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Mês: Outubro 2013

8 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

BÍBLIA E EXTERMÍNIO (1 de 2)

Por

João Pedro Moura

O Velho Testamento bíblico é a história das aventuras, venturas e desventuras do povo hebraico.

Em toda a obra perpassa um deus que orienta e protege tal povo, o seu povo, mas também o castiga, se for caso disso.

Em toda a obra decorre um deus que é propriedade dum povo, os hebreus, que lhe prestam culto.

Por isso, não é possível a qualquer um aderir ao judaísmo, pois que os judeus são aqueles que remontam à época bíblica e seus descendentes até hoje, e possuem um deus só para eles, o vetusto e sanguinário colosso do Velho Testamento, e, portanto, uma religião que é seu apanágio.

Os hebreus tinham uma caraterística feroz: resolviam, frequentemente, os seus problemas internos, ou com os seus vizinhos, a fio de espada. Matavam-se e matavam por simples querelas de deuses ou de mulheres, sob a bênção do Senhor, seu deus…

Ao herdarem o Velho Testamento e ao assumirem-no como a história dos seus antepassados e do seu deus, os cristãos assumem também toda a demência sanguinária,  crudelíssima e minacíssima dum deus tresloucado que, em vez de pacificar os povos desavindos, ou, melhor ainda, em vez de tornar bondosos todos os habitantes da região médio-oriental (para só falar nesta…) lançou campanhas de extermínio dos outros que, por um qualquer motivo desprezado por Deus, não eram considerados “filhos” dele, embora fossem humanos como o “povo eleito”…

Vá-se lá entender isto!!!

E o que aconteceu é o que está abaixo, em vários capítulos e obras…

“Então disse Saul: Assim direis a David: O rei não tem necessidade de dote, senão de cem prepúcios de filisteus, para se tomar vingança dos inimigos do rei. Porquanto Saul tentava fazer cair a David pela mão dos filisteus.
E anunciaram os seus servos estas palavras a David, e este negócio pareceu bem aos olhos de David, de que fosse genro do rei; porém ainda os dias não se haviam cumprido.
E David se pôs em campanha e saiu com os seus homens. Matou duzentos homens dos filisteus, tirou-lhes os prepúcios e os trouxe a Saul, para tornar seu genro. Então Saul lhe deu por mulher sua filha Micol.”
1 Samuel 18:25-27

Vejam bem esta cena para arranjar um dote: David ataca e mata 100 filisteus; amputa-lhes o prepúcio e dá-los como dote a Saul, que lhe dá a filha como esposa…

Edificante, não é?

“E Israel deteve-se em Sitim e o povo começou a prostituir-se com as filhas dos moabitas.
Elas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu, e inclinou-se aos seus deuses.
Juntando-se, pois, Israel a Baal-peor, a ira do Senhor se acendeu contra Israel.
Iahwew disse a Moisés: Toma todos os chefes do povo. Empala-os em face do sol, para Iahwew: então a ira ardente de Iahwew se afastará de Israel.
Então Moisés disse aos juízes de Israel: Cada um mate os seus homens que se juntaram a Baal-peor.”
Números 25:1-5

Temos, agora, um número de empalamento dos homens, que se afastaram de Javé, para cultuarem um tal Baal…

Palpita-me que o clero cristão, medievo e moderno, se inspirou nestas cenas totalitárias e terríficas, para manter o rebanho no aprisco eclesial…

