OS CATÓLICOS “PRATICANTES”…E OS OUTROS…
Por
João Pedro Moura
Dentre as diversas modalidades religiosas praticadas, avulta a do catolicismo.
Esta modalidade, mais concretamente, esta doutrina religiosa, tem uma particularidade que, de resto, deve ser comum a outras: existência de “praticantes” e de ”não-praticantes”, todos eles, pelos vistos, católicos pela graça do seu deus…
Mas, o que é isso de “católico não-praticante”?
Um católico praticante é aquele que pratica… o catolicismo! Nem mais! Mas, então, se se diz católico, claro que tem de praticar o catolicismo!
Não! Nem sempre é claro! Aliás, geralmente é obscuro, pois que também há os “católicos não-praticantes”, quero dizer, os católicos que não praticam o catolicismo, isto é, portanto… que não são católicos!…
Oh, chiste! Oh, lógica sandia! Como, assim???!!!
A expressão “católico praticante” é um pleonasmo.
A expressão “católico não-praticante” é uma contradição antitética.
Se uma pessoa se assume através duma doutrina, é lógico que terá de praticá-la, sob pena de ser um adepto falso.
A expressão “católico praticante” é tão jocosa como dizer-se “futebolista praticante”, “advogado praticante” ou “médico praticante”. Obviamente, um futebolista é praticante de futebol; logicamente, um advogado é praticante de advocacia; irrecusavelmente, um médico é praticante de medicina; inegavelmente, um professor é praticante de docência…
Poderia lá haver um molibdomante não-praticante?! Aceitar-se-ia que houvesse um helicicultor que não praticasse a helicicultura?! Concebia-se outrora, entre os gregos, que houvesse um alectoromante que não praticasse a alectoromancia?! Irrefutavelmente que um mitilicultor é praticante de mitilicultura!…
Já para não falar dos hirudinicultores…
Mas eis que os católicos dão uma definição diferente da que se aceitaria corretamente. Dizem eles que um “católico praticante” é aquele que vai à missa! Nem menos!…
Infere-se, consecutivamente, que ser praticante de catolicismo é… ir à missa!
Examinemos bem esta definição daquela expressão cómica.
Uma pessoa tem a ideia de ir à missa. Vai. O que é que ela fez? Praticou a ideia de ir à missa, somente!
Ora, então, uma pessoa que não se considere católica e que, por um certo motivo, fosse a uma missa, tinha de ser considerada praticante de catolicismo! “Católica praticante”, portanto!…
Se uma pessoa vai a uma missa e fica ali, passiva, ouvindo e vendo a celebração ritual e rotineira, não está a praticar nada! De resto, o que ela praticou foi a ideia de ir à missa, que é uma coisa diferente de se ir a uma missa e praticar lá alguns preceitos rituais. Há pessoas, sobretudo homens, que vão a uma missa e ficam lá atrás, de pé, a observar, sem fazerem mais nada. Que é que eles estão a praticar?!…
Acresce que, a missa não pode ser identificada, sinonimamente, com o catolicismo. Aquela é, apenas, uma parte deste. Quem vai à missa e toma parte na comunhão e noutras práticas, está simplesmente a praticar uma parte do catolicismo. Sendo assim, só poderá intitular-se católico se assumir e praticar todo o preceituário que essa doutrina dogmática oficialmente instituiu, mas que nunca costuma ser definido nem pelos mais exímios praticantes dessa modalidade…
Afinal, o que é o catolicismo? O que é ser católico?
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
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- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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