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Mês: Abril 2014

7 de Abril, 2014 Carlos Esperança

S. Francisco Xavier

Faz hoje 508 anos que nasceu Francisco Xavier, destacado membro da Companhia de Jesus que, ao serviço de D. João III, evangelizou Goa, Molucas, Temate, ilha de Moro, Malaca e Japão.

Apóstolo do Oriente e Padroeiro das Missões são alguns epítetos do taumaturgo cujo prestígio resistiu à perda do Estado Português da Índia, designação que o salazarismo atribuiu aos restos de um império onde Portugal semeava a fé e recolhia especiarias.

O abandono a que foi votado o sarcófago do ilustre jesuíta e a falta de fé permitiram que o corpo, incorruptível durante mais de quatro séculos e meio, se encontre atualmente no estado de decomposição que a foto, com oito anos, documenta.

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7 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As guerras da fé (4/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.

Angola e Islão

A noticia de que Angola se tornara o primeiro pais a proibir o culto muçulmano deu a volta ao mundo em novembro de 2013 e provocou uma tempestade de protestos diplomaticos e aplausos nas redes sociais. Obrigado a reagir o governo angolano articulou a sua resposta em duas partes. Por um lado reafirmou respeitar a liberdade religiosa, inscrito na constituição negando toda a intenção de proibir o Islão ou discriminar os muçulmanos. Por outro lado salientou a obrigação de respeitar e fazer respeitar do pais , válida para nacionais ou estrangeiros e em todos os dominios, incluidos os assuntos religiosos.

A lei angolana determina que todas as confessões religiosas carecem da autorização do Ministerio da Justiça para realizar actividades públicas. Para tal precisam de ter mais de 100 mil membros adultos e presença em mais de dois terços do território nacional. Há actualmente 83 confissões religiosas reconhecidas e mais de 1200 pendentes de autorização entre as quais oito islamicas. A inclusão de uma desta numa lista de 194 associações cujos pedidos de autorização foram indiferidos tera estado na origem do «malentendido» segundo o ministro dos negocios estrangeiros George Chicoti.

O fecho e/ou destruição de «mesquitas» e as perseguições de que seriam objeto os muçulmanos segundo o porta-voz da Comunidade Islamica de Angola David Já – que diz representar mais de 800 mil fieis – se devem a outras legislações como o controlo das migrações, o comercio e a construção ilegal ou a utilização de edificios (lojas,armazens,garagens) previstos para outros fins.

 

7 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As Guerras da Fé (3/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.
A islamização de Africa entre realidades e fantasmas

A Nigeria , maior pais africano pela população e a pujança economica, está no epicentro de uma competição entre cristãos e muçulmanos pela conquista de Àfrica. A evoluição da situação é seguida com interesse e apreensão no resto do continente e no Ocidente. As consequencias da implosão deste país seriam dramaticas para todos, a começar obviamente pelos nigerianos.

A 27 de fevereiro 28 chefes de estado e de governo africanos estiveram em Abuja para o encerramento das celebrações do centenario da unificação do norte, maioritariamente islamita, e o do sul cristão e animista, abos sob protetorado britanico desde a Conferencia de Berlim. A efemeride é considerada como a data do nascimento da actual Nigeria que alcançou a independencia em 1960.

Convidado de honra, o presidente frances François Hollande aproveitou a oportunidade para reafirmar o apoio da França e do Ocidente ao Presidente Goodluk Jonathan na sua luta contra Boko Haram, e aos governos da região no combate contra o «terrorismo islamista».

No mesmo tempo os serviços de informação franceses afirmavam ter detactado a presença, na Nigéria, do ex-numero dois da Seleka Noureddine Adam que fugira de Bangui apos a destituição de Djotodia. A eventual decisão deste oficial centrafricano formado na academia de policia do Cairo que comandou a guarda pessoal do sultão de Abu Dhabi e serviu nas forças especiais israelitas de por as suas competencias, relações e meios financeiros ao serviço de Boko Haram seria segundo a fonte um passo mais no sentido da criação de um «eixo do Mal» islamista atravessando Àfrica do Atlantico ao Corno de Africa, ameaça que obseda os estrategas ocidentais desde o inicio da guerra no Mali ( ver Africa 21, a Guerra no Deserto).

Ameaça djihadista sobre a Nigeria

Mas estará realmente em curso uma «guerra» entre muçulmanos e cristãos pelo controlo total da Nigeria e a expulsão dos vencidos? A maioria dos investigadores duvidam desta interpretação e a propria imprensa nigeriana é muito reservada. De facto não passa uma semana sem que os grandes media internacionais relatem mais um massacre «atribuido» aos terroristas de Boko Haram contra civis inocentes, cristãos reunidos em igrejas para o culto dominical ou adolescentes queimados vivos no incendio de uma escola.

