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Mês: Outubro 2014

6 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

“EM VERDADE VOS DIGO”

Crónica Ateísta de Onofre Varela (1/5)

Eu, ateu me confesso

É vulgar os jornais inserirem uma coluna onde a Igreja Católica verte a sua opinião pela pena de um sacerdote. Menos vulgar, ou inexistente, será o mesmo jornal dedicar espaço idêntico a outras confissões religiosas ou a um ateu. Já propus à imprensa de difusão nacional uma coluna ateísta, sem ter merecido resposta! A Gazeta está de parabéns por aceitar publicar a minha opinião.

Constato, por observação avisada, que os ateus ainda são vistos, por uma larga franja da população, como pessoas de mau comportamento cívico e péssima moral… o que é falso!… É um preconceito cimentado por atitudes religiosas fundamentalistas, na convicção, sem sentido e mentirosa, de o bem, estar com os crentes, e de o mal ser
característica dos incréus! Esta ideia tem sido alimentada por tradições religiosas que não estão livres de reparos, e todos nós conhecemos religiosos que se comportam conforme o ditado popular que diz: “Com Deus na boca e o Diabo no coração”… o que contraria a apregoada bondade religiosa.

Neste tempo de quase adoração pelo futebol, permitam-me que faça esta comparação (se calhar, rafeira!…): o ateu e o religioso são como adeptos de clubes de cores diferentes, em que cada um enaltece a equipa da sua devoção, diminuindo a do outro… mas, no fundo, ambos são pessoas iguais. Têm os mesmos sentimentos de alegria e de dor, compartilham os mesmos problemas sociais e familiares, e ambicionam o mesmo: serem felizes e respeitados na sua dignidade. A cor que defendem no relvado é apenas uma cor… nada mais que isso!… É no respeito pelo colega da outra equipa da disputa que está a atitude racional que distingue o Homem de qualquer outro animal.

Confraternizar com a equipa contrária, que nos venceu ou foi vencida, é a atitude inteligente e fraterna que deve nortear todos os adeptos de clubes desportivos, de partidos políticos e de credos religiosos… sem, contudo, deixarem de expressar a sua opinião contrária à do outro, pelo respeito devido a si próprios, e na convicção de estarem mais próximos da verdade.

É o que me proponho fazer aqui, defendendo os meus pontos de vista de ateu.

(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico)

5 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Viva a República

cinco_de_outubro

A Revolução de 1820, o 5 de Outubro de 1910 e o 25 de Abril são os marcos históricos da liberdade, em Portugal. Foram momentos que nos redimiram da monarquia absoluta e da dinastia de Bragança; são as datas que honram e dão alento para encarar o futuro e fazer acreditar na determinação e patriotismo dos portugueses.

Comemorar a República é prestar homenagem aos cidadãos que não quiseram mais ser vassalos. O 5 de Outubro de 1910 não se limitou a mudar de regime, trouxe um ideário libertador que as forças conservadoras tudo fizeram para boicotar.

Com a monarquia caíram os privilégios da nobreza, o imenso poderio da Igreja católica e os títulos nobiliárquicos. Ao poder hereditário e vitalício sucedeu o escrutínio do voto; aos registos paroquiais do batismo, o Registo Civil obrigatório; ao direito divino, a vontade popular; à indissolubilidade do matrimónio, o direito ao divórcio; à conivência entre o trono e o altar, a separação da Igreja e do Estado.

Há 104 anos, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, foi proclamada a República, aclamada pelo povo e vivida com júbilo por milhares de cidadãos. É essa data gloriosa que hoje se evoca no Diário de uns Ateus, prestando homenagem aos seus heróis.

Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa, João Chagas e António José de Almeida, além de Miguel Bombarda, foram alguns desses heróis que prepararam e fizeram a Revolução.

Afonso Costa, uma figura maior da nossa história, honrado e ilustríssimo republicano, mereceu sempre o ódio de estimação das forças mais reacionárias e o vilipêndio da ditadura salazarista. Para ele vai a homenagem de quem ama e preza os que serviram honradamente a República.

Há quem hoje vire costas à República que lhe permitiu o poder, quem despreze os heróis a quem deve as honrarias e esqueça a homenagem que deve. Há quem se remeta ao silêncio para calar um viva à República e se esconda com vergonha da ingratidão

Não esperaram honras nem benefícios os heróis do 5 de Outubro. Não se governaram os republicanos. Foram exemplo da ética por que lutaram. Morreram pobres e dignos.

Glória aos heróis do 5 de Outubro.

Viva a República!

4 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Cristo nunca existiu

JESUS CRISTO NUNCA EXISTIU

Enviado por

João Pedro Moura

Religião Investigador conclui que Jesus nunca existiu

O título é já por si polémico, dado o número de crentes, espalhados pelo mundo que professam a fé cristã. Porém, a declaração não é nossa. É de Michael Paulkovich, um historiador que analisou 126 textos históricos sem encontrar qualquer menção a Jesus Cristo e que, por isso, concluiu que o ‘filho de Deus’ é apenas uma figura mítica, escreve o Daily Mail.

