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Mês: Setembro 2014

11 de Setembro, 2014 Carlos Esperança

Efemérides_ 11 de setembro

1973 – O presidente do Chile, Salvador Allende, eleito democraticamente, foi derrubado por um general católico, Augusto Pinochet, apoiado pela CIA. Tornou-se o paradigma do torcionário, ladrão e fascista que levou o terror ao seu país. com o apoio da Igreja católica. João Paulo II viria a ser o seu grande amigo.

2001 – O ataque aos EUA, perpetrado pelo terrorismo, destruiu as torres emblemáticas do World Trade Center, em Nova York, provocando uma carnificina de quase três mil pessoas. Começou aí a exibição da demência do fascismo islâmico que se tornou a imagem de uma religião que simboliza a decadência de uma civilização falhada.

10 de Setembro, 2014 Carlos Esperança

A solidão e a fé

A solidão é o cimento que cola o abandonado à fé, torna o proscrito crente, faz beata a pessoa e transforma um cidadão num devoto.

A religião é o colchão que serve de cama ao solitário, o mito que se entranha nos poros do desespero, o embuste a que se agarra o náufrago. É o vácuo a preencher o vazio, o nada que se acrescenta ao zero.

O padre está para a família como o álcool para o corpo. Primeiro estranha-se, depois entranha-se e finalmente domina.

A religião é um cancro que se desenrola dentro das pessoas e morre com elas. Também metastiza e atinge órgãos vitais. Mas é dos joelhos que se serve, esfolando-os, da coluna vertebral, dobrando-a, e do cérebro, atrofiando-o.

A religião busca o sofrimento e condena o prazer. Preza o mito e esquece a realidade.

Um crente faz o bem por interesse e o mal por obrigação. É generoso para agradar a Deus e perverso para o acalmar. Dá esmola para contentar o divino e abate um inimigo para ganhar o Paraíso.

A religião vive da tradição, do medo e da morte. Começa por ser uma doença infecto-contagiosa que se apanha na infância, transmitida pelos pais, através do batismo. O lactente é levado ao primeiro rito mais depressa do que às vacinas.

Depois, o medo, o medo da discriminação na escola, no emprego e na sociedade, leva a criança à catequese, à confirmação, eucaristia e penitência. De sacramento em sacramento, missa após missa, hóstia a hóstia, com orações à mistura e medo do Inferno, transforma-se um cidadão em marionete nas mãos do clero.

Na cúpula temos o Vaticano, um antro de perversão a viver à custa dos boatos sobre o filho de um carpinteiro de Nazaré e os milagres obrados por cadáveres de católicos, de virtude duvidosa, à custa de pesados emolumentos.

O seu negócio é a morte que explora em ossos ressequidos pelo tempo, caveiras, tíbias e maxilares, pedaços de pele e extremidades de membros, numa orgia de horror e delírio.

É assim que a tradição, o medo e a morte continuam a encher os cofres do último Estado totalitário da Europa, que governa pelo medo e se mantém pela chantagem.

Esperemos que o atual PDG seja menos tenebroso do que os dois antecessores.

 

9 de Setembro, 2014 Carlos Esperança

O cabalístico sinal da cruz

Por

Paulo Franco

Na cultura cristã, a palavra “persignar” significa basicamente fazer o sinal da cruz. Este gesto, antigamente,  era habitualmente articulado apenas nos templos sagrados ou em momentos íntimos de reflexão teológica.

Mas o mundo também é feito de influências. Com a exportação de milhares de jogadores brasileiros de futebol  pelo mundo inteiro, e particularmente para a Europa, começamos a ver o gesto de persignar com uma frequência  que parece, a quem não é crente, banalizar um gesto que deveria querer-se, no mínimo, tornar especial ou até sagrado.

Cada vez que um jogador marca um golo, ou cada vez que um guarda-redes defende uma bola difícil lá veem os festejos seguidos do ato de persignação, agradecendo a Deus aquela bênção de o ter beneficiado em detrimento do adversário.

Para isto ter algum sentido, teria Deus de tomar o partido de uns para prejudicar os outros. Ora se fôssemos todos filhos de Deus, o mínimo que deveríamos querer era que Deus fosse imparcial.

Além do mais, se o objetivo da religião é que sejamos mais solidários com os outros e menos egoístas/narcisistas/egocêntricos, nunca deveria fazer sentido achar que Deus nos pudesse favorecer  tendo obrigatoriamente de prejudicar quem está a competir contra nós.