A oposição nigeriana acusa o Presidente Jonathan de deixar as tensões etno-religiosas agravar-se para granjear apoios politicos externos e fazer esquecer a corrupção e a concentração da riqueza gerada pelo petroleo nas mãos da elite dirigente , verdadeiras causas da instabilidade social e politica ameaça fazer implodir a Nigeria. Lembra que as mesmas acusações dirigidas contra os muçulmanos nortenhos então no poder estiveram na tentativa de secessão do sul , maioritariamente cristão, conhecida sob o nome de guerra do Biafra (1967-1970) e que causou mais de um milhão de mortos.

O professor Bakary Sambé, investigador do Centro de Estudos das Religiôes de Saint Louis do Senegal insurge-se contra « a manipulação dos simbolos religiosos para fins politicos» lembrando que a preocupação dos dirigentes africanos deve estar centrada na luta pelo desenvolvimento e contra a pobreza em vez de «satisfazer os aliados ocidentais ou se submeter a ideologias politico-religiosas vindas do Oriente».

Esta visão è partilhada pelo politologo frances Jean-François Bayart (autor de obras de referencia sobre a Africa pos-colonial) que procura desmitificar a alegada «islamização de Africa».

Na opiniáo do Prof. Bayart « se o salafismo (pratica rigorista do Islão alheia as tradições dos muçulmanos africanos) têm o vento em popa na região o mesmo acontece com é o evangelismo que conhece uma forte progressão no Golfo da Guiné em detrimento da igreja catolica (…) Esta combinação entre salafismo muçulmano e evangelismo cristão é particularmente evidente na Nigeria».

Sem negar a realidade da progressão do Islão em Africa subsariana (onde o numero de muçulmanos passou de 50 milhões em 1960 para 250 milhões em 2010, segundo o Pew Forum) e do terrorismo islamico que fez o seu aparecimento na região em 1998 com os ataques contra as embaixadas americanas no Quenia e na Tanzania, a objetividade obriga a recolocar ambos fenomenos no seu contexto historico e a evitar todo o amalgama caro aos seguidores da teoria do «choque das civilisações» enunciada por Samuel Huntington sob pena de fazer o jogo dos fundamentalistas cristãos e islamistas.

O fantasma da islamização

Há séculos que o Islão faz parte da cultura africana mas ao sul do Sara a sua progressão têm travada pelo cristianismo importado pelos colonizadores europeus. O movimento acelerou nas últimas decadas sem alterar significativamente o equilibrio entre as duas grandes religiões monoteistas á escala do continente. Ambas cresceram em virtude do crescimento demografico galopante e em detrimento dos cultos tradicionais africanos . Raros são actualmente os africanos urbanos e escolarizados que não professam uma das «religiôes do livro» – Biblia ou Corão – mesmo se permanecem fieis a ritos relacionados com as crenças ancestrais.

A Nigeria é o paradigma: quinta maior nação islamica do mundo com 77 milhões de muçulmanos é tambem um dos tres paises africanos onde vivem o maior numero de cristãos.

Longe de ser um factor de tensão as grandes irmandades muçulmanas oriundas da Africa ocidental desempenharam um papel estabilizador, favorecendo o comercio e atenuando as clivagems ligadas ás origens de cada individuo e relacionadas com as linhagens, as castas e a escravatura. O Senegal, muçulmano a mais de 90% teve como primeiro presidente o cristão Leopoldo Cedar Senghor, o poeta de «negritude» e na Costa do Marfim o muito catolico Houphouet Boigny favoreceu a imigração de trabalhadores oriundos dos paises muçulmanos vizinhos a quem concedeu o direito de voto.

A primeira grande alteração surgiu nos anos 90 em consequencia de factores não religiosos: adoção da democracia pluralista com o aparecimento de formações politicas de base etnico-religiosa; programas de estabilização estrutural impostos pelo FMI que devastaram os sistemas sociais vigentes em muitos paises africanos nomeadamente o ensino e a saude pública. des politiques d’ajustement structurel des années 1990 qui ont dévasté les systèmes sociaux: l’école et la santé publique en Afrique. Os politicos foram buscar junto das petromarquias árabes meios de financiamentos alternativos e financeiros que o Ocidente lhes negava e estas aproveitaram a abertura para alargar as suas redes caritativas redes, construir mesquitas e financiar um ensino coranico muito diferente do ensino público, laico e mixto.

