Momento zen de quarta_16_09_2015
Julgava-se que o Papa Francisco tinha feito o milagre de afastar o beato João César das Neves (JCN) da exegese bíblica e das homilias contra o divórcio, a IVG e a sexualidade alheia à prossecução da espécie. No púlpito do DN passou a perorar sobre economia, disciplina que rege na madraça romana de Palma de Cima, defendendo aí este Governo com a mesma fé com que acredita em Fátima e nos dogmas da Igreja romana.
A acidez do silêncio pio doía-lhe mais do que o cilício e a abstinência do proselitismo já o consumia. É de crer errasse os mistérios do terço e tropeçasse nas orações para sentir mais necessidade de falar da sua Igreja do que de defender Passos Coelho.
Na homilia de ontem ‘O sínodo e a balbúrdia’, JCN fala do Sínodo dos Bispos de Roma e do seu pavor pela influência do mundo profano nessa assembleia porque “muita gente de fora tenta influenciar uma doutrina que não segue, aceita ou sequer respeita, mas que não se coíbe de tentar mudar”. JCN pergunta “Como deve um católico lidar com tal balbúrdia?”, e logo responde com a fé de um devoto e a doutrina do Concílio de Trento:
“Primeiro é importante [um católico] não se perturbar ou escandalizar”. “Depois é importante acompanhar o que vai acontecendo, mas de forma sólida e adequada”, prevenindo que “Muitas das posições, bem ou mal-intencionadas, pretendem mudar a Igreja para a adaptar ao mundo. Ora isso é precisamente o inverso do que deviam, pois o propósito fundamental da Igreja é mudar o mundo”. Entra em esquizofrenia mística com o temor de que “Até se podem conseguir discípulos, mas não para o Evangelho do crucificado. Quando ouvimos defender que a Igreja deve alterar aquilo que recebeu do Senhor, sabemos que não vem por bem.”
JCN, que, sem hóstias, entraria em delírio, sabe que “num dos dramas mais debatidos, o acesso à comunhão sacramental por parte dos divorciados recasados, estão em causa, por um lado a suprema dignidade da eucaristia e a indissolubilidade do matrimónio, elementos incontornáveis da doutrina …”. Noutro tema recorrente das suas pretéritas homilias diz que “o tratamento eclesial da homossexualidade exige combinar o repúdio de «depravações graves…, actos… intrinsecamente desordenados… contrários à lei natural» (catecismo da Igreja Católica 2357) …”, sem “sinal de discriminação injusta… pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental” (idem 2358-2359).”, queixando-se de que “O mundo não o entende. Como considera o casamento perfeitamente solúvel e a homossexualidade uma prática recomendável, a dificuldade nem se lhe coloca.”
O beato JCN diz o que devem fazer os seus correligionários na fé: “agora devemos rezar com fervor pelos trabalhos e esperar, na paz do Senhor, as determinações do encontro.”, antes de, no fim, fazer “o que nos toca: seguir o Pastor”.
Amém.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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