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Mês: Janeiro 2014

23 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

Aos ateus:

Na sequência do email enviado ao bispo da Guarda, em 25 de junho de 2013, reenviado depois de férias, sempre através do endereço da AAP, e publicada anteontem no Diário de uns Ateus, recebi a resposta no meu endereço privado e, contrariamente ao direito, à ética e ao que chamam direito canónico, foi-me negado o direito à anulação do batismo, que solicitei.

O desprezo que tenho pelas religiões, contrariamente ao que tenho pelos crentes, de nada me vale para evitar ser considerado um católico e, com isso, engrossar o número daqueles que o clero exibe para chantagear o Estado na obtenção de privilégios.

O bispo da Guarda, como se pode ver pela carta que reenvio e, a seguir, transcrevo, nega-me o direito à desbatização, direito que a Associação Ateísta Portuguesa (AAP) tem ajudado a obter noutras dioceses. Oficialmente continuarei católico, apesar de não  acreditar no Deus do Sr. Bispo da Guarda, um deus em ele que não precisa de acreditar para exercer a sua profissão.

O bispo da Guarda foi célere a excomungar uma paróquia (Vermiosa) e é incapaz de o fazer a um ateu para não perder um cliente estatístico.

Para apreciação da exótica ilegalidade da diocese da Guarda, quando já vários sócios da AAP obtiveram o certificado de apostasia noutras dioceses, transcrevo a carta do bispo, enviada pelo padre Hugo Martins que, para salvar a alma, se escusou a referir o meu nome, o da AAP e a usar o endereço da nossa honrada Associação.

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Diocese da Guarda

Nota sobre arquivos, paroquiais e outros

1. A história é, no seu passado, uma realidade cumprida, que não se pode apagar nem modificar.

2. Todos os arquivos são, por natureza, registos de acontecimentos históricos passados e, como tal, não podem anulados nem modificados.

3. Podem ser acrescentados, com dados novos que eventualmente surjam relacionados com o mesmo acontecimento registado.

4. Por isso, quaisquer tentativas que se façam com a finalidade de modificar registos dos nossos arquivos devem ser reprovadas e consideradas inválidas e quaisquer pedidos para esse efeito não podem ser considerados.

5. Há lugar para complementos de registos, com anotação à margem ou a aceitação de novos documentos para guardar no mesmo arquivo.

Guarda e Cúria Diocesana, 24 de Setembro de 2013

+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

22 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

A Lourinhã e o Carnaval trapalhão numa zona de tradições folionas (Crónica)

Quando cheguei à Lourinhã, no dia 1 de outubro de 1963, hospedei-me no Restaurante Moderno, uma pensão excelente onde a D. Elvira me acolheu com um desvelo que, a esta distância, ainda me enternece. Pagava 750$00 mensais pela pensão completa, dos 1753$00 líquidos que recebia, incluída a gratificação de 141$00, de delegado escolar.

Fui recebido com cordialidade e muitos queriam conhecer o jovem professor de 20 anos que acabava de chegar a um concelho onde, no ensino primário, só havia professoras.

O padre Escudeiro, diretor do Externato D. Lourenço, propriedade da diocese de Lisboa, rejubilou quando, a uma pergunta sua, lhe disse que era beirão, o que o levou a gabar os beirões, muito devotos. Tendo-lhe dito que eu não era, logo assumiu que, pelo menos, era boa pessoa. Tivemos uma boa relação que o azedume pelo meu anticlericalismo não quebrou.

A notária ofereceu logo a sua bicicleta para eu me deslocar à praia da Areia Branca, a três km de distância. A Manuela Leal que em miúda gozava férias na Guarda, com os tios e a prima, meus vizinhos, era minha amiga desde os dez anos. Apresentou-me à família e ao namorado, aluno do ISCEF, o Carlos Carvalhas, que viria a ser seu marido e pai dos dois filhos, governante e secretário-geral do PCP.

O barbeiro, o proprietário do café Belmar, os magistrados, conservadores, advogados e o dono da papelaria, além das colegas, passaram a fazer parte das minhas relações a que, em breve, não faltavam funcionários do tribunal, das finanças, do município e o próprio presidente da Câmara. O Café Belmar, único e asseado, era ponto de encontro de todos.

Para quem vinha da Guarda e da Covilhã era estranho ver mulheres a pedalar bicicletas, aventura que a orografia das faldas da serra da Estrela não permitia. Que jeito me deu a bicicleta da Dr.ª Filomena!

Os padres é que eram iguais aos da Guarda e Covilhã. Já não me recordo se exibiam a tonsura, aquele zero na cabeça, como lhe chamava Junqueiro, mas usavam ainda batina e o colar muito branco que parecia um cincho daqueles que extraíam o soro aos queijos artesanais. A pensar, eram iguais. O pe. Abílio, a quem eu elogiava João XXIII, porque o irritava, acabou a desabafar que era bom para os comunistas. Tinha um beiço rachado, atribuído a acidente. Eram todos reacionários para desgosto da Dr.ª Filomena, ex-dirigente da JUC, incomodada com o espírito troglodita dos párocos locais, incluindo o padre Escudeiro, o Sr. Vigário, responsável pela vigararia da Lourinhã e pelo Externato.

