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  • 29 de Junho, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

A santidade da vida

Texto da autoria de George Carlin, enviado por Paulo Franco

O que mais se ouve, no debate sobre o aborto, é uma afirmação chamada “santidade da vida”. Acreditam nisso? Pessoalmente acho que é um monte de tretas.

A vida é sagrada? Quem disse? Deus? Se você olhar para a História, vai ver que Deus é uma das principais causas de morte. Tem sido assim durante milhares de anos. Hindus, Muçulmanos, Judeus, Cristãos matando-se uns aos outros porque Deus lhes disse que era uma boa ideia. “A espada de Deus”, “O sangue do cordeiro”, “A vingança é minha”. Milhões de filhos da p…… mortos. Milhões de filhos da p…… mortos, e tudo porque deram a resposta errada sobre Deus. -“Acredita em Deus? – Não. Pum, morra. Acredita em Deus? – Sim. Acredita no meu Deus? Não. Pum, morra. O meu Deus é melhor do que o teu Deus.

Durante milhares de anos, as maiores e mais ferozes guerras, as mais brutais e sangrentas, foram baseadas na intolerância religiosa, o que é ótimo para mim pois quando os crentes se matam uns aos outros, eu rolo no chão de tanta alegria. Então não me venha para mim com esse papo furado da “Santidade da vida”. Sabem como surgiu essa história da “Santidade da vida”? Nós a inventamos, e sabe porquê? Porque estamos vivos. Interesse próprio, é claro. O Homem cego pelo seu egocentrismo. Os vivos têm muito interesse em promover a ideia de que a vida é sagrada. Não vemos o Mussolini, ou o JFK, nem o Elvis Presley por aí a espalhar essa baboseira de que a vida é sagrada.

Nem uma palavrinha. Isto porque Mussolini, JFK, e o Elvis estão mortos. Isto só interessa aos vivos.

Tudo isto parte de uma perspetiva unilateral. É o que mais nos convém. É uma daquelas coisas que dizemos para nos sentirmos nobres.

“A vida é sagrada” faz-nos sentir nobres. Além disso, tem outro lado curioso. “A Santidade da vida” não se aplica às células cancerígenas, certo? Você nunca vê num para-brisas um adesivo dizendo “Salvem os tumores” ou “Lutemos pelo progresso do melanoma”.

Não, vírus, bolor, mofo, ervas daninhas, fungos, coliformes fecais, chatos e bactérias infeciosas não têm nada de sagrado. Todas estas manifestações de vida não parecem merecer do mesmo padrão de nobreza que os Humanos, no entanto são igualmente formas de vida. “A santidade da vida” apenas se aplica a um universo restrito, e seleto, por sinal.

Podemos decidir quais são as formas de vida que consideramos sagradas e eliminar o resto. Um negócio bem interessante, hein? Está vendo agora? NÓS É QUE INVENTAMOS ISSO TUDO!!!

“Quanto mais estudo as religiões, mais estou convencido que o Homem nunca adorou nada além dele mesmo”. Richard Francis Burton.

“Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existirem muito mais crentes que pensadores.” Bruce Calvert.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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