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Mês: Julho 2014

12 de Julho, 2014 Carlos Esperança

O Islão vai de mal a pior

O islão entrou em declínio após a última grande potência islâmica – o Império Otomano – se desmoronar, e atingiu o seu ponto mais baixo no primeiro quartel do séc. XX com a colonização, pelo Ocidente, de grande parte do mundo árabe.

O Iraque vive a deceção da pobreza e subdesenvolvimento, apesar dos amplos recursos energéticos, provocada pela invasão dos novos Cruzados e, agora, pela violência sunita de um alegado califa, que agravou o medo, a miséria e a fé.

A tortura usada por forças da coligação que invadiram o Iraque em 20 de março de 2003 era a nódoa que faltava à alegada superioridade moral da civilização de que se reclamavam.

Na Turquia, o laicismo imposto por Ataturk, sobre os escombros do Império Otomano, está em vias de ruir sob a égide do futuro presidente Erdogan, ingenuamente apelidado de muçulmano moderado.

Os clérigos, em vez de modernizarem o Islão, islamizam a modernidade num perpétuo retorno ao obscurantismo. Onde o islão comanda a vida morre-se sob ditadura militar ou sob a violência de Alá.

O imperecível problema da Palestina é mais uma acha na fogueira do ódio que consome o Médio Oriente. Os sionistas procuram agravar a situação. Fazem mal tudo aquilo de que são capazes e da pior forma. Por sua vez, o Hamas, independentemente da razão que lhe asiste, exonera a inteligência da fé que o move, procura o martírio e só não mata mais porque não pode.

O mundo muçulmano é um barril de pólvora que explode continuamente, em demente proselitismo e suicídio assassino. O caso mais paradigmático é talvez o iraquiano. Ali,
derrubou-se uma ditadura laica, apoiada por sunitas, que oprimia os xiitas, donde surgiu um estado teocrático onde os xiitas oprimiam os sunitas. Agora, vêm a caminho sunitas que não prescindem de oprimir todos, em particular, xiitas, e degolam todos os que se lhes opõem a caminho de um novo califado ou do velho Paraíso.

Deus não é propriamente um entusiasta da democracia e os clérigos são sempre contra.

11 de Julho, 2014 Carlos Esperança

A Palestina, o Islão e o sionismo

É doloroso estigmatizar o Islão quando os ataques sionistas arrastam a dor, o sangue e a devastação para o martirizado povo da Palestina, quando Israel ignora sistematicamente as resoluções da ONU, quando um povo miserável é espoliado do seu território e da sua sobrevivência, quando decorre um intenso ato punitivo, por um exército bem treinado e equipado, contra uma população faminta, sitiada e desesperada.

Mas é nesta altura que urge ter a coragem de dizer que a provocação, apesar das origens bem mais remotas, começou com mísseis disparados sobre as cidades israelitas, que os autores estimulam a retaliação para exaltarem o martírio e que, finalmente, não restaria um único judeu vivo se os provocadores tivessem o poder bélico de que Israel dispõe.

É preciso ter a coragem de desmascarar os líderes da Palestina de cuja miséria recolhem o ascendente e encontram o húmus onde floresce a fé e a sharia. O erro, como muitos na História, foi a criação de um Estado sionista, ali, naquela região onde a tragédia dos três monoteísmos começou, mas, sendo as coisas o que são, não têm os palestinos o direito à eliminação de Israel nem este à liquidação da Palestina.

Hoje foi desmantelada em França uma rede terrorista islâmica que fornecia documentos falsos a islamitas regressados do Afeganistão e travada outra que aspirava fazer explodir a Torre Eiffel, o Museu do Louvre e uma central nuclear. Não se trata de criminosos que praticam a religião islâmica mas de islamitas que desejam cumprir a vontade de Maomé.

O terrorismo é uma prática que deriva da crença, uma demência cultivada nas madraças e mesquitas, uma deriva criminosa que não se preocupa com a morte dos seus desde que mate os outros, os infiéis ao «misericordioso».

O islão não deve ser visto como religião e, tal como o nazismo e o fascismo, não pode ser tolerado no terrorismo por que enveredou, nem possuir espaço para se organizar sob o pretexto das orações e do estudo do Corão.

Sei que muitos amigos me censuram o desassombro e me vão considerar racista mas eu troco a tranquilidade do silêncio pela imagem que arrisco e pela reflexão que ouso.