Este investimento continua até hoje sem que aparentemente o Ocidente se preocupe de saber que tipo de Islão estão á propagar os «investidores» árabes entre os muçulmanos africanos e os novos convertidos, apesar das provas evidentes do apoio da Arabia Saudita, Qatar, Koweit ao salafismo militante e combatente no norte de Africa.
Confundir Islão com o jihadismo serve a causa da Al-Qaida

A «guerra ao terrorismo islamico» decretada no Ocidente e o medo e o odio ao Islão destilados pelos evangelicos entre os cristãos africanos podem fazer o jogo da al-Qaida e aumentar o numero de djihadistas.

Como analizou o investigador alemão de origem egicia Abdelasiem el Difraoui no seu livro «al Qaida pela imagem» a organização criada por Ben Laden è eximia na utilização das novas tecnologias para recrutar novos combatentes e candidatos ao martirio entre jovens que nunca foram muçulmanos praticantes ou recem-convertidos, fazendo-os creer na existencia de uma conspiração mundial contra o Islão. Quantos destes jovens africanos ou europeus se terão sentido impelidos a participar na «guerra santa» contra os «cruzados» e os seus aliados ao ver outros jovens exibir como trofeus nas ruas de Bangui pernas e braços de muçulmanos esquartejados, ou cenas de canibalismo apresentadas como justas retaliações?

As proximas «guerras de religões» se vieram a acontecer não terão nada a ver com as do passado porque al-Qaida e o djihadismo têm muito pouco de comum com o Islão tal como é praticado pela esmagadora maioria dos muçulmanos de todas as obediencias , que são as suas principais e mais numerosas vitimas. E os evangelicos interpretam e utilizam a Biblia como arma para combater todas as outras fés, incluidas cristãs.

São duas novas ideologias totalitarias , frutos podres da globalização, da pobreza e da ignorancia e que aspiram a dominar o mundo. O choque entre ambas seria …apocaliptico e deve ser impedido a todo o custo. Não pela repressão mas pela solução dos problemas que realmente afectam a maioria dos africanos e da humanidade.

6 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As Guerras da Fé (2/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21”, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.

A segunda evangelização de Africa

 

Nunca houve tantos cristâos no mundo e Africa é o continente onde o cristianismo ganhou mais adeptos nas ultimas décadas. Mas as Igrejas historicas e em particular a Catolica estão a perder terreno em proveito dos «neo cristãos» evangelicos e das seitas que semeiam a dúvida e o caos com o seu proselitismo agressivo e intolerante.

Em 1910 os cristãos de Africa eram cerca de 9 milhões e representavam 1,4 % da cristiantade. Um século mais tarde eram mais de 500 milhões ao sul du Sara, ou seja mais de metade da população e 23,6 % dos 2500 milhões de seguidores de Cristo – catolicos, protestantes ou ortodoxos- recenseados no mundo. A Nigeria com 80,5 milhóes de cristãos, a RDC (63,1) e a Etiopia (52,6) figuram no Top Ten das nações com o maior numero de fieis encabeçado pelos Estados Unidos (com 247 milhões) e o Brasil ( 176 milhóes).

Os protestantes são, de longe, os que mais contribuiram para esta expansão, dado representam 35,9 % dos cristãos africanos, contra 21,4 % de catolicos e 4,9 % de ortodoxos (concentrados essencialmente na Etiopia e no Egipto).

Não é preciso recorrer ao relatorio publicado em 2012 pelo Pew Forum on Religions, um instituto americano que estuda a evoluição das religões e do seu peso no mundo, para tomar conciencia de uma realidade bem visivel em todo o continente, dos suburbios das grandes cidades africanas á mais remota aldeia do mato. As igrejas proliferam em todo o lado, monumentais ou simples casebres, mas marcando todas a sua presença com o seu nome em letras grandes.

Os missionarios do século passado – catolicos ou protestantes – teriam alguma dificultade em reconhecer os seus discipulos nestas assembleias ruidosas que dansam, choram e entram em transe, gritando e cantando o seu amor por Jesus e invocando o Espirito Santo. E as Igrejas «historicas» não sao boas conselheiras para ajudar os governos africanos a por um minimo de ordem nesta cacofonia , separando o trigo do joio, a religião do charlatanismo, e as igrejas das seitas.
Novas igrejas ou seitas?

A doutrina evangelica que teve origem nos Estados Unidos tornou as diferenças mais indecifráveis. Os evangelicos não se tornam cristãos por um baptismo classico. Se tornam «verdadeiros cristãos» por via de um encontro directo com Jesus com um «homem de deus» que os ajuda a entender a Biblia, ver e ouvir Deus , abrir-se ao Espirito Santo e entrar numa «nova vida» (por isso são chamados Born Again, renascidos, e a nebulosa á que pertencem «Igrejas do Despertar»).

