Há dias publiquei uma foto de Annette Kellerman (1886/1975) a promover o Direito das mulheres ao uso do maiô, em 1907. Era um fato de banho que apenas deixava o pescoço e os braços à mostra. Valeu-lhe a prisão.
A nadadora australiana, atriz e escritora, foi presa por atentado ao pudor. Não podia ser o que descobria a causa de tão cruel punição, era o medo da emancipação, da igualdade de género que, durante milénios, justificou a violência das instituições contra a mulher, como se a humanidade pudesse existir sem ela, como se cada um de nós pudesse nascer, sem ser asfixiado, de pernas atadas, como os homens a queriam.
No Concílio de Niceia (séc. IV), discutiu-se com “seriedade” e “pureza de intenções” a questão de saber se as mulheres tinham alma, e hoje, quando cada vez menos pessoas se interessam pela existência da alma, a mesma Igreja discute a alma do zigoto.
Almas do diabo!
Maria Montessori (1870/1952), pedagogista e pedagoga, mulher que estudei por dever profissional, foi das primeiras educadoras de crianças deficientes e a primeira médica italiana. As dificuldades que teve de vencer, as provocações e o assédio de que foi alvo!
A frequência de classes com homens, na presença de um corpo nu, era inadequada. Foi obrigada a realizar as dissecações de cadáveres sozinha, depois do horário dos colegas. Aos 18 anos, esta mulher era a minha heroína. O seu currículo na pedagogia científica e na filosofia educacional rivalizam com a coragem cívica. A sua biografia e bibliografia equivalem-se.
Na ditadura clerical-fascista de Salazar a mulher só podia ausentar-se para o estrangeiro com autorização do marido. Este administrava-lhe os bens, abria-lhe a correspondência, exercia um direito. A violação não era crime.
Quem tem medo da mulher não tem confiança em si. Quem quer aprisionar-lhe a alma não sabe ser livre. Ninguém é livre se exercer a escravatura. Temos sido um mundo de escravos na ilusão de que a violência é uma forma de liberdade e uma manifestação de poder, desconhecendo que na desigualdade de géneros se encontram as amarras que nos tolhem, a desonra que nos diminui, o opróbrio que nos envenena.
As religiões são as principais responsáveis e guardiãs das posições misóginas.
…ou é só este padre?
Depois de ler esta notícia, muitas perguntas me acorrem à mente, mas todas elas vão desaguar no mesmo mar: por que raio quer, esta gente, “outro padre”? Ou antes, querem afastá-lo, porquê? Mas será que esta, ou outra criatura de igual jaez, faz alguma falta seja onde for? Porque “afastá-lo” significa substituí-lo por outro, certo? E pergunto: para quê, se para fazer o funeral basta um cangalheiro devidamente habilitado? E se nunca foi demonstrada a utilidade de missas e outras actividades religiosas?
Sinceramente, não tenho palavras para descrever a atitude deste energúmeno que, ao que parece, está zangado com o mundo em geral, e com as mulheres e crianças em particular. Ou o bispo tem um lampejo de lucidez, ou as simpáticas malaguenhas não tardarão a vestir burca. Quanto às crianças, em breve passarão da catequese para a madrassa.
Não sei se é maior o nojo ou a perplexidade perante a violência misógina, a demência clerical e a injustiça que causa danos irreparáveis a metade do género humano.
As autoridades eclesiásticas mexicanas culpam as mulheres das agressões sexuais que sofrem, devido à roupa “provocativa” que vestem. A culpa é sempre de Eva, pensam as obtusas criaturas na mentalidade de quem vê o mundo pelos versículos do Levítico. |
«Com decotes pronunciados e minissaias “estão provocando ao homem”, disse o arcebispo de Santo Domingo, México, Nicolás de Jesús López Rodríguez, durante o sexto Encontro Mundial das Famílias. Maldita alegoria da maçã colhida no Paraíso inventado na Idade do Bronze.
– “As mulheres expõem-se a violações, a que as usem, que as tratem como um trapo velho, porque estão desvalorizando a sua pessoa e sua dignidade”, disse por sua vez o bispo auxiliar de Tegucigalpa, Darwin Rudy Andino.
