Lucetta Scaraffia
Lucetta Scaraffia, 67, historiadora e feminista italiana, foi uma das 32 mulheres convidadas a participar do sínodo dos bispos sobre a família, em Roma, entre os dias 4 e 25 de outubro. A editora do suplemento feminino do “L’Osservatore Romano”, jornal do Vaticano, relata para o “Le Monde” de forma mordaz esse trabalho entre os homens da Igreja
Quantas vezes não disse para mim mesma, ao longo dessas três semanas de sínodo, para conter a impaciência rebelde que tomava conta de mim? Afinal, eles me convidaram e até me deixaram falar. Eu, uma “feminista histórica”, não exatamente diplomática, nem paciente, como eles certamente notaram.
Para uma mulher como eu, que viveu o Maio de 68 e o feminismo, que lecionou em uma universidade pública e participou de comitês e de grupos de trabalho de todos os gêneros, essa experiência foi verdadeiramente inédita. Isso porque embora já tenha acontecido, quando eu era jovem e as mulheres ainda eram raras em determinados meios culturais e acadêmicos, de eu ser a única no meio de um grupo de homens, esses homens ao menos conheciam um pouco o assunto, sendo casados ou tendo filhas.
O Vaticano há muito que deixara de atualizar a lista dos livros proibidos. Condenava, para não perder a vocação censória; desaconselhava, para fingir autoridade; uivava, para impressionar os espíritos mais timoratos.
A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, submetida ao pulso férreo do cardeal Joseph Ratzinger, pio inquisidor, esforçava-se para que o progresso e a liberdade não perigassem o destino das almas, numa pálida amostra do Santo Ofício, que a precedera.
Deu-lhe então para embirrar com o «Código Da Vinci» do escritor Dan Brown, e inclui o interessante romance policial, que pisca o olho aos eruditos, na lista das obras a «não ler, nem comprar». O apelo foi feito pelo cardeal Tarcísio Bertone, aos microfones do Radio Vaticano, uma emissora do bairro com potência para se ouvir em todo o planeta, mas cujas vozes não chegam ao Céu.
O que incomodou esse santo cardeal, além das manipulações da ICAR que o romance desmascara, foi a possibilidade de Jesus Cristo ter sido pai de uma filha de Maria Madalena, o que pressupõe o pecado da fornicação cometido pelo impoluto e casto fundador da ICAR.
Assim, ainda que a execração do livro e a proibição da compra contribuíssem para a sua difusão, a Cúria não podia deixar de atualizar o Índex dos livros interditos sob pena de conferir ao ato sexual a dignidade que a prática divina lhe outorgava. Desse modo, o «Index librorum prohibitorum» da Igreja Católica ficou enriquecido com um novo título e a sexualidade de novo anatematizada.
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União de Freguesias de Nogueira, Fraião e Lamaçães promove passeio a Fátima
A União de Freguesias de Nogueira, Fraião e Lamaçães promove mais um passeio a Fátima. À semelhança do que aconteceu no ano passado, e dado o elevado número de participantes, o passeio realizar-se-á em duas datas: 25 de maio e 22 de junho. Esta atividade de cariz social tem como destinatários todos os idosos, reformados e pensionistas de Nogueira, Fraião e Lamaçães.
No dia 25 de maio, a saída está prevista acontecer às 7h00, em Nogueira, e no dia 22 de junho, às 7h00 a partir de Lamaçães e Fraião. Os interessados, que poderão escolher qualquer uma das duas datas, independentemente de qual seja a sua área de residência, deverão deslocar-se aos pólos de atendimento da Junta de Freguesia, a fim de se inscreverem.
14 de maio de 15
http://www.bragatv.pt/artigo/3821
Diário de uns Ateus – Sabem lá estes autarcas o que é a laicidade!
Estado Islâmico – A crueldade é a sua arma mais eficaz na sedução do mundo islâmico e até de jovens europeus. A demolição do milenar Arco do Triunfo de Palmira mostra o horror que a arte, a cultura e a arqueologia lhe merecem.
Turquia – A repressão policial e as restrições à liberdade antecederam as eleições com que Erdogan pretende alterar a Constituição e prosseguir o processo de reislamização de que nunca desistiu. Mais uma tragédia a cercar a Europa.
