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  • 2 de Junho, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

Um texto de Sam Harris

(Enviado por Paulo Franco)

O mundo é uma máquina infernal de triturar seres humanos simplesmente porque o mundo está inflamado de más ideias. Ainda há lugares onde as pessoas são executadas por crimes imaginários como a blasfémia – e onde toda a educação de uma criança consiste em estar 12 horas a recitar um livro de “ficção cientifica”.

Existem países onde as mulheres são privadas de quase todas as liberdades humanas, excepto a procriação. E, no entanto, essas mesmas sociedades têm adquirido a
grande velocidade arsenais de armamento avançado verdadeiramente aterradores. Se não conseguirmos persuadir o mundo desenvolvido, e o mundo muçulmano em particular, a perseguir fins que sejam compatíveis com a civilização global, então espera-nos um futuro negro.

A disputa entre religiões é totalmente estéril. Se a violência religiosa continua a reinar entre nós é porque as nossas religiões são intrinsecamente hostis umas às outras.
Quando não parecem sê-lo, é porque o conhecimento secular e os interesses seculares estão a restringir os desvarios mais perigosos da fé. Está na altura de reconhecermos que não existe nenhum fundamento real nos cânones do Cristianismo, do Judaísmo, do Islamismo, ou de quaisquer outras religiões que apontem para a tolerância e para a diversidade religiosas.

Se a guerra religiosa alguma vez se tornar algo de impensável para nós, à semelhança do que parece estar a acontecer com o canibalismo e a escravatura, veremos que isso será apenas uma questão de renunciar-mos ao dogma da Fé. Se o nosso tribalismo alguma vez der lugar a uma identidade moral generalizada, as nossas crenças religiosas não poderão continuar a ser protegidas dos grandes movimentos de indagação e da crítica genuínas. É chegado o momento de admitimos que a presunção de conhecermos aquilo de que só temos uma esperança devota é uma atitude maligna. Onde quer que seja que a convicção aumente na razão inversa da sua própria justificação, teremos perdido a base de cooperação entre os Homens. Se tivermos razões para acreditar naquilo em que acreditamos, não precisamos da Fé. O lugar das pessoas que mantêm convicções fortes sem fundamento é nas margens das nossas sociedades, não nos corredores do poder. A única coisa que devemos respeitar na Fé de uma pessoa é o seu desejo de uma vida melhor neste mundo; jamais precisaremos de respeitar a sua certeza de vir a tê-la num outro.

Nada é mais sagrado do que os factos. Ninguém deve marcar quaisquer pontos no nosso discurso por se iludir a si mesmo.

Este texto é da autoria de Sam Harris.

“Enquanto o padre, esse negador, caluniador e envenenador da vida por profissão for aceite como variedade de homem superior, não poderá haver resposta à pergunta: o que é a verdade? A verdade já foi posta de cabeça para baixo quando o advogado do nada foi confundido com o representante da verdade.”
Friedrich Nietzsche.

Paulo Franco.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

- Sócio da Associação 25 de Abril

- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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