Michael Paulkovich é historiador e investigador. O seu mais recente trabalho consistiu na análise de 126 textos históricos, concluindo que, por não ter encontrado qualquer menção à figura de Jesus Cristo, este deverá tratar-se de uma figura mítica. Ou seja, Jesus poderá nunca ter existido.

As obras que mereceram a análise do investigador não tinha qualquer menção ao nome de Jesus e além deste facto não havia qualquer referência à figura de um messias, nos textos analisados.

Este facto causou espanto a Michael, sobretudo porque os milagres e a fama de Cristo deviam fazê-lo figurar nas obras do seu tempo.

O historiador defende, deste modo, que Jesus de Nazaré é uma criação dos seguidores do cristianismo para terem por base uma figura para ser adorada. Os testemunhos recolhidos por Paulkovich estão compilados num livro com o título “No Meek Messiah”.

 

jesus

3 de Outubro, 2014 Luís Grave Rodrigues

Teologia

3 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

O problema das religiões

O problema das religiões não reside nas mentiras que espalham ou na liturgia que praticam, o problema insolúvel, a tragédia da sua existência, está na fanatização que conduz os crentes à ação.

Não vem nenhum mal ao mundo que um católico acredite na virgindade de Maria ou no voo que o seu filho fez para o Paraíso, a desgraça está nos meios que usa para convencer os outros e anatematizar os que desprezam a fé.

Que os muçulmanos detestem a carne de porco, como eu abomino cebola crua, não traz qualquer problema à humanidade, mas quando o opúsculo terrorista os convence de que devem matar os infiéis, isso já é um problema grave e um crime imperdoável.

Os judeus das trancinhas podem descansar ao Sábado e pensarem o que entenderem do Messias que aguardam, mas a gravidade do que pensam reside no sionismo.

A fé não passaria de uma treta inofensiva se os crentes não se achassem na obrigação de convencer os incréus, de perseguir a concorrência e intoxicar as crianças com as suas crenças.

Deus podia ter sido uma criação interessante, como as deusas gregas ou as sereias, mas tornou-se num detonador do ódio e está na origem de guerras e interditos.

2 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

A «Bula Ineffabilis Deus»

Cumprindo uma obra de misericórdia «ensinar os ignorantes», deixo aqui no Diário de uns Ateus, para consumo dos devotos, uma oportuna referência à Bula de Pio IX que, em 8 de Dezembro de 1854, declarou solenemente, fazendo apelo à autoridade suprema do seu magistério, a definição dogmática da Imaculada Conceição,:

«A doutrina segundo a qual a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante da sua conceição, foi por especial privilégio de Deus Omnipotente, com vista aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, preservada imune de toda a mácula do pecado original, é revelada por Deus e deve por isso ser acreditada por todos os fiéis, firmemente e com constância». (Bula Ineffabilis Deus — 08-12-1854).

Depois disto cessaram as discussões ginecológicas sobre a Virgem Maria.

1 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

1 de outubro – efeméride

1936 – «Por la Gracia de Dios», eufemismo que cunhou a cumplicidade papal e do clero espanhol, o líder da revolta antidemocrática, Francisco Franco, foi nomeado chefe de Estado. Com a ajuda da Alemanha nazi, do fascismo italiano de Mussolini e do obsoleto ditador português, Salazar, viria a ser o caudilho vitalício de Espanha e um dos maiores genocidas do século XX.

1 de Outubro, 2014 Ludwig Krippahl

Treta da semana (passada): a careca é uma cor de cabelo.

A crítica de Rui Ramos ao ateísmo de Stephen Hawking segue a fórmula do costume. Primeiro, se Hawking «acredita que Deus não existe» então, tal como o crente em Deus, tem «fé, embora diversa – a fé na inexistência de Deus.» Depois, que chegou à sua conclusão da mesma forma que o crente: «A questão é determinar de que modo, entre a fé em Deus e a fé na inexistência de Deus, Hawking passa de uma margem para a outra. A sua ponte não é o cepticismo, mas a ciência, ou melhor, uma variante muito especial da experiência científica, que funciona de facto como o equivalente laico da fé religiosa.» Finalmente, que a atitude de Hawking para com a ciência é igual à de qualquer crente. «Hawking sente pela ciência a devoção que qualquer beato dispensa ao seu todo-poderoso ídolo»(1).

Esta forma de criticar o ateísmo sempre me pareceu estranha pela admissão implícita de que a crença em Deus é estapafúrdia. Não é que discorde. Concordo inteiramente que é um disparate formar crenças acerca da realidade por meio da fé e da devoção beata. Mas é estranho julgarem que a falta de fundamento epistémico da crença religiosa é um bom argumento contra o ateísmo. No entanto, mais interessante é perceber porque é que as alegações de Ramos são falsas.