Ouvida a mensagem qualquer um pode escolher a igreja que mais lhe convem ou autoproclamar-se «profeta» e criar a sua. A Biblia que deve ser seguida á letra e o «amor de Jesus» que é incomensuravel são os argumentos avançados pelos «neo-cristãos» para rejeitar as acusações de charlatanismo. È Espirito Santo que confere o poder de converter e fazer milagres e segundo a Biblia, o espirito sopra onde quer: a justiça e as leis dos homens não tèm competencia nesta materia
Segundo os estudiosos da historia das religiões o sucesso estrondoso deste novo cristianismo é o resultado de uma dupla revolução iniciada logo apos a segunda guerra mundial.

A emergencia dos Estados Unidos como primeira potencia economica e militar do Ocidente reforçou nos cidadãos deste pais profundamente cristão a conviçcão de constituir um povo abençoado por Deus e vocacionado para conduzir os destinos do Mundo. Nesta visáo messianica da historia, a Casa Branca deveria ser a «Nova Jerusalem», o farol que iluminaria os povos em busca do caminho para sair das trevas.

Predicadores como Bill Graham ou Pat Roberson , criador da CBN (Christian Broadcasting Network) e da Christian Coalition(em 1988) conquistaram milhões de americanos e depois de ter sido conselheiros de vários presidentes conseguiram colocar o «born again» George W.Bush no poder. Nâo perderam muito com a vitoria do democrata Barrak Obama porque foi Rick Warren, considerado como o pastor mais influente dos EUA e o verdadeiro sucessor de Bill Graham o novo presidente escolheu para pronunciar a oração da sua primeira ceremonia de investidura, que foi impregnada de exaltação messianica.

È sob a influencia desta corrente que conquistou o espaço publico americano que a Casa Branca passou a seguir com atenção os progressos das igrejas e seitas evangelicas no resto do mundo, criando para o efeito um observatorio oficial da liberdade de culto no mundo que publica anualmente um relatorio com a chancela do Departamento de Estado onde são condenadas todas as politicas e medidas alegadamente anti-religiosas tomadas por estados tão dispares como a Arabia Saudita, Russia, China ou França.

Os evangelicos á conquista do mundo

A outra revolução, analisada pelo historiador britanico Philip Jenkins, da Universidade de Cambridge no seu livro «The Next Christendom» ( A cristandade do futuro) foi provocada pela demografia e abalou a base das igrejas historicas ao deslocar o centro de gravedade do cristianismo do Ocidente, prospero e liberal, para o hemisferio sul pobre e flagelado pela miseria, as doenças , a violencia e os abusos de poder.

A estes «danados da terra» , desiludidos dos «amanhas radiosos» prometidos pelos revolucionarios nacionalistas e/ou marxisantes (incluindos os teologos da libertação) as Igrejas cristãs «historicas» não tinham a oferecer mais do que paciencia e resignação, e a esperança do Paraiso no termo de uma vida de dores e sufrimentos.
Os evangelicos, pelo contrario, dispoem de um arsenal de respostas imediatas e de um Deus sempre presente e disponivel para responder aos pedidos mais trivais : a cura para os doentes, o fim das infidelidades e da violencia conjugal, o sucesso nos estudios e nos negocios

Inicialmente olhados de soslaio como ponta de lança do «imperialismo americano» (falou-se da «Jesus Connection» como braço da CIA) os novos missionarios são recebidos de braços abertos por uma juventude avida de modernidade e consumidora de outros produtos emblematicos da «american way of life» : fast food, coca-cola, tecno e telemoveis. As suas posições rigoristas nos grandes temas societais contra o divorcio, o aborto, a contracepção, a homosexualidade reconforta os sectores mais conservadores desnorteados perante o que chamam de « degradação dos valores e costumes tradicionais», a droga, o SIDA …
Os resultados estão a vista. Da America Latina ao Japão, passando por Africa e Europa as igrejas evangelicas não param de crescer. Já contam mais de 500 milhões de fieis e ao ritmo actual de mais de 50 000 conversões por dias dentro de duas décadas mais de metade dos cristãos de todo o mundo serão evangelicos..

Se a influencia anglosaxonica continua preponderante graças ás universidades, as edições e as novas tecnologias de comunicações, os norte-americanos já perderam o monopolio da mensagem e estão a perder a liderança em materia de evangelização. A Coreia do Sul é actualmente quem fornece o maior contingente de missionarios evangelicos a tempo completo(12 000), o Brasil e a Nigeria não estão longe (ver caixa) e criaram as suas proprias «multinacionais» religiosas.
A igreja catolica, que já têm as suas proprias igrejas carismaticas, poderá render-se a este neo-cristianismo sob a batuta do Papa Francisco que já aconselhou aos catolicos de andar sempre com a Biblia no bolso e exorta os sacerdotes á se virar para os pobres e os marginalizados com amor e compaixão.