10 de Julho, 2014 Carlos Esperança

A ICAR uivou de cólera

Fez ontem 50 anos que teve lugar o primeiro desfile da minissaia, uma elegante criação de Mary Quant, a quem as mulheres devem uma parte da sua emancipação e o realce da beleza.

 

mary quant 3

 

 

10 de Julho, 2014 Carlos Esperança

O antissemitismo cristão que a ignorância nega

O NOVO TESTAMENTO ANTI-JUDAICO

Pelo PHD Uri Yosef

Anti-Misionário

Desconstruindo Yeshua/Jesus e a Brit chadashah(Novo Testamento)

I. INTRODUÇÃO

Ao longo de toda história do Cristianismo o povo judeu tornou-se bastante ciente das inúmeras passagens de feroz e difamatória polêmica antijudaica dentro do Novo Testamento. Por outro lado, cristãos em geral têm sido insensíveis à natureza ofensiva destes textos e aos danos que seu uso tem causado ao povo judeu durante a História. Quando o imperador Constantino tornou-se cristão no século IV da era comum e instituiu o Cristianismo como religião oficial do Império Romano, os judeus se tornaram o principal alvo de perseguição por parte da “Igreja”.

Embora tenha sido o Holocausto o causador da aniquilação de dois terços da população judaica da Europa, antes havia diferentes atos de perseguição em massa e genocídio contra povo judeu, mas que partilhavam o motivo de seus precursores, as cruzadas, inquisições, pogroms e diversas expulsões. Cada um desses eventos foi alimentado pelo antissemitismo, o ódio aos judeus, que visava o seu assassinato e aniquilação. O Holocausto distinguiu-se dos outros eventos no âmbito dos seus objetivos genocidas e pelo fato dele não ter oferecido a suas vítimas a “opção” de conversão ao Cristianismo – não havia como escapar do extermínio.

Um número crescente de estudiosos cristãos e sacerdotes concluíram que a raiz do antisssemitismo na comunidade mundial cristã está, em última análise, baseada nos escritos do Novo Testamento. Em seu livro Elder and Younger Brothers: The Encounter of Jews and Christians [Antigos e Jovens irmãos: O Encontro de Judeus e Cristãos], o Professor A. Roy Eckhardt [ex-professor de Religião na Universidade de Lehigh (PA) e da Universidade de Oxford (Reino Unido)] afirma que a base do antissemitismo mundial e da responsabilidade pelo Holocausto está no Novo Testamento1. Em outro livro, Your People, My People: The Meeting of Jews and Christians [Seu Povo, Meu Povo: O Encontro de Judeus e Cristãos], o Professor Eckhardt insiste que o arrependimento cristão deve incluir um reexame do Novo Testamento e das atitudes básicas teológicas para com os judeus a fim de lidar eficazmente com o problema do antissemitismo e sua prevenção2. A visão geral dos estudiosos como Professor Eckhardt transmite a ideia de que, ao usar o Novo Testamento como fonte autorizada, a “Igreja” estereotipou os judeus como ícone da humanidade não redimida, a imagem de pessoas cegas, teimosas, carnais e perversas. Esta desumanização foi o veículo que formou o pré-requisito psicológico para as atrocidades que se seguiram.

Em um de seus sermões, o reverendo Dr. Frank G. Kirkpatrick que é Pastor da Trinity Episcopal Church e Professor de Religião no Trinity College em Hartford, Connecticut, descreve como o antissemitismo surgiu de uma passagem no Novo Testamento (Atos 13:44-52), e que deveria ser lido naquele domingo em particular, bem como outros versículos como esse3. Aquela passagem proclamava que os judeus ‘trouxeram a condenação sobre si mesmos ao rejeitar Jesus como Messias’, uma crença que tem feito com que judeus ao longo dos séculos fossem perseguidos, exilados, e que eventualmente culminou com o Holocausto.

Em vez de especular e explorar as razões pelas quais o Novo Testamento contém uma retórica antijudaica difamatória e racista, este ensaio irá considerar alguns exemplos de tais passagens do Novo Testamento que aparecem em lecionários cristãos. Lecionários são coleções de passagens da Bíblia Cristã que são lidas durante semanários católicos regulares e serviços de igrejas protestantes que se repetem cíclicamente. Como tal, estes Lecionários são amplamente utilizados por milhares de cursos cristãos, eles são pouco semelhantes aos livros de orações judaicas, o Sidur.

O material encontrado nos Lecionários é, naturalmente, apenas a “ponta do iceberg”, mas é o bastante para demonstrar a plausibilidade da afirmação de que o antis- semitismo entre os cristãos está enraizado no Novo Testamento.