“E falou o Senhor a Moisés, dizendo:
Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois recolhido serás ao teu povo.
Falou, pois, Moisés ao povo, dizendo: Armem-se alguns de vós para a guerra, e saiam contra os midianitas, para fazerem a vingança do Senhor contra eles.
Mil de cada tribo, entre todas as tribos de Israel, enviareis à guerra.
Assim foram dados, dos milhares de Israel, mil de cada tribo; doze mil armados para a peleja.
E Moisés os mandou à guerra, mil de cada tribo, e com eles Finéias, filho de Eleazar, o sacerdote, com os vasos do santuário, e com as trombetas do alarido na sua mão.
E pelejaram contra os midianitas, como o Senhor ordenara a Moisés; e mataram a todos os homens.
Mataram também, além dos que já haviam sido mortos, os reis dos midianitas: a Evi, e a Requém, e a Zur, e a Hur, e a Reba, cinco reis dos midianitas; também a Balaão, filho de Beor, mataram à espada.
Porém, os filhos de Israel levaram presas as mulheres dos midianitas e as suas crianças; também levaram todos os seus animais e todo o seu gado, e todos os seus bens.
E queimaram a fogo todas as suas cidades com todas as suas habitações e todos os seus acampamentos.”
Números 31:1-10

Mais um genocídio abjeto dum povo, os midianitas, pela corja hebraica, incitada pelo seu deus. Mataram todos os homens midianitas, sem que se saiba porquê? Provavelmente, cruzaram-se com os hebreus nas mesmas estradas…

“E indignou-se Moisés grandemente contra os oficiais do exército, capitães dos milhares e capitães das centenas, que vinham do serviço da guerra.
E Moisés disse-lhes: Deixastes viver todas as mulheres?
Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, deram ocasião aos filhos de Israel de transgredir contra o Senhor no caso de Peor; por isso houve aquela praga entre a congregação do Senhor.
Agora, pois, matai todo o homem entre as crianças, e matai toda a mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele.
Porém, todas as meninas que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós.”
Números 31:14-18

Deixastes viver todas as mulheres? Perguntou o genocida Moisés, indignado com a poupança feminina. Não pode ser. Então, toca a matar todas as mulheres, que se deitaram com um homem, e todos os rapazinhos, por assim serem e futuros soldados…

Está resolvido o problema. Homens, mulheres “que conheceram algum homem” e crianças tenrinhas com pilinha. Tudo exterminado pela justiça hebraica, sob o patrocínio de Moisés e o alto patrocínio do vetusto, sanguinário e amoroso deus… israelita…

… Sem que se saiba porquê…

7 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

O Sr. Nazareno e os privilégios da ICAR

Santuário de Fátima escapa a multa por obras ilegais no Centro Pastoral Paulo VI

O Santuário de Fátima já não vai pagar qualquer multa pelas obras ilegais feitas no Centro Pastoral Paulo VI. A Câmara de Ourém voltou atrás com a sua decisão de aplicar a coima prevista na lei pelo facto do Centro Pastoral estar a funcionar sem a respectiva licença de utilização.

Segundo o vereador com o pelouro de Fátima, Nazareno do Carmo (PS), os técnicos da autarquia chegaram a um entendimento com os técnicos do Santuário por forma a repor a legalidade.

7 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

Lampedusa – cemitério de ilusões e de vidas

Ali acaba a Europa e começa a África. É uma ilha italiana que apavora a mente dos mais sensíveis e acalenta sonhos a quem foge da maldição do Magrebe e da primavera árabe. Está a mais de cem milhas da Sicília e a cerca de setenta da Tunísia, no Mediterrâneo, com 20 Km2 de esperança para quem é vítima da fome e do Islão.

Não faltam vendedores de ilusões e contrabandistas que amontoam no convés de frágeis embarcações o triplo das pessoas que suportam. Homens, mulheres e crianças saltam para a morte ao sabor das ondas e desaparecem, por entre a madeira desconjuntada dos barcos que naufragam, com a angústia e o medo asfixiados em água salgada.

Morrem com os sonhos, únicos bens que lhes sobraram depois de pagarem aos agiotas, e dão à costa, já cadáveres, crianças que permanecem agarradas às mães e homens que apenas esperavam viver. O drama das pessoas que nasceram no sítio errado só é notícia quando a tragédia atinge dimensões obscenas.

