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  • 28 de Novembro, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Humor

Resposta de Frei Bento à minha crónica pia

Por

Frei Bento

Caríssimo irmão em Cristo e estimado Carlos Esperança: noto, no seu artigo, extraordinários dotes de excelente plumitivo. Tal é inquestionável. Deploro, porém, a imensa ironia, a roçar o sarcasmo, imprópria de um ateu decente, tal é o conceito que faço do Carlos Esperança. Uma ironia própria de quem descrê, o que lamento, pois noto, em si, caro irmão em Cristo, uma cultura geral que era suposto levá-lo a acreditar em factos. Mas eu dou uma ajuda, já que estou, momentaneamente, sem grandes tarefas, visto o meu superior me ter, sem cacófato, proibido de exercer pastoral no hospital da Ordem. Algum filho da puta lhe disse que não havia doentes, e o meu superior perguntou-me “O que é que o irmão vai lá fazer?” A abadessa é que deve estar pior que estragada… Adiante.

Todo o seu maldosamente deturpado escrito assenta em dois vectores: o facto de Jesus não ter curado Lázaro, e o facto de ter sido necessário deslocar-se a Betânia para obrar. Obrar a ressurreição, naturalmente. Vamos por partes, irmão, que precisa de ver a Luz. Estávamos logo nos primórdios do calendário. Aliás, o actual calendário nem sequer existia, e as mulheres sabiam da aproximação do período menstrual pelas fases da lua. A tele-medicina, e é isto que importa, a tele-medicina ainda não tinha sido inventada. Claro que o irmão sabe disso, mas a má-fé tem destas coisas. Como queria que Jesus curasse um doente à distância? Àquela distância, ainda para mais, quando hoje, mesmo com os avanços da ciência, um médico não passa um récipe sem ver o doente? Pensa, o irmão Carlos, que Jesus era um embusteiro? Naturalmente, como a doença era galopante, só podia, Lázaro entrou na defunção antes de Jesus ter chegado. Claro que se fosse hoje, as coisas seriam diferentes, e o médico seria alvo de um inquérito, nem que fosse um mísero inquérito parlamentar, para não conduzir a lado nenhum. Mas note, caríssimo irmão: Jesus não era médico. Nem enfermeiro, sequer, como se prova pelo facto de nunca ter emigrado.

Acresce um outro pormenor: vamos supor, por hipótese meramente académica, que Jesus curava Lázaro à distância. Em teoria, podia fazê-lo, já que a Deus nada é impossível, embora Jesus ainda não fosse deus, pois só passou a sê-lo após o Concílio de Nicéia. Nessa hipótese, como é que se garantiria que a cura tinha sido feita por Jesus, e não por outro trapaceiro qualquer.

E pronto, parece estar claro que aquela frase, ali no meio «Então, este que deu a vista ao cego não podia também ter feito com que Lázaro não morresse»? não tem a mínima razão de existir, graças à minha explicação. E só não lhe chamo “erudita explicação”, porque a minha imensa humildade o impede.

Saúde e merda, que Deus não pode dar tudo

 

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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