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Mês: Novembro 2013

17 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

Se…

Foto: ~ Occupy Wall St.

16 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

A HETERONIMISTA METASTÁTICA

Por

João Pedro Moura

LISTA DOS HETERÓNIMOS DA “NOSSA SENHORA”

1

da Abadia

32

Aparecida

63

Da Boa Hora

93

Do Bom Sucesso

2

Achiropita

33

Da Apresentação

64

Da Morte

94

Do Brasil

3

D`Aires

34

Da Arábia

65

Da Boa Nova

95

Das Brotas

4

Da Ajuda

35

Da Assunção

66

Da Boa Viagem

96

Da Cabeça

5

Do Alívio

36

Auxiliadora

67

Do Bom Conselho

97

Do Cabo da Boa Esperança

6

Do Amparo

37

Aparecida da Babilónia

68

Do Bom Despacho

98

Da Luz

7

Dos Anjos

38

Dos Pobres

69

Do Bom Socorro

99

De Caravaggio

8

Da Anunciação

39

De Belém

70

Do Bom Parto

100

Da Carpição

9

Do Carmo

40

Da Encarnação

71

Da Lampadosa

101

Dos Mártires

10

De Ceuta

41

Da Escada

72

Da Lapa

102

Menina

11

Da Conceição

42

Da Esperança

73

Do Leite

103

Medianeira

12

Da Consolação

43

Da Estrela

74

Do Líbano

104

Das Mercês

13

De Copacabana

44

Das Estrelas

75

Do Livramento

105

Dos Milagres

14

Da Correia

45

Da Família

76

Do Loreto

106

Da Misericórdia

15

Dos Desamparados

46

Do Rosário

77

De Lurdes

107

Do  Monte

16

Desatadora de Nós

47

Da Fé

78

De Lujan

108

De Monserrate

17

do Desterro

48

Da Glória

79

Madre de Deus

109

De Muquém

18

Da Divina Pastora

49

Da Graça

80

Mãe dos Homens

110

Da Natividade

19

Divina Providência

50

Das Graças

81

Mãe da Igreja

111

Dos Navegantes

20

Do Divino Amor

51

De Guadalupe

82

Das Maravilhas

112

De Nazaré

21

Das Dores

52

Da Guia

83

Dos Mares

113

Das Neves

22

Do Ó

53

Da Purificação

84

Porta do Céu

114

Mãe

23

Da Oliveira

54

Peregrina

85

Do Porto

115

Rainha do Céu

24

Do Patrocínio

55

Do Perpétuo Socorro

86

Do Povo

116

Rainha dos Homens

25

Da Paz

56

Da Piedade

87

Dos Prazeres

117

Dos Remédios

26

Da Pena

57

Do Pilar

88

Do Presépio

118

Do Rocio

27

Da Penha de França

58

De Pompeia

89

Rainha

119

Do Sagrado Coração

28

De Pentecostes

59

Da Ponte

90

Rainha dos Apóstolos

120

De La Salete

29

Da Saudade

60

Das Virtudes

91

De Sião

121

Da Soledade

30

Da Saúde

61

Da Visitação

92

Do Trabalho

122

Do Terço

31

Salvação do Povo Romano

62

Da Vitória

123

De Fátima

123 heterónimos  e não sei  se faltam mais!…

Mas para que raio é que a dita senhora precisa de tantos nomes???!!!

Quem perguntar ao povo crédulo, nas suas festas em honra da santa local, quem foi a “Senhora da Boa Hora” ou do “Bom Despacho” ou do “Ó”, esses religionários de pacotilha dificilmente dirão que tais nomes são outros tantos heterónimos da “Virgem Maria”.

A melhor pergunta é: olhe, quem foi (…)? Quando nasceu, quando morreu e que fez na vida de importante, para merecer uma festa?!

                O povo néscio pensará que tal entidade foi uma santa qualquer  ”in illo tempore”, mas diferente da “Virgem”.

                São mantidos na ignorância, pela clericalha tartufa, porque a multiplicação de virginais santinhas, referentes à mesma entidade do jardim da celeste corte, com diferentes nomes, e cada terrinha com tal festinha, serve para render mais pingues proventos, do que renderia se fosse a mesma “Virgem” para todos…

                Eu cá prefiro o S. Roque, padroeiro dos cachorros sem coleira…

                … Porque é único e mais abrangente…

15 de Novembro, 2013 José Moreira

Francisco ameaçado?