A cruzada em Africa

África oferece um terreno de eleição para o desenvolvimento das igrejas neo-cristas por razóes culturais, sociais e até politicas.
Em primeiro lugar as crenças tradicionais africanas não estabelecem uma divisão intransponivel entre natural e sobrenatural, entre o mundo dos vivos e o dos antepassados e espiritos tutelares. Depois, e desde os alvores da evangelização, o continente gerou os seus proprios «profetas» – como Kimpa Vita , queimada viva pelos portugueses em 1706 cuja estatua se ergue á entrada da cidade angolana de Mbanza Congo – e as suas proprias igrejas separadas e em aberta rebelião contra as igrejas catolica ou protestantes importadas da Europa pelos colonizadores, o seu deus branco e o seu clero comprometido com o poder colonial «Liturgia oral, teologia narrativa, sentimentalismo agudo, comunitarismo» são segundo o pastor baptista Manuel Escobar, presidente da Aliança Biblica Universal algumas das razões que levam os africanos a se sentir bem e felizes nas «assembleias de Deus». Pregadores exaltados, invocações simples e ritmadas levam o auditorio ao rubro, ao transe e a este estado de conciencia alterado em que o «milagre» pode acontecer a todo o momento e se tornar visivel para todos, não se estáo longe de reproduzir o ambiente de um bom batuque que confere ao bruxo ou chamam africano o «poder» de comunicar e interagir com os espiritos e as forças protetoras do clã ou da tribo.

Mas as novas igrejas oferecem ao africano «destribalizado» mais do que um código de conduta alternativo, novos tabus e uma «familia de acolhimento» Vendem sonhos e esperanças de vida melhor neste mundo e não no alem, numa especie de livre-comercio no qual os favores divinos podem ser trocados por serviços. O que explica o recurso as tecnicas de marketing e ás concentrações de fieis : a força e a riqueza da igreja (e dos seus pastores) são benções, dádivas de Deus. Para serem recompensados da mesma forma os pobres, os doentes, os aflitos devem esforçar, dar mais – amor, dinheiro, dedicação, oração- . O enriquecimento de alguns (poucos) deixa de suscitar suspeitas e inveja, a ostentação desta riqueza um dever, uma forma de louvar o poder do Espirito Santo e de agradar a Jesus!

E não faltam predicadores capazes de convencer os politicos de a conquista e a conservação do poder dependem menos dos votos dos seus concidadãos que das intenções e projectos do Espirito Santo em relação á nação.
Os cavaleiros do Apocalipse

O aspecto mais problematico da doutrina evangelica – e das outras Igrejas aparentadas como os Mormons e as Testemunhas de Jeova é a sua intolerancia em relação a todas as outras religiões baseada numa interpretação literal (fundamentalista) da Biblia e em particular o Antigo Testamento e o Apocalipse.

Obsecados pelo «Fim dos Tempos» que julgam proximo, sobretudo depois dos atentados do 11 de setembro 2001, os «neo-cristãos» que se atribuiram a missão de preparar o regresso do Messias (que só acontecerá no termo de uma guerra em que todos os demonios e o proprio Diabo serão exterminados) reforçaram a sua militancia evangelizadora.

A tarefa não parece sobrehumana em relação aos Estados Unidos onde cerca de 90% da população cree em Deus mas é muito mais árdua e perigosa nos paises onde os propagadores da «verdadeira fé» estão em minoria e devem enfrentar fieis de outras creenças, não menos convictos da superioridade da sua religião. Em «terra de Islão» o proselitismo e a conversão são crimes que os estados que obedecem a charia punem de morte.

Os evangelicos se declaram dispostos ao martirio para levar a fé salvadora aos povos mais renitentes e os mais radicais não repugnam a recorrer à força para combater os «falsos profetas», expulsar os demonios e destruir todos os idolos. Já o fazem a pequena escala em vários paises africanos onde destruiram os terreiros e orixas do culto vodoo, queimaram as florestas sagradas , mataram bruxos e bruxas e torturaram e/ou ostracizaram crianças acusadas de serem «possuidas por espiritos malignos».

O choque dos fundamentalismos cristão e islamico pode ser ainda mais violento e dar lugar a verdadeiras guerras civis em vários paises africanos. O que acontece na Republica Centrafricana é uma pequena amostra do que pode vir a acontecer se a Nigeria se este pais vier a implodir.

6 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As Guerras da Fé (1/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21”, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.

Guerras de religiões em Africa, fantasma ou realidade?

O surto de religiosidade que se regista em todo o planeta está a tomar proporções inquietantes em Africa onde o fenomeno religioso é particularmente explosivo.

O Islão ganha novos adeptos ao sul do Sara onde se assiste tambem á proliferação das igrejas e seitas cristãs e das crenças em poderes sobrenaturais e magicos vulgarmente conhecidas como «bruxaria» ou «feiticismo».