Alguém se admira de que a fé num paraíso imaginário seja o bálsamo que alimenta a esperança de quem foi condenado ao inferno da vida? Nós, impotentes, assistimos aos dramas pungentes entre a África e a Europa com as vidas perdidas num rio triste que dá pelo nome de Mediterrâneo.

E Deus nunca está quando o chamam.

7 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

Afinal… cometeu erros

O papa Francisco se reuniu neste sábado com Franz Jalics, missionário jesuíta cujo sequestro e tortura pela junta militar argentina nos anos 1970 provocaram denúncias de uma suposta cumplicidade do pontífice, que então dirigia a Companhia de Jesus na Argentina.

Nenhuma informação oficial foi divulgada sobre o conteúdo da conversa entre Francisco e Jalics, que nasceu na Hungria e atualmente vive em um mosteiro alemão.

O papa já afirmou ter passado por um “período de grande crise interna” durante a ditadura argentina e admitiu ter cometido erros.

6 de Outubro, 2013 David Ferreira

Hóstia dominical – XII

Guardarei o meu ateísmo para mim próprio assim que mantiveres a tua
religião dentro da tua igreja. Depois de lançados ao ar, todos os conceitos
estão sujeitos ao vento e às tempestades e os teus não são diferentes de outros
quaisquer.

5 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

Movimento Republicano 5 de Outubro (MR5O)- Coimbra

O 5 DE OUTUBRO, A REPÚBLICA E O DECORO

A Revolução de 5 de Outubro de 1910 é a marca identitária do regime e uma referência da liberdade. Nessa data, os heróis da Rotunda redimiram Portugal da monarquia e da dinastia de Bragança, e foram arautos da mudança numa Europa que rejeitou os regimes anacrónicos ou os remeteu para um lugar decorativo.

Comemorar a República é prestar homenagem aos cidadãos que rejeitaram ser vassalos, aos visionários que quiseram o povo instruído, aos patriotas que impuseram a separação da Igreja e do Estado. Os revolucionários de 1910 anteciparam, por patriotismo, a queda de um regime esgotado e abriram portas para uma democracia avançada que a Grande Guerra, as conspirações monárquicas e clericais e os erros dos governantes sabotaram .

O 5 de Outubro de 1910 não se limitou a mudar um regime, foi portador de um ideário libertador que as forças reacionárias se esforçaram por boicotar. As leis do divórcio, do registo civil obrigatório e da separação Igreja/Estado são marcas inapagáveis da História de um povo e do seu avanço civilizacional.

A República aboliu os títulos nobiliárquicos, os privilégios da nobreza e o poderio da Igreja católica. O poder hereditário e vitalício foi substituído pelo escrutínio popular; os registos paroquiais dos batizados, casamentos e óbitos, pelo Registo Civil obrigatório; o direito divino, pela vontade popular; a indissolubilidade do matrimónio, pelo direito ao divórcio; o conluio entre o trono e o altar, pela separação da Igreja e do Estado.

Cessou com a República a injúria às famílias discriminadas pelo padre no enterramento das crianças não batizadas, dos duelistas e suicidas. O seu humanismo assentiu direitos iguais na morte aos que dependiam do humor e do poder discricionário do clero ou do exotismo do direito canónico.

Em 5 de outubro de 1910, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, Eusébio Leão proclamou a República, aclamado pelo povo, perante o júbilo de milhares de cidadãos. É essa data que, hoje e sempre, urge evocar em gratidão aos seus protagonistas.

Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa e João Chagas, além de Miguel Bombarda, foram os heróis, entre muitos outros, alguns anónimos, que prepararam e fizeram a Revolução.

Afonso Costa, uma figura maior da nossa história, honrado e ilustríssimo republicano, granjeou sempre o ódio de estimação das forças reacionárias e o vilipêndio da ditadura fascista, mas é o mais merecedor da homenagem de quem ama e preza os que serviram honradamente o regime republicano.