As informações são de 2009 e 2012. Pode-se dizer que são velhas como notícias, mas são recentes e reincidentes na violência contra a mulher, no incitamento à discriminação e no empedernido ódio que move velhos celibatários contra a libertação feminina. Dar tréguas é permitir-lhes reacender velhas fogueiras e novas perseguições alimentadas pelo ódio demente de antigos preconceitos. É absolver os agressores e culpar as vítimas, relevar os crimes e responsabilizar quem os sofre.
Que raio der moral de sentido único, onde a liberdade é um crime para a mulher e uma bênção para os predadores masculinos!
Recebido de Armindo Silva:
E não só na Índia …
Temos que fazer contas aos milhões de mulheres que, ao longo de toda a história, foram barbaramente violadas ou assassinadas em nome e por culpa de ideais “muito santos”…
Aconteceu há bem pouco tempo e foi grande noticia, o caso da turista violada e que faleceu pouco tempo depois. Devido ao qual o quadro legal indiano foi alterado e o julgamento mais mediático condenou à morte, os quatro violadores.
Isto é tudo uma condenação à emancipação da mulher, perpetrada por os quatro jovens agressores.
E o Francisco, que exemplos é que ele dá !..? “Lava os pés a doze humanos, (dez homens e duas mulheres )…”
Esta é a proporcionalidade que Ele julga certa. Ele não achou que lavando os pés a dez mulheres e a dois homens, daria uma GRANDE lição à sua comunidade. E isto do lava-pés não é mais do que uma encenação, pois para limpar a “casa”, Ele e a mentalidade dos seus seguidores, terá que fazer muito mais.
Um dia, as pessoas irão perceber, que a religiões são uma invenção de uns tantos retardados mentais, que ao longo dos séculos se entretém a dizerem asneiras.
Um dos futuros santos da Igreja, João Paulo II colaborou com a CIA
Com a sua canonização prevista para 2014, o papa João Paulo II, hoje na lista dos beatos católicos, foi um dos colaboradores mais leais da CIA
Com a sua canonização prevista para 2014, o papa João Paulo II, atualmente na lista dos beatos católicos, foi um dos colaboradores mais leais da Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA), antes mesmo de ser eleito para o pontificado católico romano. A sua primeira audiência como Papa foi dada ao diretor geral da agência norte-americana de informações, William Casey, em 1978.
José de Anchieta, espanhol de famílias ricas, amigo de Inácio Loyola, depois de várias peripécias, acabou a evangelizar o Brasil, que é a forma com que se designa a conversão à força, naqueles tempos em que se levava numa das mãos a cruz e na outra a espada.
O padre Anchieta ensinou latim aos índios, língua que não os fez eruditos mas os tornou cristãos. O padre José de Anchieta, com outros jesuítas, começou o difícil trabalho de conversão, catequese e educação com índios tapuias, pouco dados à cultura e à devoção, sobretudo devido aos assassinatos e pilhagem das suas aldeias, bem como às tentativas de escravização das tribos indígenas, ao longo da costa, pelos colonos portugueses.
José de Anchieta, em defunção desde 9 de junho de 1957, tornou-se padroeiro do Brasil e, dadas as funções, entendeu João Paulo II, quando agilizou a indústria da santidade, elevá-lo a beato, em 22 de junho de 1980.
Os brasileiros, isto é, o cardeal arcebispo de Aparecida, contente com a distinção, quer agora a canonização do ex-aluno do Real Colégio das Artes de Coimbra, ora património da Humanidade. O padroeiro popular do Brasil não pode ser menos do que o indefetível apoiante de Francisco Franco, Santo Escrivà e numerosos defuntos de duvidosa virtude. Nisso têm razão.
O processo de canonização do beato Anchieta, encalhado à espera de um milagre, está a acelerar, após a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ter mandado uma carta ao papa Francisco pedindo que o Apóstolo do Brasil seja declarado santo. Desta vez vai, porque «O prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Angelo Amato, pediu que seja encaminhada, no mais breve tempo possível, a Positio, texto com a biografia de Anchieta, a relação de prováveis milagres e provas de fama de santidade» – lê-se na Tribuna do Norte, de ontem.
Ora, fama de santidade é o que mais tem. Venha o proveito.
O processo de canonização do beato José de Anchieta, que parecia parado à espera de um milagre, está sendo acelerado, após a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ter mandado uma carta a Francisco pedindo que o Apóstolo do Brasil seja declarado santo.
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