II. POLÊMICAS ANTIJUDAICAS NO NOVO TESTAMENTO

Grande parte das informações neste ensaio foi extraída de um artigo do professor Norman A. Beck, um estudioso do Novo Testamento e professor de Teologia e Línguas Clássicas da Universidade Luterana do Texas4. Em seu artigo, o professor Beck analisa os textos encontrados em seis dos 27 livros que compõem o Novo Testamento ao qual ele se refere como “… textos específicos, identificados como mais problemáticos…” em algumas de suas obras publicadas. O Professor Beck identifica passagens ofensivas no Novo Testamento e mostra os casos em que todos ou partes destes textos são incluídos nas séries do Lecionário Principal.

A. O Evangelho de Mateus

O Evangelho de Mateus contém cerca de 90 versículos de polêmicas difamatórias antijudaicas. Estas são mostradas na Tabela II A-1 com passagens que aparecem em várias séries do Lecionário (em destaque).

Tabela II.A-1 – Polêmicas Antijudaicas no Evangelho de Mateus

Fonte Descrição do Contexto Código do Lecionário 3:7 Os fariseus e saduceus são chamados de raça de víboras MLR 12:34a Os fariseus são chamados de raça de víboras —– 15:3-9 Condenação dos fariseus pela rejeição dos mandamentos —– 15:12-14 Os fariseus são chamados guias cegos que conduzem cegos —– 16:6 Cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus —– 19:3-9 É dito que os fariseus tem o coração duro —– 19:28 Os discípulos de Jesus irão julgar as doze tribos de Israel —– 22:18c Os fariseus são chamados de hipócritas MLR 23:13-36 Os escribas e fariseus são repetidamente chamados de hipócritas —– 23:28 A casa de Jerusalém estará abandonada e desolada —– 26:59-68 Os chefes dos sacerdotes e do conselho condenam Jesus como

merecedor da pena de morte

27:1-26 O povo exige que Jesus, e não Barrabás, seja crucificado. MLR 27:62-66 Os sumos sacerdotes e os fariseus solicitam um guarda no túmulo de Jesus

28:4 Os guardas tremem e se tornam como mortos quando o anjo aparece LR 28:11-15 O sumo sacerdote suborna os guardas para mentirem sobre suas ações

Notas para o Código do Lecionário: —- Não incluído em uma série principal do Lecionário. H – As “Perícopes Históricas” utilizadas pela maioria dos cristãos antes de 19695 M – O Lecionário Romano Católico para a Missa usado durante os anos 80. L – Adaptações Luteranas do Lecionário para a Missa, impresso no Livro Luterano de Adoração. R – The Revised Common Lectionary, 1992.

B. O Evangelho de Marcos

O Evangelho de Marcos contém aproximadamente 40 versículos de polêmicas difamatórias antijudaicas. Estas são mostradas na Tabela II B-1,1 com passagens que aparecem em várias séries do Lecionário (em destaque).

Tabela II-B-1 – Polêmicas Antijudaicas no Evangelho de Marcos

Fonte Descrição do Contexto Código

do Lecionário 3:6 Diz-se que os fariseus começaram a entrar em conselho para

matar Jesus

7:6-13 Condenação dos fariseus por rejeitar os mandamentos MLR 8:15 Cuidado com o fermento dos fariseus —- 10:2-5 É dito que os fariseus tem o coração duro MLR 14:55-56 O sumo sacerdote e o conselho condenam Jesus a morte —- 15:1-15 O povo exige que Jesus, e não Barrabás, seja crucificado. MLR Notas para o Código do Lecionário: —- Não incluído em uma série principal do lecionário. H – As “Perícopes Históricas” utilizadas pela maioria dos cristãos antes de 19692 M – O Lecionário Romano Católico para a Missa usado durante os anos 80. L – Adaptações Luteranas do Lecionário para a Missa,impresso no Livro Luterano de Adoração. R – The Revised Common Lectionary, 1992.

C. O Evangelho de Lucas

O Evangelho de Lucas contém cerca de 60 versículos de polêmicas difamatórias anti- judaicas. Estas são mostradas na Tabela II.C-1, com passagens que aparecem em várias séries do lecionário (em destaque).

