A 1.ª Cruzada – 27 de novembro de 1095
Há cinco versões diferentes, cada uma de acordo com a recetividade dos povos a quem era dirigido, do discurso que Urbano II entregou no Concílio de Clermont-Ferrand, mas, como sempre acontece em coisas religiosas, não há nenhuma garantidamente fidedigna.
Certo é o apelo feito aos cristãos, convocados em nome de Deus, e o perdão garantido dos pecados a todos os que “morressem, em terra ou no mar”, na guerra contra os infiéis muçulmanos, a fim de reconquistar Jerusalém.
Urbano II lambia ainda as feridas do Grande Cisma do Oriente e disputava a hegemonia com Henrique IV (Sacro Imperador Romano (1056-1106) sobre o diferendo que opunha o Papa ao Imperador, em que o primeiro pretendia nomear os Imperadores, em nome de Deus, e o segundo, em nome do Império, queria nomear o clero. Além disso, Urbano II tinha ainda a competição do antipapa de Roma.
A Igreja, débil, assistia a lutas internas, violações, roubos, pilhagens, matanças e casos de corrupção nos quais o clero estava envolvido, contra a vontade de Urbano II.
A palavra Cruzada não fora ainda inventada mas o alvoroço pelas indulgências plenárias vinha ao encontro do Papa, para resolver os problemas internos e a luta contra os turcos seljúcidas que formavam um perigoso império islâmico sunita, medieval, turco-pérsico, que ameaçava a Europa.
A Abadia de Cluny esteve na origem, juntamente com as suas filiais de Saint-Alyre de Clermont e Mozac, da primeira Cruzada. Além dos problemas internos do papado, urgia libertar os cristãos do poder dos turcos seljúcidas, reabrir o caminho para peregrinações à Terra Santa, bloqueado pelos referidos turcos e impedir a invasão da Europa, o plano turco que acabaria por ter início em 1453 com a conquista de Constantinopla.
As Cruzadas, pelo pavor que provocaram, pelos episódios horrendos, pelo proselitismo que as animou, ficaram como marca indelével de uma época violenta de que a Igreja era o reflexo.
Evocar o início da primeira Cruzada é o pretexto para reflexão do horror simétrico que a mesma demência mística encontra hoje nos suicidas islâmicos, na Jihad e no sectarismo.
A violência terrorista da turba de crentes, fanatizada pelo clero, tem hoje o equivalente na intoxicação das madraças e mesquitas e na demência que viaja em sentido inverso.
Lembrar as cruzadas é a forma refletir no proselitismo islâmico que ameaça a Europa.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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