O fervor evangelizador dos «neo cristãos» e o medo do «terrorismo islamico» fazem recear a eclosão de novas formas de guerras civis como já acontece na Republica Centroafricana e pode acontecer amanha na Nigeria.

Depois de ter sido «refens da guerra fria» e de ter passado por sangrentas «guerras tribais» estarão os africanos condenados a morrer e matar em nome de Jesus ou de Allah?

A pergunta da escritora ruandesa Yolanda Mukasagana, sobrevivente do genocidio de 1994 no Ruanda faz todo o sentido e convida todos os dirigentes africanos a reflectir e concentrar as suas acções no combate contra á pobreza e aos outros problemas do continente em vez de se deixarem distrair por «causas que não são as nossas e nos empobrecem cada vez mais».

 

5 de Abril, 2014 Ludwig Krippahl

Teorias.

Por infeliz acidente histórico, “teoria” é a palavra que designa o nível mais alto do conhecimento humano: a teoria científica. Infeliz porque, durante um longo percurso, o termo acumulou muitos sentidos diferentes e, agora, quem quiser propor um qualquer conjunto de crenças como alternativa à ciência pode sempre apontar que a ciência “é só teorias”. Como se a ciência fosse equivalente, ou até inferior, aos disparates sem fundamento de coisas como o criacionismo, a teologia, as modas da new age e afins. Para desabafar sobre o erro destas alegações vou distinguir três tipos de produto da ciência e procurar o seu paralelo nas supostas alternativas.

Primeiro, a hipótese. A hipótese é uma proposição, uma expressão que pode ser verdadeira ou falsa. Pode ser “No princípio criou Deus os céus e a terra” ou “a massa do electrão é 1836 vezes menor do que a do protão”. Não interessa o tema. Há hipóteses em todos os sistemas de crenças, sejam ciência ou não, porque a crença, no fundo, é simplesmente a atitude de aceitar uma hipótese como verdadeira. Mas logo aqui há uma grande diferença entre a ciência, onde incluo a parte mais rigorosa da filosofia, e coisas como teologias, superstições e ideologias várias, onde incluo as partes mais vagas da filosofia, aquelas que facilmente se confundem com literatura, poesia ou má ficção. A diferença está na forma de encarar as hipóteses.

Do lado da ciência, as hipóteses são um ponto de partida. São matéria prima para desbastar, escavar e polir até encontrar algum cristal de verdade que resista à abrasão pelos factos. Do outro lado até evitam chamar-lhes hipóteses. São hipóteses à mesma, porque podem ser verdadeiras ou falsas. Normalmente até são falsas. Mas, para disfarçar, chamam-lhes dogmas, doutrina, revelação, intuição e essas coisas. Desse lado da cerca as hipóteses não são um ponto de partida e muito menos algo que possa rejeitar ou corrigir. São a Verdade. Algo perante o qual o crente se ajoelha em veneração e para além do qual se recusa ir. Esta é uma grande diferença entre a ciência e o resto: o ponto final do percurso dessas alternativas corresponde ao ponto de partida no caminho que a ciência faz até ao conhecimento.

Outro tipo de produto da ciência é o modelo. Por exemplo, a tabela periódica, as equações das orbitais atómicas do hidrogénio ou a maqueta do ADN que Crick e Watson fizeram com arame e cartão. Um modelo não é uma afirmação nem uma hipótese. Por si só, uma tabela, equação ou maqueta não é verdadeira nem falsa nem é objecto de crença. A particularidade do modelo é representar parte da realidade com suficiente detalhe e objectividade para que dele se possa inferir um conjunto coerente de hipóteses concretas. Sendo uma descrição detalhada e objectiva, o processo pelo qual se infere hipóteses a partir do modelo não depende da crença ou fé de cada um. Há uma maneira bem definida de ler e interpretar a tabela periódica que não depende de acreditarmos naquilo que lá está escrito. É muito difícil encontrar modelos fora da ciência. A astrologia recorre a modelos, mas são os da astronomia. O criacionismo faz de conta que tem um modelo de como surgiu a vida na Terra, mas acaba por não ter qualquer descrição coerente com o mínimo detalhe. Tem apenas um conjunto solto de hipóteses acerca de Deus ter feito este milagre aqui e aquele ali. Em geral, é isto que se passa com as religiões e restantes superstições. Interpretam textos sagrados, discorrem sobre intuições e alegadas revelações e invocam a fé mas nunca produzem uma representação detalhada que enquadre sem ambiguidade as hipóteses em que acreditam. Não há nada na teologia ou em qualquer esoterismo com o detalhe e a objectividade de uma fórmula química, um mapa ou uma equação.