Tabela II.C-1 – Polêmicas Antijudaicas no Evangelho de Lucas

Fonte Descrição do Contexto

Código do Lecionário 3:7c A multidão é chamada de raça de víboras LR 4:28-30 Os membros da sinagoga em Nazaré tentam matar Jesus MLR 7:30 É dito que os fariseus rejeitaram os propósitos de Deus —- 11:39-54 Os fariseus e os estudiosos da Torá são condenados —- 12:1b Cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. —- 13:14-17 O príncipe da sinagoga é chamado de hipócrita —- 13:35a Diz-se que casa de Jerusalém ficará deserta LR 22:63-71 Os chefes dos sacerdotes e do conselho condenam Jesus

como merecedor da pena de morte

23:1-25 O povo exige que Jesus, e não Barrabás, seja crucificado. LR Notas para o Código do Lecionário: —- Não incluído em uma série principal do lecionário. H – As “Perícopes Históricas” utilizadas pela maioria dos cristãos antes de 19692 M – O Lecionário Romano Católico para a Missa usado durante os anos 80. L – Adaptações Luteranas do Lecionário para a Missa, impresso no Livro Luterano de Adoração. R – The Revised Common Lectionary, 1992.

D. O Evangelho de João

O Evangelho de João contém cerca de 130 versículos de polêmicas difamatórias anti- judaicas. Estas são mostradas na Tabela II.D-1, com passagens que aparecem em várias séries do lecionário (em destaque).

Tabela II.D-1 – Polêmicas Antijudaicas no Evangelho de João

Fonte Descrição do Contexto

Código do Lecionário 5:16-18 É dito que os judeus perseguiam Jesus e procuravam matá-lo —- 5:37b-47 É dito que as palavras de Deus e o amor de Deus não está nos judeus —- 7:19-24 É dito que nenhum dos judeus faz o que está escrito na Torá —- 7:28d É dito que os judeus não sabiam daquele que havia enviado Jesus —- 8:13-28 É dito que os fariseus não conhecem nem Jesus nem o Pai —- 8:37-59 É dito que os judeus são descendentes de seu pai, o Diabo. H 9:13-41 Os fariseus e outros judeus são condenados como culpáveis MLR 10:8 É dito que os judeus são ladrões e salteadores MLR 10:10a Os judeus são retratados como aqueles que roubam, matam e

destroem.

10:31-39 É dito que os judeus pegaram em pedras para apedrejar Jesus —- 11:53 É dito que os judeus perceberam que teriam que matar Jesus

11:57 Diz-se que os sumo sacerdotes queriam prender Jesus —- 12:10 Diz-se que os sumo sacerdotes planejaram matar Lazaro e Jesus —- 12:36b- 43

Diz-se que a maioria dos judeus preferiam o louvor dos homens mais do que a Deus

16:2-4 Diz-se que os judeus irão matar os discipulos de Jesus e pensarão
estarem servindo a Deus

18:28- 32

É dito que os judeus exigiram que a sentença de Pilatos fosse a morte de Jesus

18:38b- 40

É dito que os judeus exigem que Jesus, e não Barrabás fosse crucificado

19:4-16 Os judeus são retratados como insistindo a Pilatos que Jesus fosse crucificado

Notas para o Código do Lecionário: —- Não incluído em uma série principal do lecionário. H – As “Perícopes Históricas” utilizadas pela maioria dos cristãos antes de 19692 M – O Lecionário Romano Católico para a Missa usado durante os anos 80. L – Adaptações Luterana do Lecionário para a Missa, impresso no Livro Luterano de Adoração. R – The Revised Common Lectionary, 1992.

E. Atos dos Apóstolos

Os Atos dos Apóstolos contém cerca de 120 versículos de polêmicas difamatórias antijudaicas. Estas são mostradas na Tabela II.E-1, com passagens que aparecem em várias séries do lecionário (em destaque).

Tabela II.E-1 – Polêmicas Antijudaicas no livro de Atos

Fonte Descrição do Contexto

Código do Lecionário 2:23b Pedro diz aos israelitas que eles crucificaram Jesus MLR 2:36b Novamente Pedro diz que os israelitas cucificaram Jesus MLR 3:13b-15a Pedro diz que os israelitas mataram o originador da vida MLR 4:10a Novamente Pedro diz que os israelitas mataram Jesus MLR 5:30b Pedro diz que os membros do Conselho Judaico mataram Jesus MLR 6:11-14 É dito que os judeus trouxeram falsas acusações contra Estevão —- 7:51-60 É dito que Estevão condena os judeus por traírem e matarem Jesus