Não me parecia que fossem muitos os crentes ou muito crentes, antes da epidemia dos cursos de cristandade – cursilhos –, aposta do proselitismo extremista do Opus Dei, com lavagens rápidas e eficazes ao cérebro, feitas aos fins de semana na Foz do Arelho. Soube que a piedade exaltada com que soltavam os neófitos, se devia a confidências íntimas, feitas em descontrole emotivo estimulado, perante os “irmãos”, e que deixavam as vítimas dependentes dos padres e dos “irmãos” da fé e dos cursilhos.

O Dr. Pita, veterinário, apesar de salazarista fogoso e dirigente da União Nacional, era um anticlerical furioso que desabafava comigo, dizendo que a igreja paroquial dava uma bela garagem que pouparia os automóveis à corrosão e ao aquecimento do sol intenso.

O Carnaval era uma festa trapalhona em que máscaras e roupas velhas eram a diversão modesta entre os festejos delirantes de Peniche e Torres Vedras. Fiquei siderado quando vi, pela primeira vez, o Sr. Mariano Vicente, figura popular e honrado guarda-livros, o substituto do delegado do Ministério Público, porque a notária, sendo mulher, não podia assumir tão nobres funções, vestido de espanhola, com lábios pintados, cabeleira postiça e um vestido de balzaquiana decadente. Jovens e adultos espaireciam a atirar papelinhos e serpentinas por trás de máscaras que lhes ocultavam o rosto e com velhos fatos que os disfarçavam. Foliavam com desconhecidos e amigos que tentavam adivinhar quem eram o/as mascarado/as. Raramente se descobria quando a cara estava oculta.

Apenas uma pessoa desmascarava as embuçadas. E só “as” embuçadas. Era o sobrinho do Sr. Vigário, o jovem padre Manuel que chegara recentemente à paróquia para coadjuvar o tio no múnus e repartir os terços, missas e confissões, enquanto o tio se dedicava mais à administração do Externato D. Lourenço, propriedade do patriarcado.

O padre Manuel era excelente observador, caraterística que seria demonstrada no Carnaval. Conhecia todas as mascaradas que lhe virassem as costas. Numa altura em que a moda feminina era mais próxima dos desejos da Irmã Lúcia do que da criatividade sofisticada da estilista Mary Quant, as calças e saias não realçavam os glúteos, mas a anatomia não escapava ao escrutínio do jovem padre que, assim, descobria as mascaradas.

Havia de ter um acidente que o deixou tão politraumatizado que nem para dizer missa serviu, durante meses, fosse porque quaisquer glúteos o distraíram ou porque a curva da estrada não lhe mereceu tão desvelada atenção como as curvas dos corpos femininos.

21 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

Brasil

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21 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

Diocese da Guarda – Cartas sem resposta

Exmo. Senhor Bispo

Dr. Manuel da Rocha Felício

Cúria Diocesana
Rua do Encontro, nº 35
6300-586 GUARDA
Tel. 271212959; Fax. 271223769

E-mail: [email protected]

[email protected]

CARTA DE PEDIDO DE APOSTASIA / DESBAPTIZAÇÃO

Exmo. Senhor Bispo da Diocese da Guarda,

O signatário, vem, por este meio, informar e solicitar o seguinte:

Tendo sido batizado na Igreja de Escalhão, freguesia de Escalhão, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, no primeiro trimestre de 1943, sob o nome de F…, venho requerer que o meu nome seja removido do vosso registo de batismo (ou seja, segundo as normas canónicas que regulam o pedido de apostasia, cf. cânones 1086, §1, 1117 e 1124, que seja realizado um actus formalis defectionis ab Ecclesia catholicá).

Em particular, venho requerer que seja feito um aditamento ao referido registo com a seguinte menção:

“Renegou ao seu batismo e foi declarado apóstata por carta escrita, datada de 04/02/2013”, e que me seja enviada uma cópia desse aditamento.

Este pedido deve-se ao facto de as minhas convicções filosóficas e religiosas não condizerem com as das pessoas que, de boa fé, decidiram batizar-me.

Assim, por imperativo da minha consciência e por respeito à verdade, venho através deste ato contribuir para a reforma dos vossos registos, a fim de os isentar de qualquer ambiguidade.

Aguardando uma confirmação escrita da vossa parte,

Apresento antecipadamente os meus sinceros agradecimentos,

Associação Ateísta Portuguesa, 25 de Junho de 2013

P.S. – Agradeço que antecipadamente me mande informar sobre o custo total de emolumentos, se a tal houver lugar, e das despesas de correio.

Apostila – Esta carta, repetida posteriormente, continua sem resposta.