Finalmente, a ciência produz teorias. Ao contrário da forma como muitos usam o termo, uma teoria não é um bitaite. É algo muito mais profundo e até difícil de apreciar sem ganhar primeiro alguma familiaridade com este tipo de coisas. Uma teoria é um esquema gerador de modelos. É uma estrutura rigorosa de conceitos e relações que especifica que modelos são possíveis, e é de tal forma restritiva que, normalmente, basta saber alguns parâmetros para reduzir as possibilidades a apenas um modelo. Por exemplo, a teoria da relatividade permite-nos saber onde um asteróide vai passar décadas mais tarde apenas observando a sua velocidade e posição (1). As teorias científicas são também muito abrangentes. Com a teoria da relatividade podemos modelar o movimento de planetas e estrelas, a trajectória de electrões num tubo de raios catódicos e até medir a perda de água no solo da Índia pelo efeito na órbita de satélites (2).

É um erro propor teologias ou misticismos como vias de conhecimento paralelas à ciência porque são meros vestígios de abordagens rudimentares. Admito que a crença nessas hipóteses possa ter valor subjectivo para algumas pessoas mas, por muito valor que tenham enquanto crença, como conhecimento não valem nada. Sem suporte na realidade, nunca passaram daquela fase especulativa inicial. Para organizar hipóteses em modelos detalhados é preciso testar e escolher com cuidado as que melhor correspondem à realidade. Senão, sempre que se entra em detalhes os erros tornam-se evidentes. O resultado é que, fora da ciência, as afirmações acerca da realidade ou são vagas demais para dizerem o que quer que seja ou são claramente disparatadas. E para encaixar os modelos em teorias que unifiquem aspectos da realidade tão diferentes como, por exemplo, galáxias e electrões ou baleias e vírus, é preciso uma compreensão profunda que só surge depois de séculos a corrigir erros e a rejeitar ideias falsas. Só então é que o que sobra começa a encaixar. Este percurso foi exclusivo da ciência. Não há nada fora da ciência com um palmarés tão grande de erros corrigidos. Não há nada fora da ciência que tenha ido tão longe. Por isso, não há nada fora da ciência que chegue a ter teorias. Se bem que o melhor que a ciência pode oferecer é, realmente, “só teorias”, as alternativas ficam todas muito atrás, sem passarem sequer das hipóteses.

1- Wikipedia, 99942 Apophis
2- NASA, NASA Satellites Unlock Secret to Northern India’s Vanishing Water

Em simultâneo no Que Treta!

5 de Abril, 2014 Carlos Esperança

PORTUGAL E O VATICANO

Por

João Pedro Moura

Um Estado deve ter relações diplomáticas com uma religião organizada em Estado?

Resposta: NÃO!

Porquê?

Pelas mesmas razões que o Estado não deve ter religião oficial, também é incoerente sustentar relações diplomáticas com uma caricatura de Estado, minúsculo e extremamente artificial, que faz da religião a sua razão de ser: o Vaticano.

Os Estados têm territórios, homens e mulheres que labutam, sector primário, secundário e terciário, enfim, toda uma actividade económica que caracteriza um Estado, um povo, uma nação…

Nessa perspectiva, os Estados interessam-se por manter relações diplomáticas, uns com os outros, na mira de firmarem pactos internacionais, relações económicas, culturais, turísticas, conhecerem, ao mais alto nível, o que é que os governos fazem, etc.

Neste sentido, actuam os embaixadores: fazem relatórios periódicos sobre o que se passa no país onde estão e remetem-nos para os seus governos; observam a política do país anfitrião; discernem oportunidades de investimento; promovem o país que representam, em suma, são embaixadores…

Ora, então, o que é que um Estado tem a haver ou a ver com o Vaticano???!!!

Nada!!! Absolutamente nada!!!

O Vaticano é um Estado de 0,44 km quadrados, artificialmente formado, composto por cerca de 700 homens e muito poucas mulheres (portanto, “país” machista e misógino), que vive da venda de selos, da colecta internacional proveniente das suas agências nacionais, de investimentos capitalistas internacionais e da entrada paga nalguns dos seus poucos edifícios.

O Vaticano não tem sector primário nem secundário nem terciário.

É o único Estado do mundo onde não nascem crianças.

Não tem turistas para visitar Portugal.

É um Estado governado por um monarca absolutista, que só não é hereditário porque… enfim…

O Vaticano é, apenas, a sede da ICAR…

O Vaticano é um artifício oportunista concedido pelo fascista Mussolini, no Tratado de Latrão, em 1929, para melhor seduzir o “bom povo” católico italiano. Fascismo e catolicismo… que melhor convergência!…

Como se uma determinada religião precisasse dum Estado artificial e supranacional para dirigir o negócio!…

Como se não pudesse dirigi-lo em edifício e regime legal nacionais!…

Portugal tem homens e mulheres, crianças que vão à escola e que se tornarão naqueles homens e mulheres, sector primário, secundário e terciário, turistas que vão visitar o estrangeiro, etc.