Segundo a comunicação social, o papa Francisco poderá estar na mira da Mafia. Ao que parece, os “padrinhos” não estarão satisfeitos por Francisco estar empenhado em combater a corrupção.

Agora, por favor, deixem-me ler a notícia ao contrário:

Que se saiba, nenhum dos papas anteriores a Francisco esteve na mira da Mafia por esta se sentir insatisfeita com o papal combate à corrupção.

Li bem?

15 de Novembro, 2013 Carlos Esperança

A extrema-direita, a Europa e a laicidade

As épocas de crise são estimulantes para os extremismos e o húmus onde germinam as mais perigosas utopias e os mais vetustos pesadelos.

O consórcio entre Marine de Pen e Geer Wilders não é ainda um matrimónio entre a extrema-direita francesa da Frente Nacional (FN) e a do Partido para a Liberdade (PVV) holandês, mas é uma união de facto que pode abrir a cama comum onde se deitem todos os partidos racistas, xenófobos e homofóbicos da velha Europa. Na Bulgária, Hungria e Roménia o extremismo reacionário é ainda mais boçal e implacável. Polónia, Áustria e Croácia trazem no ventre os demónios que aclamaram Hitler. A Inglaterra, a pátria da Magna Carta, alberga já o Partido para a Independência do Reino Unido, a Itália tem há muito a Liga Norte italiana, enquanto a própria Alemanha vê surgir a Alternativa para a Alemanha (AfD) e os flamengos do Vlaams Belang (VB) querem a secessão da Bélgica.

A crise social, económica e financeira enfraquece o ânimo dos que defendem a Europa laica e cosmopolita, onde a paz de Vestefália pôs fim à cruenta Guerra dos Trinta Anos, na primeira metade do séc. XVII, abrindo-a ao pluralismo religioso e ao livre-pensamento que o Iluminismo consagraria decisivamente no fim do século XVIII.

Aos desatentos, lembro que a liberdade religiosa só foi admitida pela Igreja católica no concílio Vaticano II. Por isso, penso perigosas as referências confessionais em relação à Europa, onde não se deve ripostar com o proselitismo cristão à deriva fascista islâmica que une a extrema-direita, de que deixei um esboço e não um inventário.

À esquerda desatenta da subversão islamita, do proselitismo demente, das homilias de ódio nas madraças e mesquitas, recordo os dois livros de Oriana Fallaci, «A Raiva e o Orgulho» e «A Força da Razão», onde a intelectual e mulher de esquerda denunciou o que, por cobardia politicamente correta de fachada multiculturalista, se tem escondido.

É perigoso deixarmos a um extremismo concorrente a regulação da esfera pública, que cabe aos Estados. A paz assegura-se, tendo como instrumento a laicidade, e deixando à esfera privada o exercício das crenças, descrenças e anti crenças que cabe ao Estado fazer respeitar. A neutralidade religiosa do Estado é a herança autêntica do Iluminismo.

14 de Novembro, 2013 Ludwig Krippahl

Sentir (aquele) deus.

«Smart: At the moment, seven Coast Guard cutters are converging on us. Would you believe it?
Mr Big: I find that hard to believe.
Smart: Hmmm . . . Would you believe six?
Mr Big: I don’t think so.
Smart: How about two cops in a rowboat?»

(Get Smart)

As justificações para crer na existência de um deus abrangem uma vasta gama de categorias contraditórias. Num extremo, dizem que nada se pode observar desse deus e que só se pode provar formalmente a sua existência a partir de axiomas que o crente escolheu. Lá para o meio, o deus não pode ser observado mas dá indícios empíricos da sua existência por milagres progressivamente mais discretos, desde o dilúvio mundial a desviar, pouco, a bala que mataria o Papa ou tratar salpicos de fritura. No outro extremo, alegam que o deus é um dado empírico imediato, como a sede ou o amor, que se sente directamente e que, por isso, não se pode senão aceitar que existe. A contradição entre estas justificações não seria problema se cada crente escolhesse uma. Há tantos deuses diferentes que não é preciso atropelos. No entanto, é comum os apologistas religiosos tentarem todos estes tipos de justificação, em série, a ver se algum pega. O resultado conjunto acaba por ser ainda menos persuasivo do que cada uma das justificações individuais.