Há dias, vi uma notícia de uma senhora que se vangloriava de ter sido favorecida com um milagre de Deus pois tinha sobrevivido a um acidente onde tinham falecido 7 pessoas. Sendo legitima a sua alegria de não ter morrido, como os outros, poderia ao menos ter o bom senso de reconhecer que não foi milagre mas sim uma grande sorte.

Porque se Deus tivesse sido bom para ela, teria de ter sido muito mau para os que faleceram.

Ninguém consegue fugir às suas especificas circunstâncias de existência sem se deixar influenciar por elas. E em paralelo  a esta realidade inexorável está  a psicologia subjacente à natureza da crença no sobrenatural. É simples de compreender  que a palavra “religião” está direta e intimamente ligada à nossa natureza egocêntrica. O nosso cérebro beneficia de milhões de anos de evolução sempre à procura de refinar a sua capacidade de nos iludir de que somos especiais, de que somos os eleitos de uma qualquer entidade divina, que nos beneficia em detrimento dos outros.

As teorias de há séculos, como a geocêntrica, a heliocêntrica ou a antropocêntrica, que colocava a Terra, o sol e o Homem no centro do universo, são excelentes demonstrações da nossa natureza egocêntrica ancestral.

A necessidade de religião é o paradigma mais fiel da nossa necessidade de afagar o ego, sem esquecer que o medo da morte nos aterroriza de tal modo que criamos todo tipo de defesas psicológicas para minorar o nosso sofrimento.

Só que esta nossa capacidade de nos iludir, que evidentemente nos ajudou a chegar até aqui, afasta-nos da mais nobre, edificante e complexa atividade humana: conhecermo-nos a nós próprios.

 

Paulo Franco.

8 de Setembro, 2014 Carlos Esperança

Bruxaria, exorcismos e chalados perigosos

No catolicismo vão longe os tempos em que as bruxas eram cotejadas com uma bíblia gigante e que, dada a insustentável leveza, um peso menor era o diagnóstico diferencial que provava a sua qualidade.

Santos doutores e papas, que não eram ainda infalíveis, acreditavam na sua existência e na incineração como terapia inquisitorial. Mulheres magras, por fome ou constituição, acabaram no churrasco pio por serem mais leves do que a bíblia que servia de bitola. A bruxaria era apanágio feminino que alimentava fogueiras e medos coletivos.

Aproveitavam a calada da noite para os conciliábulos e a vassoura para transporte até às encruzilhadas dos caminhos onde afluíam fantasmas e se rogavam pragas. Era aí que a tradição judaico-cristã domiciliava a origem das desgraças que semeavam o pânico na população e a loucura nos inquisidores.

Faleceram há muito Jaime I e Inocêncio VIII. O rei inglês mandava pagar prémios, em dinheiro, a delatores de suspeitos de bruxaria e o papa mandava inquisidores a descobrir e eliminar bruxas, incumbência que desempenhavam com denodo.

Dessa época só restam demónios, mais para manter postos de trabalho aos exorcistas do que por convicção. O padre Gabriel Amorth, exorcista oficial do Vaticano, desde 1986, obteve do papa Francisco o reconhecimento da Associação Internacional de Exorcistas, com profissionais calejados em pelejas contra o demo. Com 89 anos ainda exerce.

Agora é o Estado Islâmico, com predileção por decapitações, que se dedica a eliminar pessoas por serem «infiéis, ateus e praticarem bruxaria». Em Mossul, norte do Iraque, decapitaram em público, numa praça central, sete pessoas acusadas dos 3 crimes.

O cronista desta página, irrevogavelmente infiel e ateu, só não se dedica à bruxaria, e se não for torturado, altura em que atestará a bondade dos cinco pilares desses chalados.

Como detesto ser decapitado, execro o furor pio de que esses dementes estão possessos, aceitando, neste caso, que qualquer país os exorcize. É urgente e um ato de clemência.

7 de Setembro, 2014 Carlos Esperança

Durante o trabalho

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Profissionais fardadas em plena atividade laboral.

7 de Setembro, 2014 Carlos Esperança

PROPONHO A AMPUTAÇÃO DO DEDO MÍNIMO…

Por

João Pedro Moura

O ensaísta francês Roger Caillois (1913-1978) publicou, em 1939, a obra “O Homem e o Sagrado”, editada há uma trintena de anos em Portugal pelas Edições 70.

