28 de Maio, 2014 Carlos Esperança
28 de maio de 1926
Há quem esqueça o período negro do salazarismo que oprimiu Portugal, quem denigra a primeira República para justificar a ditadura e deprecie a democracia para reabilitar o regime fascista que a precedeu.
São reacionários, oportunistas e trânsfugas para quem a história é um conjunto de factos que se deturpam ao sabor dos interesses e da sua ideologia.
Faz hoje 88 anos que um golpe militar, igual a outros que os militares tinham por hábito levar a cabo, sempre em defesa da ordem, do saneamento financeiro e da restauração da autoridade do Estado, deu origem a uma longa e sinistra ditadura.
Deixar que o tempo apague a memória e a amnésia absolva os crimes, é serviço que se presta às forças totalitárias que estão adormecidas e não foram erradicadas.
É preciso recordar o tempo em que o país, com 40% de analfabetismo, uma mortalidade infantil que envergonhava qualquer país europeu e uma esperança de vida diminuta, era apresentado como tendo a governá-lo um homem providencial.
O ensino primário que na primeira República se tornou obrigatório e tinha cinco anos de escolaridade foi reduzido a 4, para rapazes, e a 3, para meninas.
Mas foi a repressão e a miséria que fizeram do Estado Novo, o pseudónimo da ditadura, uma mancha indelével na história do séc. XX, em Portugal.
Prisões sem culpa formada, degredo, exílio, espancamentos, assassinatos e perseguições foram a chave do triunfo de uma obscura ditadura que excluiu Portugal do convívio das nações livres e prolongou o atraso que a monarquia legou.
O 28 de maio foi um acidente de percurso na história, a nódoa que manchou a honra do País e comprometeu o progresso de Portugal. Triste sina a nossa. Maldito esquecimento.
Começou aí o contubérnio entre a ditadura e a Igreja católica de que Salazar e Cerejeira viriam a ser os destacados e infames protagonistas.