Por seu lado, mesmo individualmente estas justificações têm problemas e já abordei aqui muitas vezes os defeitos dos dois primeiros tipos. Não se prova a existência de um ser real como quem demonstra um teorema, partindo de axiomas arbitrários, e o deus milagreiro acaba por ser um deus das lacunas porque só há milagres no que não se compreende. Mas tenho descurado este último tipo de justificação, o de crer num deus porque se sente esse deus. A última vez que me lembro de ter discutido isto foi há uns anos, com o Alfredo Dinis (1), para apontar o problema de uma mera sensação não servir para fundamentar os dogmas religiosos. Uma coisa é entrar numa igreja e sentir a presença de alguém que não se vê. Outra bem diferente é sentir que se trata de Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e Jesus Cristo, gerado do Pai antes de todos os séculos, da mesma substância do Pai, que encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, foi crucificado, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia e assim por diante. Não é plausível que uma sensação seja tão específica e detalhada. Mas há outros problemas.

O primeiro é que umas pessoas dizem sentir que existe um deus enquanto outras não sentem nada disso. Mesmo entre as que sentem não há consenso acerca de que deuses sentem ou quantos são. Sentir um deus é como ver auras. Há quem diga que vê auras coloridas à volta dos outros, conforme a personalidade ou estado de espírito mas, além de muita gente não ver aura nenhuma, aqueles que as dizem ver divergem nos detalhes que relatam. Assim, o mais razoável é explicar essas alegações por factores psicológicos ou sociológicos em vez de concluir que existem mesmo as tais auras. Com os deuses é a mesma coisa.

Em segundo lugar, mesmo sensações consensuais podem ser enganadoras. Por exemplo, qualquer pessoa verá luzes se fechar os olhos e os esfregar com força. Isso não prova que haja luzes dentro dos olhos. É apenas a forma do cérebro interpretar os impulsos provenientes dos neurónios da retina. Também é comum ter sonhos como o de um cão a morder-nos o braço e acordar em cima do braço dormente. Não por culpa do cão mas por uma fantasia do cérebro adormecido a interpretar os sinais nervosos do braço. Se bem que seja sempre pelos sentidos que apreendemos a realidade que nos rodeia, não é prudente saltar para uma conclusão com base apenas num tipo de experiência, sem confirmação independente. Nem nos raptos por extraterrestres, nem nos demónios e fadas e nem em deuses. Devemos confiar na confluência consistente de indícios em vez de confiar de imediato em sensações isoladas. O chavão “ver para crer” assume, incorrectamente, que se eu vir um elefante cor de rosa a esvoaçar à minha volta devo concluir que existem elefantes voadores cor de rosa mas o mais sensato, numa situação dessas, será consultar um neurologista.

Finalmente, a nossa percepção é fortemente influenciada pelas nossas expectativas. A comunicação entre o sistema nervoso periférico e o sistema nervoso central é bidireccional, muitas vezes até com mais informação do cérebro para os sentidos do que destes para o cérebro, o que condiciona muito o que os nossos sentidos nos dizem. Por exemplo, nas semanas a seguir à morte do meu pai vi-o várias vezes na rua e nos transportes públicos. De vez em quando, ao cruzar-me com alguém mesmo levemente parecido com o meu pai, o cérebro pregava-me essa partida e, por momentos, era a ele que eu via. Não é nada estranho que haja histórias de fantasmas em todas as culturas humanas, ou que haja quem alegue ter visto o Sol a rodopiar quando, movido pela fé, foi à Cova da Iria determinado a ver milagres. Também não é estranho que quem queira muito acreditar que um deus existe acabe por conseguir sentir a presença desse deus.

Sentir que um deus existe pode ser justificação suficiente para o crente. Aderir ou não a uma religião é uma opção subjectiva e nisso conta o que cada um quiser. Mas, dado o contexto e a falta de indícios independentes que o confirmem, não é evidência para a existência de Deus.

1- Experiência religiosa.

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