O Friorento
Para descontrair…
Albino e Albano eram primos. Mais que primos, eram amigos. Inseparáveis. Não vivia um sem o outro. Acontece que Albino era friorento. Muito friorento. Mesmo no Verão, andava encasacado, quando toda a gente andava em mangas de camisa.
Um dia, num inverno mais rigoroso, Albino morreu. De frio, naturalmente. E lá se foi.
Albano ficou, compreensivelmente, inconsolável. Entrou em depressão, deixou de se alimentar. Acabou por morrer, também.
Pois ainda o médico não tinha assinado a certidão de óbito, eis que Albano bate à porta do Céu. Atendido por S. Pedro, como não podia deixar de ser, perguntou pelo primo.
– Olha, meu filho, ele esteve cá, porque merecia. Mas era muito friorento, e dava-se mal. Estava sempre a queixar-se do frio. Ele mesmo pediu para ir para o Purgatório, para ver de lograva melhores condições de temperatura. Lá sempre é mais quentinho…
Sem mais, Albano desceu ao Purgatório. S. Gabriel, o arcanjo, dilucidou-o:
– Sim, realmente esteve cá, mas não aguentava o frio. Foi ele mesmo que pediu para ir para o Inferno, coisa que não merecia, mas que se há-de fazer? Lá , não lhe há-de faltar calor.- completou com ironia.
Albano fez como o outro, e desceu aos Infernos. Bateu à porta, e atendeu-o o Diabo em pessoa:
– Faxavor…?
– Vinha à procura do meu primo Albino, disseram-me que ele estaria aqui…
– Albino…? Assim pelo nome. não estou a ver…
Nesse momento, vinda algures de lá de dentro, ouviu-se uma voz:
– Eh pá, porra, fechem-me essa porta…!