 

20 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

As mutações de Deus

Enquanto os animais, ao longo da história, sofreram modificações genéticas que melhoraram as espécies e transformaram o género humano em seres cada vez mais evoluídos, Deus não sofreu mutações que o fizessem progredir e o tornassem melhor.

As mutações divinas que empobreceram o produto original foram introduzidas pelos charlatães que fabricam Deus, sem terem em conta os benefícios dos clientes, olhando aos seus interesses exclusivos.

O Islão clonou o Deus judaico-cristão, sem conhecer a cultura helénica nem o direito romano. Produziu um aborto que o profeta Maomé, analfabeto e rude, converteu num perigoso inimigo da humanidade e em violento fator de retrocesso civilizacional.

Para piorar as coisas, Deus, per se um produto defeituoso, ficou nas mãos dos clérigos cujo poder depende da subserviência dos fiéis, da autoridade que conseguem impor e do terror que infundem.

É este o dilema da civilização: ou afasta o clero do poder ou perde os homens para a modernidade, a democracia e o progresso. Deus está a mais num processo de transformação social. É um elemento perturbador da felicidade humana.

As mortes diárias do Iraque depois da cruzada dos cristãos contra Saddam Hussein são a medida da ação das crenças ao serviço do extermínio dos crentes da concorrência.

20 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

Fátima e os milagres eleitorais

De:

José Ribeiro

Se para um cristão adulto, Fátima é um embuste, para um católico praticante também não é matéria de Fé. No entanto todos sabemos que em Portugal existe muita gente que acredita numa coisa que nunca estudou e que não tem ponta por onde se lhe pegue. Mas o poder autárquico que tem gasto milhões aos erário público sem que seja disciplinado, retira dos contribuintes muito dinheiro para promover passeios à borla para uns quantos irem ao local onde se iniciou a grande mentira. Se querem ir, que vão, mas PAGUEM DO SEU BOLSO! Este regabofe tem de acabar de vez!

1 – IDENTIFICAÇÃO E CONTACTOS DA ENTIDADE ADJUDICANTE
NIF e designação da entidade adjudicante:
506663264 – Município de Vila Nova de Famalicão
Serviço/Órgão/Pessoa de contacto: Departamento Municipal Administrativo e Financeiro – Área de Concursos
Endereço: Praça Álvaro Marques
Código postal: 4764 502
Localidade: Vila Nova de Famalicão
Telefone: 00351 252320900
Fax: 00351 252323751
Endereço Eletrónico: [email protected]

2 – OBJETO DO CONTRATO
Designação do contrato: Concurso Público n.º 09/13/DAS – Aluguer de autocarros de passageiros para a Viagem a Fátima
Tipo de Contrato: Aquisição de Serviços
Valor do preço base do procedimento 130000.00 EUR
Fonte:http://www.dre.pt/sug/2s/cp/gettxt.asp?s=udr&iddip=407043577

 

18 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança

Baixou o preço das canonizações

A santidade custa os olhos da cara. Quem julga que só os vivos se dividem em classes e estas se sujeitam às inclemências do mercado, ignora o que custa a um defunto chegar à santidade.

São pesados os emolumentos para investigação de milagres, para transformar as graças recebidas, alegadas pelos crentes, em milagres certificados com a chancela do Vaticano. É inútil a dimensão do prodígio se a Sagrada Congregação para a Causa dos Santos não rubricar o milagre. Não se criam beatos e santos de graça, apesar das graças.

Quantos defuntos de países pobres, exímios a curarem achaques, a endireitar espinhelas caídas, a alinhar corcundas, a transformar coxos em maratonistas ou a sarar moléstias da pele, não ficaram no anonimato de crentes que lhes beijaram o retrato ou lhes dirigiram preces a troco de uma novena ou de uma simples ave-maria?

L’Osservatore Romano, Diário do Reino do Vaticano, informou na última quarta-feira, através do cardeal italiano Angelo Amato, que foi criada uma «lista de preços «como referência».

A medida, em vigor desde o princípio do ano, pretende – segundo o referido cardeal –, «inspirar-se num sentido de sobriedade e igualdade», a fim de evitar uma «desproporção de valor entre as várias causas».

A decisão, de acordo com o órgão oficial do Vaticano, resulta de uma colaboração entre a Congregação para a Causa dos Santos e as várias dioceses, que durante alguns meses apresentaram as suas despesas à Santa Sé.

O cardeal italiano não se tem esquecido de apelar à realização de donativos para ajudar ao financiamento de «causa pobres», isto é, de defuntos de elevado potencial milagreiro cuja simplicidade não atrai o mecenato de devotos ricos, injustiça que o Papa Francisco quer corrigir, tentando acabar com certos privilégios para um maior equilíbrio dentro da Igreja que conta com 1,2 mil milhões de batizados.

Os milagres não são exclusivos das dioceses ricas e da bondade dos crentes abastados.