Não esperaram honras nem benefícios os heróis do 5 de Outubro. Não se governaram os republicanos. Foram exemplo da ética por que lutaram. Morreram pobres e dignos.

Nós, republicanos, é que não podemos aceitar que o 5 de Outubro se mantenha o feriado rasurado no calendário por quem não tinha cultura, memória e amor à Pátria. E honrá-lo-emos sempre.

Glória aos heróis do 5 de Outubro. Viva a República. Viva Portugal.

a) MR5O

4 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

Vaticano quer ser um bairro de gente séria

Vaticano divulga balanço financeiro pela primeira vez na história.

As contas do banco da Igreja Católica, chamado de Instituto para as Obras Religiosas, foram publicadas nessa terça-feira e revelam lucro de mais de 86 milhões de euros, equivalente a mais de 250 milhões de reais, em 2012. O valor é quatro vezes maior que o estimado em 2011.

O balanço de 2012 tem cerca de 100 páginas e é certificado por uma empresa de auditoria internacional.

4 de Outubro, 2013 Carlos Esperança

Deus está em parte incerta

Deus, cansado das asneiras que fez, das maldades que praticou ou envergonhado dos seus preconceitos, afastou-se para lugar incerto e, depois da invenção da escrita, nunca mais deu sinais de vida. A Revolução Francesa veio criar um habitat incompatível com a presença divina. O sufrágio universal reduziu-o à sua insignificância e, por não se ter inscrito nos cadernos eleitorais, passou a valer menos do que qualquer eleitor.

Aqueles truques que fazia no Mar Vermelho, as brincadeiras com que embasbacava os primitivos, contrariando as leis da Física, os milagres que exibia para estupefazer os terráqueos, tudo isso foi sendo desmascarado pela ciência ao mesmo tempo que o progresso criou espaços de liberdade que um Deus violento e autoritário não suportava. Tal como o patrão que arruinou a fábrica, desapareceu, indiferente à sorte dos operários e fiéis servidores, e nunca mais foi visto nem levado a juízo.

Claro que os empregados mais devotos, os espíritos timoratos e os oportunistas mais descarados continuaram a garantir a sua existência e a ameaçar com os castigos de que ele era capaz. Procuram fabricar indigentes mentais como os que em Portugal esperam por D. Sebastião ou aliciar oportunistas com benefícios garantidos, mas sem resultados práticos.

A excomunhão e a fatwa são duas armas que permanecem carregadas de ódio; o Inferno é ainda um destino com que os clérigos assustam os incréus; a penitência e a oração continuam a fazer parte das penas suaves, sempre que meios mais expeditos não são consentidos: a lapidação, a fogueira, a decapitação, a amputação de membros, a explosão bombista e outras manifestações da justiça, aviadas a mando de clérigos com procuração divina, para supremo deleite do Omnipotente.

Ultimamente, Deus começou a imiscuir-se, em rigorosa clandestinidade, nos processos eleitorais. Em países democráticos faz pender o prato eleitoral para o lado pior, nos outros vai impedindo eleições com o argumento de que a lei divina não é passível de julgamento pelos homens. Há suspeitas de que Deus passa largas temporadas no Médio Oriente, percorre os países mais pobres de África e anda em campanha por algumas repúblicas da antiga URSS. Onde lhe cheirar a sangue, Deus não falta, para dilatar a crueldade.

Há, contudo, um método, destinado à multiplicação da espécie humana, que lhe saiu mal – a reprodução por estaca (usou um ramo ‘costela’ de um homem para o duplicar). Os humanos descobriram outro método muito mais fácil e imensamente mais agradável.

Dizem os beatos que é um método obsceno, apenas tolerável para fazer filhos e nunca para obter o mais leve prazer. Pensa-se que este método tinha-o Deus reservado para o fabrico de tratores mas os humanos apropriaram-se dele muito antes de os tratores terem sido inventados sem ajuda divina.