Vaticano – O sínodo sobre a família expôs as fraturas no seio da Igreja católica, entre o Papa aberto ao mundo e o mundo fechado do clero, quando as igrejas concorrentes se mantêm obstinadas a perpetuar os valores morais da Idade do Bronze.
Segundo leio e ouço, o Sínodo dos Bispos “abriu-se” no sentido de a Igreja voltar a acolher no seu seio os casais divorciados e “recasados”; no entanto, nem uma palavra relativamente aos homossexuais , isto apesar de haver homossexuais que se assumem como católicos, vá lá saber-se porquê… Compreende-se. Havendo, reconhecidamente, homossexuais no seio da própria Igreja, é natural que queiram tratar o assunto com pinças. Quiçá limpando a própria casa antes de limpar o exterior… Relativamente ao texto da notícia, segundo a qual o Sínodo”mostrou pouca abertura dos bispos católicos à homossexualidade”, fica-se sem saber a que tipo de “abertura” se referiam e, quanto à homossexualidade, se estavam a referir-se à interna ou à externa.
Por
Frei Bento
Naquele tempo, constara que Jesus, o Nazareno, tinha caminhado sobre as águas. Toda a gente achou grande o milagre, aliás na linha de outros grandes milagres que lhe tinham antecedido e que iriam suceder-lhe. Toda a gente ficou maravilhada, à excepção de Tomé que, caso não saibam, já era de difícil convicção ainda antes da Ressurreição de Jesus Nosso Senhor.
– Ná – dizia ele. – Só vendo eu acredito. Comigo, é “ver para crer”, como S. Tomé – argumentava, sem imaginar que estava a plagiar-se a si próprio. A autoplagiar-se, digamos assim. Eis que as dúvidas de Tomé chegaram aos ouvidos do Senhor que, naturalmente, e para que não se pensasse tratar-se de um embuste, desde logo convocou o incréu para que ele mesmo caminhasse sobre as águas e afogasse as dúvidas todas.
E assim se fez, e assim ficou escrito. O Mestre reuniu-se com Pedro e Tomé, e eis que ambos os três se dirigiram para o Jordão.
– Mestre – perguntou Tomé – que devo fazer?
– Tem fé e reza – respondeu o Senhor.
E eis que o Senhor começa, calmamente, a caminhar sobre as límpidas águas do Jordão. Logo atrás, seguia Pedro, também ele caminhando sobre as águas, pois grande é o poder de Deus. Tomé, um pouco desviado, começou a sentir a água já pelos joelhos. Milagre, nem vê-lo.
– Mestre – informou: – já tenho água pelos joelhos. Que faço?
– Tem fé e reza – insistiu o Senhor. E continuou a andar. Tomé já tinha água pela cintura e, a breve trecho, o líquido já lhe chegava ao pescoço.
– Mestre!!! – gritou aflito – Já tenho água pelo pescoço.
E o milagre deu-se. Jesus, com a calma que o cateterizava quando não estava a expulsar vendilhões, voltou-se para trás e ordenou a Pedro:
– Pedro, ensina àquele gajo o caminho sobre as pedras, antes que o cabrão se afogue.
Palavras do Senhor.
Ninguém duvida da necessidade de punir um falso médico pelos riscos a que sujeita um paciente incauto que se lhe submeta, um falso engenheiro que desconhece a resistência dos materiais e põe em risco a solidez de um edifício, um falso professor que não ensina aos alunos o que deve, mas não se percebe porque há de o Estado punir os falsos padres.
Para além do gosto duvidoso de se vestirem como mulheres, os verdadeiros e os falsos, gostos não se discutem, não se vê que caiba ao Estado atestar a validade do alvará que confere legitimidade para transformar em água benta a outra.
Acaso ficará pior sacramentado, confessado, comungado ou ungido o crente que receba de um falso padre os sinais cabalísticos ou ouça a palavra de uma empolgante homilia por um verdadeiro ou falso ministro do culto?!
Salvo, por razões fiscais, de que o Estado português injustamente abdica, que interesse tem que a partícula seja ministrada por quem saiba ou não latim?
Há coisas que só a cumplicidade pia justifica. Ainda veremos os Tribunais a decidir sobre os verdadeiros e falsos milagres como se os primeiros existissem.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.