9:1-2 Paulo é retratado planejando prender os discípulos de Jesus LR 9:23-25 É dito que os judeus panejavam matar Paulo —- 9:29b É dito que Judeus Helenistas também tentaram matar Jesus —- 12:1-3a É dito que os judeus ficaram satisfeitos quando Herodes matou Tiago

12:3b-4 É dito que quando Herodes prendeu Pedro isso também agradou os judeus

12:11 É dito que Pedro percebeu que os judeus queriam matá-lo —- 13:10-11 É dito que Paulo condenou o judeu Elimas como filho do Diabo —– 13:28-29a É dito que os judeus pediram a Pilatos para crucificar Jesus L 13:39d É dito que os judeus não podem ser perdoados por intermédio da

Torá 13:45-46 É dito que os judeus falaram contra Paulo ML 13:50-51 É dito que os judeus encorajaram a perseguição a Paulo e Bernabé

14:1-6 É dito que muitos judeus se opuseram a Paulo e Bernabé e

tentaram apedrejá-los

– 14:19-20 É dito que os judeus apedrejaram Paulo e pensaram que ele

estava morto 17:5-9 É dito que os judeus incitaram um motim ao procurar Paulo e Silas

17:13 É dito que os judeus incitaram um tumulto contra Paulo L 18:6 Paulo diz aos judeus “Que o seu sangue esteja sobre vossas cabeças”

18:12-17 É dito que os judeus trouxeram acusações contra Paulo —- 19:13-19 Exorcistas judeus são apresentados de maneira reprovável —- 21:27-36 Judeus são retratados prendendo Paulo e tentando matá-lo —- 22:4-5 Paulo diz que quando era judeu perseguia os cristãos —- 23:2-5 É dito que Paulo condena o sacerdote por prendê-lo —- 23:12-22 É dito que os judeus pactuaram não comer nem beber nada até matarem Paulo

23:27-30 É dito que Paulo foi quase morto pelos judeus —- 24:9 É dito que os judeus acusaram Paulo de muitos crimes —- 25:2-5 É dito que os judeus planejaram matar Paulo —- 25:7-11 É dito que os judeus continuaram a trazer acusações contra Paulo

25:15-21 É dito que os judeus falaram repetidamente contra Paulo —- 25:24 É dito que todos os judeus gritavam que Paulo deveria ser morto —- 26:21 É dito que os judeus prenderam Paulo e tentaram matá-lo —- 28:25-28 Paulo diz que condena os judeus por nunca entenderem a Deus —-

Notas para o Código do Lecionário: —- Não incluído em uma série principal do lecionário. H – As “Perícopes Históricas” utilizadas pela maioria dos cristãos antes de 19692 M – O Lecionário Romano Católico para a Missa usado durante os anos 80. L – Adaptações Luterana do Lecionário para a Missa, impresso no Livro Luterano de Adoração. R – The Revised Common Lectionary, 1992.

F. Cartas e Epístolas de Paulo

Quatro versos, que constituem algumas das mais virulentas polêmicas antijudaicas presentes no Novo Testamento são encontradas dentro das sete cartas escritas por Paulo, as seis pseudo-paulinas e as epístolas deutero-paulinas. Estas são apresentadas na Tabela II.F-1.

Tabela II.F-1 – Polêmicas Antijudaicas em 1 Tessalonicenses

Fonte Descrição do Contexto

Código do Lecionário 2:13-16 Condena os judeus por matarem Jesus e os profetas, celebra o

sofrimento dos judeus, pois “a ira de Deus” estava sobre eles.

III. Observações e conclusões

Algumas observações gerais podem ser tiradas a partir do material apresentado acima:

• Um número cada vez maior de estudiosos e sacerdotes cristãos concorda que o Novo Testamento contém polêmicas difamatórias antijudaicas

• Independentemente de como são encontradas no Novo Testamento, pode tal linguagem antijudaica ser a “palavra inspirada de Deus”, como muitos cristãos acreditam que o Novo Testamento é, ou a “palavra inspirada de Deus”, como muitos outros acreditam?

• Estas polêmicas antijudaicas dentro do Novo Testamento sem dúvida alguma serviram para alimentar o antissemitismo e suas atrocidades contra o povo judeu ao longo de toda História.

• Com base na quantidade de versiculos apresentados, somente o Evangelho de João parece ser o livro mais antijudaico do Novo Testamento, e Atos dos Apóstolos, o segundo.

Os versos seguintes, que são de uma das passagens do Evangelho de João listado entre outros acima, na Tabela II.D-1 demonstram isso claramente [palavras entre parênteses foram adicionados para esclarecimento]:

João 8:44,47 – Vós [judeus] tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós [judeus] não as escutais, porque não são de Deus.

