Falta de visão…
Qualquer papa que se preze, logo que passa para as mãos do defunteiro só tem uma preocupação: tratar de obrar o maior número possível de milagres, para ser promovido a santo ou, será preferível dizer, a ressanto, uma vez que santo já ele é enquanto respira. Trata-se, pois, de uma redundância.
Compreende-se. Por via de regra, agarram-se ao poder com tal gana, que quando deixam a profissão é para se entregarem nas defunteiras mãos.
A confirmar o que escrevo o papa F1, o Chico para os amigos, acaba de anunciar não um, mas dois futuros santos: o ex-papa JP2 e o também ex-papa J23. Ambos ex-vivos, como não podia deixar de ser.
Felizmente, a História legou-nos uma excepção àquilo que tem sido a regra. Joseph Ratzinger ainda está vivo e são. Por isso, não se compreende a falta de sentido de oportunidade que o mesmo manifesta, em oposição à clarividência exibida durante o exercício papal. Então, não seria de aproveitar a oportunidade e desatar já a miracular tudo quanto disso fosse passível? Logo agora, que não tem mais nada que fazer e está a gozar uma merecida reforma? Por que raio está a roubar, urbi et orbi, a suprema felicidade de ser canonizado ainda em vida? Além do mais, seria um estonteante golpe publicitário, que guindaria a ICAR para os lugares cimeiros do ranking das empresas religiosas. Está à espera de quê? De morrer? Mas isso deixa de ser original, não tem piada nenhuma: depois de morto, qualquer papa é canonizado. Em vida é que nunca aconteceu.
Julgo eu…