A fé não é o mesmo que a crença. Acreditar é simplesmente aceitar uma proposição como verdadeira enquanto que a fé é um compromisso pessoal de fidelidade e perseverança para com certas ideias (2). É perfeitamente possível acreditar sem fé. Eu acredito que Deus não existe da mesma forma como acredito que a Terra se formou há 4.5 mil milhões de anos, sem sentir qualquer dever de fidelidade para com estas proposições. E é também possível ter fé sem ter crença se a fidelidade a uma ideia não bastar para que se consiga acreditar. A confusão de Ramos entre fé e crença atropela a diferença entre a devoção do crente aos princípios da sua religião e a forma descomprometida como todos regularmente adoptamos e descartamos crenças conforme julgamos conveniente.

O contexto destas crenças também é diferente. A ciência procura a melhor explicação para os dados de que se dispõe. É verdade que isto só resulta se houver dados suficientes e, por isso, a ciência só começou a ter sucesso nos últimos séculos; sem saber nada sobre decaimento radioactivo, a erosão ou a formação do sistema solar não havia razões para acreditar que a Terra tinha 4.5 mil milhões de anos em vez de só dez mil. Mas, com o que sabemos agora, a melhor explicação fica tão entalada na estrutura interligada de observações e outras explicações que, a menos de uma pequena margem de erro, só o valor de 4.5 mil milhões de anos pode ser aceite.

A crença de que um deus inteligente e bondoso criou a Terra por milagre não sofre destas restrições. Em geral, os preceitos de cada religião são arbitrários e podiam ser qualquer coisa. Se criou tudo por milagre, tanto podia ter criado o universo há treze mil milhões de anos como podia ter criado tudo há dez mil anos em sete dias ou em sete minutos na sexta-feira passada. Milagre por milagre, também podia ter criado os fósseis, os vestígios de erosão e até as memórias que cada um de nós tem. Sem qualquer suporte empírico, só a fé leva o crente a decidir que a sua crença é mais acertada do que as dos outros.

O processo também é muito diferente. A ciência não é um «equivalente laico da fé religiosa». A ciência progride explorando e testando alternativas. É este processo de rejeitar o que se revela incorrecto que vai apertando o cerco às explicações admissíveis, deixando cada vez menos elementos arbitrários. Nas religiões, o primeiro passo consiste em afirmar algo como Verdade. E pronto. O resto é teólogos a inventar desculpas para as inconsistências e arbitrariedade da escolha inicial (3). É verdade, como menciona Ramos, que houve «séculos de meditação e de debate» acerca de Deus e outros deuses. Mas o debate e a meditação são inúteis se não se está disposto a descartar as hipóteses erradas.

Hoje é evidente que os deuses são mera ficção porque qualquer coisa que se tente explicar invocando um deus explica-se melhor rejeitando esse deus como fantasia, desde a formação das galáxias e a origem das espécies à existência do mal e a diversidade das religiões. Também não é a «pobreza da […] concepção de Deus» que faz diferença porque, por muito “rica” que seja, é uma concepção arbitrária, infundada e inútil para explicar seja para o que for. A ciência eliminou os deuses de todas as explicações para o universo que nos rodeia. Sobraram apenas as alegações que os crentes mantêm por fé. Mas, antes de nos metermos pela metafísica da existência dos deuses na premissa de que estas alegações correspondem à realidade, devemos primeiro determinar se é preciso deuses para explicar a fé dos crentes. Também aqui a ciência responde pela negativa. Há evidências claras de que é muito fácil aos seres humanos agarrarem-se a superstições e que a intensidade desse apego não é indicador fiável da verdade das crenças.

Não é preciso idolatrar a ciência para perceber que a fé não serve para compreender a realidade. É precisamente isso que Ramos argumenta contra Hawking, errando apenas por presumir que a posição de Hawking deriva da fé. Mas não é preciso fé para concluir que os deuses são tão fictícios quanto os unicórnios, os fantasmas e os dragões. Basta fazer o puzzle com as peças que encaixam.

1- Rui Ramos, O deus de Stephen Hawking
2- Catholic Encyclopedia, Faith.
3- A propósito disto, recomendo esta palestra de David Deutsch na TED: A new way to explain explanation

Em simultâneo no Que Treta!

1 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

A homofobia pia

Os homossexuais católicos vão pedir ao Vaticano uma “mudança urgente” de atitude que promova o seu acolhimento e integração nas comunidades e paróquias, disse à agência Lusa José Leote, da associação Rumos Novo – Homossexuais Católicos.

A propósito do I Congresso Mundial das Associações Homossexuais Católicas, que decorre no próximo fim de semana em Portimão, José Leote defendeu, em declarações à agência Lusa, “a necessidade urgente de uma mudança de atitude por parte da hierarquia católica no sentido de que haja um verdadeiro acolhimento […] que passe pela integração [dos homossexuais] nas suas comunidades paroquiais”. Este será um dos pontos principais de um documento será elaborado no congresso.

http://www.dnoticias.pt/actualidade/pais/472186-homossexuais-catolicos-pedem-ao-vaticano-integracao-nas-paroquias