Música é uma coisa contra o Allah!
Segundo leio, essa coisa da beatificação e/ou da canonização não é, afinal, tão complicada como parece. Tudo se resume a um fenómeno que a ciência não possa, não saiba ou não queira, explicar. De preferência, uma cura inexplicável (estão, automaticamente, dispensados os membros que cresçam a amputados. Isso não conta para o Totobola). Depois, é só atribuir o milagre a uma entidade, de preferência completamente morta e em estado defuntivo há anos, quantos mais melhor. Se houver trabalho de equipa, como é o caso em apreço, a coisificasção torna-se ainda mais fácil, como se compreenderá: sempre são dois mortos a obrar o mesmo milagre. Depois, tudo se resolve: o papa de turno consulta o patrão, e este nunca vai contra. Aliás, todos sabemos que a vontade de Deus é, sempre, coincidente com a vontade dos homens, papas ou não papas. Coincidências…
E pronto. Temos a papa feita para caírem mais uns tostões nos cofres da ICAR.
E ainda dizem que há quem saiba mais que o papa…
Pois não! Ai galileu!
Ministro da Defesa francês Jean-Yves Odrian visita o Papa Tawadros II de Alexandria na Catedral de S. Marcos em Abbasiya, para expressar condolências no seguimento da decapitação de 21 Coptas egípcios pelo Estado Islâmico na #Líbia
por LusaHoje
Tribunal de Granada considerou que a lei obriga a “declarar a prescrição dos crimes de abuso sexual sem penetração, exibicionismo e dissimulação de provas”.
Onze dos 12 acusados num caso de padres pedófilos em Espanha não podem ser processados devido à prescrição dos factos, de acordo com a decisão de um juiz divulgada hoje.
O magistrado de um tribunal de Granada, no sul de Espanha, considerou que de acordo com a lei devia “declarar a prescrição dos crimes de abuso sexual sem penetração, exibicionismo e dissimulação de provas” em relação a nove padres e dois laicos denunciados por um rapaz do coro de Granada.
Decidiu, por outro lado, manter o processo contra um padre por factos “que podem constituir crime de abuso sexual contínuo”.
O juiz Antonio Moreno Marin adianta que aqueles crimes têm prevista uma pena de quatro a 10 anos de prisão. A decisão, de 26 de janeiro, é passível de recurso.
Este caso de pedofilia foi conhecido em novembro e, tendo em conta o número de acusados, trata-se de o mais grave da Igreja espanhola.
Um luzido séquito, capitaneado pelo vice-PM e coordenador dos assuntos económicos e canónicos, assistiu anteontem no Vaticano à criação do único cardeal português dentro do prazo e que, sob o pretexto de haver em Lisboa um cardeal com direito a voto, manteve adiado o barrete cardinalício. Só agora, após o passamento do cardeal Policarpo, logrou aconchegar o cocuruto com o ambicionado adereço.
A tradição de criar cardeal o patriarca de Lisboa é um costume do rito romano da ICAR que vem do século XVIII, um estatuto conferido por inerência de funções numa diocese patriarcal. Que desta vez o Governo tenha mandado Paulo Portas, carregado com o casal Machete e o pio secretário de Estado da Cultura, em vez de um elefante com ouro, como fez D. João V, é sinal de penúria e da degradação zoológica da comitiva.
Surpreende que um país, com graves problemas financeiros, mantenha a embaixada do Vaticano, com a de Itália a poucas centenas de metros, num Estado onde, por falta de espaço, a representação diplomática está domiciliada fora.
Quanto à ida de Paulo Portas nada há a dizer. Salvo os colegas do Opus Dei, afligidos com cilícios e mais horas de genuflexão, poucos têm tantas missas no currículo e tanta devoção exibida.