• Com base na virulência e agressividade, algumas das epístolas de Paulo e os

Atos dos Apóstolos são as mais inflamadas.

A seleção que pode ter sido o maior responsável pelo derramamento do sangue de milhões de vítimas inocentes do povo judeu ao longo da história é a da epístola de Paulo:

1 Tessalonicenses 2:13-16 – Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes. Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judéia estão em Jesus Cristo; porquanto também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que os judeus lhes fizeram a eles, Os quais também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim.

A Tabela III-1 mostra o resumo das estatísticas sobre “… os textos específicos, identificados como mais problemáticos…” encontrados nas séries principais do Lecionário, que foram previamente listados nas diversas tabelas da Seção II.

Tabela III-1 – Polêmicas Anti-judaicas no Novo Testamento e nos lecionários cristãos

Fonte

H – “Pericopes Históricas” 6 7.0 48 10.5 0.6 M – RC Lecionário para Missa 23 26.7 146 31.9 1.8 L – Lecionário Luterano para Missa 32 37.2 203 44.4 2.6 R – The Revised Common Lectionary 27 31.4 181 39.6 2.3 Número de passagens distintas 35 Passagens no NT mas não nos Lecionários 51 Total passagens distintas 86 Número de versos distintos 220 Versos no NT mas não nos Lecionários 237 Total versos distintos 457 5.7 Versos totais do NT 7,959 100.0

Os dados apresentados na Tabela III-1 levam a várias observações adicionais:

• Embora a tradição da “Perícope Histórica” não tenha deliberadamente selecionado textos antijudaicos, ela não demonstrou sensibilidade para esta questão.

Não pode ter havido uma tentativa consciente de selecionar um grande número de textos com difamação antijudaicas, no entanto também não parece ter havido qualquer esforço direcionado para evitar o seu uso.

• O Lecionário para a Missa da Igreja Católica Romana contém 23 seleções que são claramente antijudaicas, em comparação com os seis nas “Perícopes Históricas”.

Aparentemente os especialistas litúrgicos que desenvolveram o Lecionário para a Missa não aplicaram ao seu processo de formação lecionária os princípios e o espírito de Nostra Aetate (Declaração sobre a relação da Igreja Católica Romana para religiões não cristãs aprovadas pelo Concílio Vaticano II – 10/28/65). Eles foram particularmente insensíveis em suas seleções de textos virulentamente antijudaicos dos Atos dos Apóstolos, que devem ser lidos durante a festividade pascal.

• O Lecionário Luterano para a Missa torna-se assim o Lecionário mais antijudaico analisado pelo professor Beck

Os liturgistas luteranos e os liturgistas de outras denominações cristãs que se interessaram no Lecionário (Católico Romano) para a missa, com diversas modificações, e que adotaram para seu próprio uso, no entanto, parecem não ter tido preocupações sobre o uso ampliado de textos difamatórios antijudaicos. Os liturgistas da tradição luterana ainda incluíram seleções violentas adicionais e claramente antijudaicas em seu Lecionário Luterano para Missa.

• The Revised Common Lectionary também contém outras passagens abertamente antissemitas em sua coleção

Embora este seja o mais moderno livro de oração cristão examinado pelo Prof. Beck (1992), parece que os liturgistas cristãos que o desenvolveram demonstram a mesma falta de sensibilidade como fizeram os outros.

Considerando os milhões de cristãos das igrejas que leram essas coleções litúrgicas nos seus serviços regulares da igreja, não é de estranhar que o antissemitismo tenha florescido dentro da “Igreja” e da Cristandade. O Novo Testamento tem sido muito eficaz em envenenar as mentes daqueles que o estudam, aceitando-no como “a palavra de Deus” ou como sendo “inspirada por Deus”.

IV. SUMÁRIO

O “amor cristão para o judeu” que tanto se ouve hoje em dia acaba por ser condicional na esmagadora maioria dos casos. Cristãos, evangélicos missionários cristãos em particular, enxergam os judeus como um povo cego que necessita ser convertido. Quando seus esforços missionários falham, ou quando suas decepções são expostas, o seu amor para com o judeu rapidamente se transforma em ódio e desprezo. Atualmente o louvável amor judeu pelos “novos cristãos” é perpetrado por cristãos fundamentalistas disfarçados, alguns dos quais ainda dizem ser “observantes de Torá” (i.e., cristãos que se disfarçam de judeus). Eles ensinam as mesmas doutrinas antissemitas que foram ensinadas pela “Igreja” ao longo da História. Apesar de suas táticas podem ter mudado, suas intenções e mensagens permanecem as mesmas.

