31 de Agosto, 2014 Carlos Esperança
O Estado Islâmico e o pavor
Quando os celerados cruzados invadiram o Iraque, para abater um ditador laico, nunca pensaram que a mentira, que lhes serviu de pretexto, traria consequências tão trágicas.
A inteligência de Bush, o maquiavelismo de Blair, a piedade de Aznar e o oportunismo de Barroso levaram a mais trágica sementeira do ódio ao mais fértil terreno da vingança, produzindo a crueldade e o pavor para cuja colheita se oferecem europeus e americanos, caucasianos e cristãos islamizados, numa alucinante sedução assassina.
Depois da destruição do país e da desarticulação das forças que o aglutinavam, persistir na ocupação era agravar o desastre e sair, era apressar a tragédia. Derrubaram a ditadura laica, apoiada por sunitas, que oprimia os xiitas, para criar um estado teocrático onde os xiitas não prescindiram de oprimir todos e, em particular, os sunitas, até que se criaram os sunitas de laboratório, apostados em criarem um sangrento califado.
A lei de Murphy cumpriu-se. Tudo o que podia correr mal, correu efetivamente mal e da pior maneira, sem solução à vista. O pavor, em doses obscenas, com metódica firmeza e insensibilidade de robots, tolhe as democracias e a neutraliza quem devia pará-los.