para vaivéns espaciais – mas ninguém sabe para onde vamos.
Estamos mais poderosos do que alguma vez estivemos, mas não fazemos a
mínima ideia do que fazer com todo esse poder.
Ainda pior: os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca.
Deuses auto-proclamados, com apenas as leis da física para nos fazer companhia, não somos responsabilizados por ninguém. Estamos, assim, a espalhar o caos sobre os nossos companheiros animais e o ecossistema envolvente, em busca de pouco mais do que o nosso próprio conforto e divertimento sem, no entanto, nos darmos por satisfeitos.
Existirá algo mais perigoso do que Deuses insatisfeitos e irresponsáveis, que não sabem o que querem?
Este texto foi retirado do livro de Yuval Noah Harari “Sapiens: de animais a Deuses”.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.