O número de judeus que foram perseguidos e assassinados em nome de Jesus ao longo da História ultrapassa significativamente os seis milhões massacrados e assassinados pelos nazistas durante o Holocausto.

Hans Küng, um importante teólogo católico, escreveu:

“O antijudaísmo Nazista foi o trabalho de ímpios e anticristãos criminosos. Mas não antijudaísmo primitivo teria cristão”. sido 6

possível sem os quase dois mil anos do

Entretanto (mesmo sabendo disso), ainda existem judeus que por várias razões optam por ignorar este fato e juntaram-se a “Igreja”. Shmuel Golding, que fundou o Jerusalem Institute of Biblical Polemics diretor dele por muitos anos, resumiu a sua opinião a respeito da seguinte maneira:

“Qualquer judeu que prestar homenagem ao Novo Testamento ou permitir-se acreditar nele, está, em minha opinião na mesma categoria que um judeu que defende as atitudes tenta dos nazistas”

justificar 7

.

Mein Kampf de Hitler, ou, como quem

Judeus que são abordados por missionários cristãos devem perceber que, para serem “amados” por estes cristãos, terão de abraçar e aceitar o Novo Testamento como parte de sua Bíblia. Portanto, se ele ainda for um membro da comunidade judaica ou um dos que já se juntou a uma organização judaico-cristã, esse judeu deve considerar as seguintes questões:

? Pode o Novo Testamento, o mesmo que levou à perseguição e assassinato de milhões de meus ancestrais judeus através da História, ser verdadeiramente a Palavra de D’us, ou Palavra inspirada por D’us?

? Estou pronto a abraçar o Novo Testamento, que jorra ódio e mentiras contra o povo judeu e, portanto, contra mim, como judeu, aceitando isso como parte da minha Bíblia?

O resultado desejado é, naturalmente, que as respostas honestas e objetivas a essas perguntas motivem os indivíduos afetados a retornarem ao Judaísmo Tradicional.

A análise acima apresentada, para o qual apenas fontes acadêmicas cristãs foram utilizadas, pode ser resumida através da seguinte pergunta:

Qual é a o fio condutor do antissemitismo que conecta os atos históricos de perseguição ao povo judeu?

Resposta: O Novo Testamento.

9 de Julho, 2014 Carlos Esperança

Apontamentos Bíblia/Corão

Segundo a jurisprudência de Nuremberga «a pertença voluntária a uma organização criminosa é, em si mesma, um crime», culpa jurídica que ninguém se atreve a formular contra uma religião.

A política imperialista do Vaticano é, ainda hoje, prosseguida pelo último ditador europeu que dispõe de um Estado – o papa –, e a aplica com recurso à intriga, suborno e chantagem sob o manto da diplomacia.

A recusa da modernidade levou a ICAR a apoiar os regimes autoritários contra a democracia. Sempre.

Os Evangelhos foram escritos algumas décadas depois da morte de Jesus e refletem o racismo e preconceitos que alimentavam a rivalidade com o judaísmo, no fim do séc. I, quando a separação estava consumada.

Querem os cristãos renunciar ao livro que julgam revelado por Deus ou ser-lhe fiel, continuando a eliminar os judeus? Esse é o dilema de milhões de católicos para quem o antissemitismo bíblico, que não é acessório mas fundamental, e não pode ser expurgado, sob pena de deixarem Deus mal colocado.

A bíblia não perdoa que os judeus tivessem matado o filho de Deus mas aceita que os seus seguidores tivessem eliminado milhões de inimigos cujo grau de parentesco seria provavelmente menor.

Na Polónia, na Hungria e Eslováquia, predominantemente católicas, o antissemitismo que havia sido proibido pelos regimes comunistas, reapareceu no domínio público.
É possível combater o racismo e o ódio que bolça um livro fascista, é impossível usar os mesmos critérios para um livro que centenas de milhões de crentes atribuem a Deus. Em alguns casos é crime, em outros é revelação divina.

O direito que a ICAR se atribui, aliás obrigação, de evangelizar todos os homens e a convicção de que fora dela não há salvação tem levado os seus sequazes a não hesitar na prossecução dos objetivos propostos.

8 de Julho, 2014 Carlos Esperança

Em nome da liberdade (4)

Um breve olhar pelas religiões do livro – os três monoteísmos.

