As orações do Chico
O papa Francisco, Chico para os amigos, pediu orações e “ajuda concreta” para as vítimas do tufão das Filipinas. Vamos por partes.
Desde logo, julgo ser meu dever congratular-me por, finalmente, haver um papa que pede para rezar pelas vítimas da incompetência divina. Isto, claro, se exceptuarmos os restantes papas, que também terão mandado rezar.
As Filipinas são, provavelmente, o país mais fanático existente à face da Terra. É nas Filipinas que todos os anos há gente que se auto-flagela e, até, se faz crucificar, ad major Dei gloriam. Isso não impediu, no entanto, que o Hayian se tornasse autenticamente devastador, com cerca de dez mil mortos. São, realmente, insondáveis e ínvios os caminhos do Senhor. Poder-se-á perguntar “Mas o que tem Deus a ver com os tufões?” Não sei. Mas se dizem que foi ele que fez “isto tudo”…
Adiante.
Apesar de ateu, não deixo de me emocionar com as palavras de Francisco I. Claro que a idade já não ajuda, e o Francisco esqueceu-se de explicar em que sentido deviam ir as orações: para que o Hayian entre em função rewind e as casas voltem a ficar de pé, ao mesmo tempo que os mortos ressuscitam (dizem que já houve antecedentes, embora sem tufões)? Se não, rezar, para quê? Foi isso que faltou explicar.
Claro que o papa também fala em “ajuda concreta”. Julgo eu, que até nem sou intérprete das falações papais, que ele se queria referir a ajuda material. Por exemplo, dinheiro. Acho bem mas, como disse acima, sou eu a conjecturar. Por isso, e caso seja essa a intenção papal, eu sugeria que o Chico explicasse devidamente o que quis dizer na sua. Por exemplo, prosseguindo com um discurso do tipo “O Vaticano, embora sendo o menos estado do mundo, oferece $$$€€€, como exemplo a seguir pelos outros estados, e seguindo a doutrina de Cristo Nosso Senhor, que até disse ‘Deixa tudo e segue-me’.”