O que surpreende num país laico, onde a Constituição obriga à separação da Igreja e do Estado, é o convite ao Papa para vir a Portugal no centenário das ‘aparições de Fátima’, como se o acesso à agência lhe fosse vedado, e como se o ministro tivesse competência para certificar a Cova da Iria como local de ‘aparições’, anjódromo ou laboratório para acrobacias solares.
O Sr. Duarte Pio descobriu que os cavalos de D. Nuno se ajoelhavam em Fátima quando as cabras não tinham ainda a guardá-las crianças com queda para a santidade. Agora é o imutável Paulo Portas que certifica a beatitude do local e as aparições que o Vaticano, para evitar o ridículo, prefere qualificar de ‘visões’.
Esta gente é mais dada à fé do que à realidade e às orações do que ao sentido de Estado.
Por
Exaltações migratórias sob o diáfano manto do patriotismo…
Os trágicos acontecimentos, de índole terrorista, que recentemente atingiram judeus no dramático ataque ao supermercado ‘kosher’, numa sinagoga da Dinamarca e mais recentemente na profanação de túmulos judaicos em França link, motivaram uma inusitada reacção do Governo de Israel que não deve ignorada ou desvalorizada.
Benjamin Netanyahu, chefe do governo israelita, a exemplo do que já tinha feito em Paris numa sinagoga, quando das imponentes manifestações públicas contra o terrorismo, volta a defender o regresso dos judeus europeus à ‘pátria’, ou seja, a Israel link. E, na passada, adverte que atentados como estes se repetirão.
Este último remoque mostra bem como começaram a surgir aproveitamentos políticos enviesados de um clima de suspeição, insegurança e medo a que a Europa sendo estranha é, no entanto, um dos alvos privilegiados.
Todavia, esta proposta de ‘novo Exodus’ não assenta em parâmetros realistas. Se existe local onde os judeus são vitimas de atentados é exactamente no Estado israelita onde perdura um arrastado conflito que continua sem solução à vista. Mais uma vez o presidente do Governo israelite agita espantalhos culturais históricos e religiosos em que misturam conceitos e actos como o judaísmo, o sionismo e o anti-semitismo. Existe aqui um velado regresso às teorias de Theodor Herlz onde a ‘pátria’ adquire a centralidade política e cultural. Este o âmago da doutrina sionista histórica que – como a realidade demonstra – não conduziu à Paz.
Já o anti-semitismo actual dificilmente se entronca na vergonhosa vaga europeia que atingiu o trágico auge durante o período nazi, com as abomináveis consequências ligadas ao holocausto. Hoje, o anti-semitismo cultivado essencialmente por diversificados sectores fundamentalistas islâmicos – é impossível ignorar esta realidade – tem outra génese e partilhou outros caminhos. Os mesmos que levaram – no pós II Guerra Mundial – a Europa a apoiar as reivindicações (sionistas) para obter a criação (artificial?) do Estado de Israel através da ocupação da Palestina o que originou um – aparentemente – insanável conflito.
As declarações de Benjamin Netanyahu não são um bom augúrio. Depois de alguma distanciação histórica elas vão de encontro aos desejos expressos por antigos dirigentes israelitas (p. exº: Ben Gurion e Golda Mier) no sentido de construir o denominado ‘Grande Israel’, que pressupunha o regresso da totalidade dos judeus à ‘terra prometida’ (por quem?).
Não é difícil adivinhar ao que conduziria, no contexto regional do Médio Oriente, o desenvolvimento de tal pretensão.
O pungente apelo de Netanyahu em favor de um novo “Exodus” dos judeus europeus em direcção a Israel, incitando a uma diáspora de sentido contrário, deve ser encarado como um acto incendiário em relação à perigosa e instável situação do Médio Oriente que, como tem sido repetidamente referido, será uma das causas remotas (não a única) do clima de insegurança que a Europa tem vindo a arcar.
E este será um momento em que os europeus – sejam judeus, cristãos ou muçulmanos – dispensam estes desbragados incendiários.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.