O Antigo Testamento, conjunto de escritos de matriz comprovadamente hebraica, em boa parte escrito em aramaico, é uma notável obra literária cujas fraudes não anularam o enorme valor histórico. Reflete o pensamento das tribos patriarcais que criaram um ser supremo, antropomórfico, à imagem e semelhança dos homens de então, enaltecendo-lhe, na dilatação das virtudes imaginadas, os defeitos de que eles próprios enfermavam.

O espírito violento, vingativo, misógino, xenófobo e homofóbico, é a réplica apoteótica da mente tribal dos patriarcas do «povo eleito». É desse livro bárbaro que nasceram os Livros da Lei (Tora), os livros dos profetas e os escritos, judaicos, e os livros que, sem renúncia ao A. T., igualmente se inspiram o cristianismo e o islamismo.

Urbano II foi um piedoso papa da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) do fim do século XI e não um biltre de excecional perversidade. Era um pregador que lera a Bíblia com intensa devoção, que, além de cristianizar a Sicília e a Campânia, quis pôr termo ao Grande Cisma do Oriente, e que, no Concílio de Clermont-Ferrand (1095), convocou os cristãos para a guerra contra os “infiéis” muçulmanos, a fim de reconquistar Jerusalém.

As Cruzadas foram o corolário lógico do Novo Testamento, os quatro evangelhos que o génio de Paulo de Tarso inspirou para transformar o Deus do povo eleito num Deus para todos os povos conhecidos ou a descobrir. Grave era o louvor dessa barbárie, celebrada ainda no início do terceiro quartel do século XX, com as crianças a fazerem a comunhão solene, vestidas de cruzados, com prosélita intoxicação. Jesus, um judeu que se dedicou aos milagres e à pregação, jamais imaginou que o fariam a estrela da nova fé.

O cristianismo é uma das várias cisões do judaísmo que Paulo de Tarso instigou e que o Imperador Constantino, persistindo mitraísta, adotou para cimentar o Império Romano, onde a seita se popularizara, e a converteu em religião de Estado, imposta cada vez mais violentamente pelos imperadores Teodósio (finais do séc. IV) e Justiniano (séc. VI).

O proselitismo e o antissemitismo foram as características que mais distinguiram a nova religião do judaísmo, entendendo-se a segunda pelo ódio que os trânsfugas imprimem contra a ideologia de que dissentem. Os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João) e os Atos dos Apóstolos têm cerca de 450 versículos explicitamente antissemitas, «mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia», segundo Daniel Jonah Goldhagen (in A Igreja católica e o Holocausto).

O Islamismo é uma cópia grosseira do cristianismo a que falta a influência da cultura helénica e do direito romano, essencialmente civilista, agravado pelo espírito belicista. Evocar as Cruzadas, a evangelização, a Contra-Reforma, a Inquisição, as (re)conquistas cristãs e o antissemitismo da ICAR, é recordar que a demência islâmica não é inédita, é apenas uma recidiva obsoleta de uma religião que se sente aturdida pela globalização e é a boia de uma civilização falhada – a árabe –, que quase só produz petróleo, devoção e terrorismo. Porém, no seu primarismo, tem enorme sedução, que a fez alastrar a povos não árabes, como o Irão, Turquia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, países africanos não árabes, e intoxica progressivamente a Europa e os EUA, com a complacência beata de Estados que ignoram as madraças e mesquitas onde se difunde o ódio e se apela à jihad.

O cristianismo ortodoxo tem como matriz um direito político que impede verdadeiros Estados de direito, onde a religião e o Estado vivem sempre em união de facto.

No Islão, a referência jurídica é o direito teocrático que molda o carácter totalitário do poder onde desde as orações ao vestuário, da alimentação às relações de género, tudo está sob escrutínio do mais implacável dos monoteísmos e da maior ameaça religiosa à civilização, cultura e modernidade que inspiram os Estados modernos. Sob o pretexto do multiculturalismo, a lepra fascista de um islão demente avança, enquanto o mundo civilizado vacila e treme sem encontrar a resposta eficaz para a sua contenção.

Diga-se em boa verdade que o catolicismo só admitiu a liberdade religiosa na segunda metade do século XX, no Concílio Vaticano II, e que foi graças à repressão política do clero que a laicidade se impôs e a democracia vingou, mas torna-se assustador saber que 18% do exército que promove a jihad é de origem europeia e que esses jovens, com um pensamento medieval e treino militar com armas do século XXI, vão regressar.