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  • 21 de Outubro, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

DA INCOGNOSCIBILIDADE… DOS TEÍSTAS (1 de 3)

 

DA INCOGNOSCIBILIDADE… DOS TEÍSTAS (1 de 3)

Por

João Pedro Moura

PRIMEIRA TESE TEÍSTA – Deus é o princípio do Universo, omnipotente, omnisciente e omnipresente, criador, governador e justiceiro.

Segundo os crédulos religionários, deus é uma entidade absoluta, que pode tudo, que sabe tudo, que em tudo está presente, que criou tudo, que governa o mundo, agindo como entender, dando liberdade ou tirando-a, ora provocando benesses ora malefícios, ora fazendo milagres ora deixando estar e decorrer, tudo culminando, futuramente, no Dia do Juízo Final, em que todos os mortos serão ressuscitados, mesmo os que viveram antes do judaísmo e do cristianismo, ou que nada percebem disso, e serão julgados, numa espécie de supremo tribunal de justiça, em versão única e definitiva.
Será a maior concentração de gente na História, ainda por cima de vivos e mortos, numa espécie de versão aumentada e revista da grotesca série norte-americana Walking Dead, onde vivos e “zombies” pululam em ficção brutesca e bélica…

Nesse dia mundial da jurisprudência divinal, os bons irão para o paraíso; os maus para o inferno…
Isto é, os bons não terão mais que trabalhar, pois terão tudo o que necessitam para viver, sem terem que ganhar dinheiro. Enfim, ou não precisarão de comer e beber nem de andar para lado nenhum, ou, precisando, o seu deus facultar-lhes-á tudo o que quiserem, desde voar para onde quiserem ou teletransportarem-se instantaneamente, ou adquirirem carros e outras viaturas à descrição, sem fazerem nenhum esforço.
É só pedirem a deus…
…Aliás, eu acho que nem é preciso pedir, pois esse deus, dizem os crédulos, é omnisciente, e então oferecerá tudo a cada um, conforme os seus gostos, que deus já conhece…
Os maus, isto é, os ateus, os indiferentes, os agnósticos e os fieis doutras religiões e igrejas, que não atinaram nem creram na via reta dos “caminhos do Senhor”, serão lançados no inferno, onde serão consumidos, em modo eterno, pelo fogo divino, que, parece, que não os matará, mas torturá-los-á para sempre, num indizível sofrimento, pelos facinorosos crimes de não terem crido no “Senhor” salvador …

Pois, isso é tudo muito lindo (ou feio…), se deus existisse e se os religionários demonstrassem a existência do mesmo…
…Mas não demonstram…

PRIMEIRA ANTÍTESE ATEÍSTA – Deus não existe! Porque os religionários não conseguem provar a sua existência.

Mas replicam os teístas, no seu jogo de meras palavras, destituídas de argumento fundamentado: os ateus também não conseguem provar que deus não existe!

Em primeiro lugar, compete a quem começou a afirmar algo, justificar a existência desse algo. O ónus da prova está naqueles que sustentam a existência de deus, pois os ateus nem sonhariam em negar algo que não foi, previamente, afirmado.

Em segundo lugar, não é possível provar a inexistência de deus, através de estudo e investigação científicos, quer em observações astronómicas e macroscópicas, quer em exame microscópico, pela simples razão de que não há nada para investigar nesse âmbito.
Os cientistas nem saberiam o que é que haveriam de fazer!
Espera-se, há muitos anos, que os crédulos teístas provem a existência de deus…
… E que até o diferenciem dos deuses greco-romanos e outros mais antigos, cujo prazo de validade já terminou há muito tempo…

Foi o ateu francês, Sébastien Faure (1858-1942), um dos autores mais desconhecidos e mais extraordinários que apareceu na História, o primeiro a apresentar, em 1908, um conjunto demolidor e devastador de argumentos contra o deus dos crédulos: 12 PROVAS DA INEXISTÊNCIA DE DEUS.

Faure, como que pega nas “5 Vias”, isto é, as “5 provas da existência de deus”, na Suma Teológica, de Tomás de Aquino, o maior filósofo medieval cristão e um dos maiores de sempre, e destroça-as com argumentos perfeitamente demolidores, que não deixam pedra sobre pedra do frágil edifício teórico do fideísmo cristão, mas que também dão para qualquer religião…

Faure avisa que não há nem podia haver demonstração científica de qualquer inexistência, por mais que se observasse o céu ou se pesquisasse o que quer que seja.

Ele afirma, e muito bem, que a negação de deus só pode ser feita através dos argumentos dos crentes, que sustentam os deuses das religiões.
É através da falta de fundamentação dos religionários e da sua argumentação desconexa, que se destroi o seu conceito de deus.

 

Perfil de Autor

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- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

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- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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