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  • 18 de Junho, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Voltaram as guerras religiosas

Quando julgávamos que a secularização tinha contido as pulsões homicidas em nome de Deus, esquecíamos o cancro que corroeu povos tribais e países civilizados onde germina o ódio e floresce a fé. A laicidade não foi suficiente, nem na Europa, para impedir que a fanatização tivesse lugar nas madraças e mesquitas.

Muitos europeus caucasianos, sem emprego nem futuro, aderiram ao mais implacável dos monoteísmos – o Islão –, e combatem por um déspota virtual ao serviço do ódio, do tribalismo e de um “misericordioso” profeta analfabeto, impacientes por impor a sharia.

Depois do tirocínio na Síria, Iraque, Iémen ou Líbia, vão regressar à Europa, cheios de ódio e de tempo, com enorme experiência militar, ansiosos de virgens e rios de mel!

Blair, grotesca caricatura de católico, dissimulado anglicano, enquanto PM, conduziu com Bush a guerra assassina contra o Iraque, arrastando idiotas úteis, Aznar e Barroso. Sentiu agora necessidade de mentir, outra vez, dizendo que a atual tragédia do Iraque é alheia às armas químicas que brotaram da cabeça dele, de Bush e dos outros cruzados que o invadiram.

O Islão, a cópia grosseira do cristianismo, com laivos de judaísmo, falhada a civilização árabe, converteu-se, no seu primarismo, numa mancha de óleo que escorreu para o Irão e Turquia e contaminou povos onde a repressão política sobre o clero tornara pacíficas as religiões. É certo que o sionismo o ajuda a exacerbar o ódio, mas ninguém pense que a destruição de Israel pacificaria a horda de fanáticos viciados em jejuns e orações.

Europa e EUA, embevecidos com a paz religiosa de que têm gozado, salvo o sobressalto na ex-Jugoslávia, imaginam que na Turquia governa um “muçulmano moderado”, como se o substantivo fosse compatível com o adjetivo.

Não entenderam o genocídio de utus e tutsis, incitados os ódios tribais pelo proselitismo cristão, a tragédia africana na zona do Sahel, com muçulmanos a massacrar os cristãos, tensões na Índia entre hindus e islamitas, enfim, a globalização da “banalidade do mal”, na expressão de Hannah Arendt, para decifrar a perversidades de criaturas imbecilizadas por um credo e fanatizadas na obediência a um ser imaginário.

Há uma ameaça religiosa global à espreita, a demência ecuménica que serve interesses económicos, redistribui recursos energéticos e concentra a riqueza nos fornecedores de armas.

E nós, ingénuos, a julgar que o fanatismo não é contagioso.

Perfil de Autor

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- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

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- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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