Momento zen de segunda_24-02-2014
João César das Neves (JCN) intitula a homilia de hoje, no DN, “Liberdade, igualdade e amor” numa síntese constrangida entre a Revolução Francesa e a sacristia. Depois de debitar umas trivialidades sobre as revoluções “ britânica de 1688, americana de 1776, francesa de 1789 e seguintes”, sem dizer, talvez por pudor pio, quais foram as seguintes, demorou a chegar à sua obsessão, antes de afirmar que “a luta cultural deslocou-se para questões de sexo e limites da vida”.
Este homem é um escravo do sexo obcecado com a castidade e um defensor da vida que começa nos óvulos ou nos espermatozoides, julgando que a ejaculação, durante o sono, é um genocídio involuntário. Acordado, é um pecado.
A êxtase religioso atinge-o quando afirma que “Vêem-se os conceitos, as lógicas e os métodos que os antigos aplicavam à nobreza, escravatura, pena de morte, proletariado ou racismo, utilizados em assuntos eróticos e hospitalares».
Só quem esteja acostumado ao devoto percebe a linguagem exotérica e a piedade que o devora antes de continuar a leitura: “ O direito ao aborto e à eutanásia tomam o lugar do direito ao voto; a emancipação de mulheres ou jovens vem na vez dos escravos; o doente terminal ou o homossexual surge na posição do operário ou negro. Casamento é contrato; adopção, sociedade”.
JCN lamenta que ao direito ao voto seja acrescentado o direito ao aborto e à eutanásia; que após a abolição da escravatura se emancipem as mulheres; que o casamento seja um contrato e não um sacramento; enfim, é um fóssil do Concílio de Trento.
Há pérolas de que não quero privar os leitores. Ei-las: “Dentro da fraternidade familiar, liberdade e igualdade tomam sentidos estranhos. Por isso, divórcio, aborto ou eutanásia só retoricamente libertam; de facto, matam. Fora da metáfora não existe igualdade entre jovem e velho, homem e mulher, casamento e união de facto, pais e filhos, amor conjugal e promiscuidade, sexo e perversão».
A obsessão do sexo é, em JCN, síndrome de privação. E termina com uma frase banal: “A família é o que sempre foi e será. Ela constitui o verdadeiro mundo sempre novo.”
«Bem aventurados os pobres de espírito…», como diz a Igreja de JCN.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
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- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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