Nessa obra antropológica, o autor, entre outras coisas, procurou discernir a correlação entre as súplicas à divindade, nas diversas religiões passadas e presentes, e o sacrifício que as pessoas entendiam e entendem fazer para obterem uma benesse divina ou aplacarem a “ira” dos deuses, quando as pessoas prevaricavam…

O esquema, basicamente, é simples: se uma benesse divina é uma coisa colossal e extraordinária, o “pagamento” da mesma deve ser efetuado com um esforço e sofrimento proporcionais…

O assunto tem a sua complexidade e não se esgota em explicações simples…

Refiro a obra de Caillois, apenas, para quem quiser aprofundar estudos sobre antropologia religiosa, psicologia de massas, etc.

Serve esta introdução para tratar da questão do sacrifício dos peregrinos fatimistas: marcham 100, 200 kms, rastejam centenas de metros, marcham de joelhos na mesma distância… etc.

É sempre a mesma coisa, ano após ano, desde 1917…

…Para só referir Fátima…

Mas essa gente casmurra e mentecapta não sabe praticar outros sacrifícios???!!!…

A que propósito entendem que a chamada “Nossa Senhora de Fátima” se compraz em observar tais comportamentos???!!!…

Pronto, querem fazer sacrifícios para agradecer à “Virgem Santíssima”?! Seja!

Por exemplo:

Que tal regressarem à escola para tentarem fazer, pelo menos, o 9º ano ou o 12º???!!!…

Seria um belíssimo sacrifício ver esse povo na escola, alguns mal sabendo ler, retomarem os estudos onde os deixaram, quando tiveram que ir trabalhar, ou porque os pais os obrigaram, ou porque desistiram por inépcia…

E quem diz o ensino básico… diz o superior…!…

Era ver o povo dos sacrifícios a caminho da escola, nos cursos noturnos, depois de um dia de trabalho extenuante, a esforçarem-se estrenuamente para assimilarem aquelas matérias de Ciências Naturais e de Físico-Químicas, de História, de Línguas Estrangeiras, de Geografia e demais disciplinas do cardápio escolar…

Era ver o sr. António debruçado sobre as leis da termodinâmica, a dona Augusta, com olhar grave, observando a eletrólise da água, o Marcolino, circunspeto, a estudar a Reforma Protestante, do séc. XVI, a dona Ermelinda conjugando o verbo “to be” e a senhora Maximiana ouvindo, radiante, o prof. de Geografia a descrever aspetos essenciais da economia agrícola de Portugal: ouvir falar das boas terras de Cebolais de Cima, Freixo de Espada à Cinta, Alguidais de Bota-Arriba, Lentiscais de Cacamijo e Cabeçais de Metralhadora à Coxa…

Enfim, isso é que seriam grandes sacrifícios, com uma grande vantagem: o povo ia aprendendo, ia raciocinando, ia acumulando saber, para o futuro e para o melhor desempenho profissional…

Mas, por que é que o povo não se lembra destes sacrifícios???!!!…

Enfim, admitamos que o povo religionário não se virará para a ciência… e recalcitrará no sacrifício puramente físico…

Mas então, proponho que, para não irem todos os anos a Fátima, como alguns fazem, em renovação de promessas, deveriam arranjar um sacrifício que fosse permanente, uma espécie de estigma ostentatório, que servisse de agradecimento e pagamento “ad eternum”…

…Proponho a amputação dum dedo mínimo! Nem mais!

Vejam a máfia japonesa – a Yakuza! Eles cortam, pelo menos, um dos dedos mínimos, como ritual de lealdade e de sacrifício! Aquilo é que é um caso sério e radical de devoção à causa!…

Comparados com a Yakuza, os peregrinos pedestres portugueses e outros mais parecem ovelhas perambulando pelos campos, cansadas e conformistas…

A amputação digital, não! É radical! É irreversível! Exprime um sacrifício e uma dedicação perpétuas! Mesmo que haja defeções, fica o estigma permanente!…

Agora, a nossa mansuetude ovelhum!…

Por isso, entendo que os mais dedicados à causa das promessas e seus pagamentos, sacrifícios e peregrinações anuais, deverão refletir sobre as vantagens da amputação digital e sua correlação com a benesse divina…

YakuzaYakuza 2