Consequentemente, o que é que Portugal tem a haver ou a ver com o Vaticano???!!!

O que é que o Estado português tem para relacionar com um “Estado” composto por um número insignificante de indivíduos que prosseguem uma determinada ideia de deus, como modo de vida???!!!

Compreendo que o núncio apostólico, em Lisboa, embaixador do Vaticano, esteja cá a tratar dos negócios da ICAR e a vigiar a excelência dos agentes nacionais na defesa da empresa divina de filial terráquea…

Compreendo que tal núncio remeta, periodicamente, um relatório para o presidente do conselho de administração do Vaticano, contando coisas de cá…

Mas, o que fará essa enormidade diplomática que é o embaixador de Portugal no Vaticano???!!! Alguém me poderá explicar?

Esse embaixador português fará relatórios sobre quê???!!!

Que interessam para quê???!!! Alguém conhece um cargo diplomático mais inútil? Alguém conhece melhor sinecura política?

 

5 de Abril, 2014 Carlos Esperança

A posse do embaixador do Vaticano em 2010

O discurso de apresentação das Cartas Credenciais do novo Embaixador de Portugal junto do Vaticano em 21 de outubro de 2010 foi um ato de bajulação pia, sem ética republicana e de manifesta subserviência, em nome de um país laico e democrático.

O embaixador Manuel Fernandes Pereira esqueceu-se de que representava o país e não um grupo de peregrinos e de que Portugal é um Estado laico e não um protetorado do Vaticano.

Para o Sr. Embaixador podia ter sido a maior honra pessoal e profissional da sua vida dirigir-se ao «Beatíssimo Padre», mas não o foi para todos os portugueses, sobretudo para os que lhe reprovavam o mal feito à humanidade com a teologia do látex, em países onde a SIDA dizimava populações, e nas posições em relação à contraceção, planeamento familiar, saúde reprodutiva da mulher, sexualidade e igualdade de género.

A alegada emoção do Sr. Embaixador com a canonização de D. Nuno Álvares Pereira, devida ao milagre obrado em D. Guilhermina de Jesus a quem curou o olho esquerdo, queimado com salpicos de óleo fervente de fritar peixe, foi para muitos portugueses um motivo de troça e não de comoção, por ter transformado o herói em colírio.

Ao recordar que «um Predecessor de [Sua] Santidade honrou Portugal, na pessoa do seu Rei, com o título de Fidelíssimo», lembrou quanto ouro custou a Portugal, que vivia na miséria, o título obtido por D. João V, o rei que mantinha a sua amante predileta, madre Paula, no convento de Odivelas. Devia ter-se esquivado a remexer no passado devasso e perdulário de Sua Majestade Fidelíssima, um dos reis que mais dinheiro dissipou e mais filhos bastardos legou ao reino.

O Sr. Embaixador não tinha o direito de se apresentar como «o intérprete da arreigada devoção filial do Povo Português à Igreja e a [Sua] Santidade …», por respeito ao pluralismo ideológico e à liberdade religiosa do País que o diplomata representava.

O que terão pensado os ateus, agnósticos, céticos, crentes de outras religiões, e mesmo católicos, do embaixador que se permitiu terminar o seu discurso solicitando ao Papa «que paternalmente se digne abençoar Portugal, os Portugueses e os seus Governantes e, se tal ouso pedir, a Embaixada, a minha Família e eu próprio»?

O discurso ofendeu os livres-pensadores com a linguagem beata e a falta de pudor com que, em ano do Centenário da República, o embaixador humilhou todos os portugueses que recusaram a bênção papal. A prédica foi uma oração rezada de joelhos em nome de Portugal, um ato de vassalagem e uma manifestação individual de quem preferia ganhar o Paraíso a defender a honra de Portugal.

4 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Faleceu há 22 anos

salgueiro_maia_zorate

 

 

Uns esqueceram os cravos que lhes abriram a gamela onde refocilam, outros reabilitam os crápulas que nos oprimiram, outros, ainda, sem memória nem dignidade, afrontam o dia 25 de Abril com afloramentos fascistas e lúgubres evocações do tirano deposto.

Obrigado, Salgueiro Maia. Obrigado a todos os que fizeram a Revolução. Por cada afronta que vos fazem é mais um pedaço de náusea que provocam.

Diário de uns Ateus – Homenagem a um dos bravos que nos restituiu a liberdade à crença, à descrença ou à anti-crença.