A inferioridade moral dos crentes
Por
Kavkaz
A inferioridade moral dos crentes tem a sua base objectiva na subordinação a postulados religiosos a que voluntariamente aderiram. O que é bom ou mau, justo ou injusto, honesto ou desonesto, decente ou indecente, moral ou imoral é definido não pelos próprios crentes, mas por outros, a quem o crente reconhece uma superioridade e se lhe submete voluntariamente.
A dependência religiosa que um crente aceita abre a possibilidade da realização voluntária e involuntária da vontade de terceiros, mandantes nos crentes, mesmo que isso traga prejuízo à vida do próprio crente. Os chefes religiosos ditam aos crentes regras do comportamento pessoal, as festas que eles devem comemorar e quando, o modo de vestir e em que situações, o que comer e de que forma preparar, como devem pensar, o que dizer e responder, etc.
Os chefes religiosos aprovam ou desaprovam o comportamento dos crentes e estes não devem colocar em causa a veracidade e a idoneidade das afirmações dos seus superiores. Os crentes reconhecem e aceitam voluntariamente a superioridade intelectual dos seus dirigentes religiosos e viverem com as indicações da vontade deles.
Os crentes acreditam e aceitam que os chefes religiosos sabem mais do que eles e estes lhes digam como eles devem viver. O agradecimento dos crentes aos superiores é pago por diversas formas: em tempo, em dinheiro, em valores materiais, imobiliário, com trabalho ou informações importantes da sua própria vida e de outros.
Os crentes devem sentir-se interiormente felizes e bafejados pela sorte por serem orientados por dirigentes religiosos, devem excluir quaisquer ideias contrárias que coloquem em causa a sua subordinação a eles. As ideias diferentes da sua religião devem ser consideradas como diabólicas, perniciosas, combatidas e expurgadas das suas vidas e da sociedade e os seus autores corrigidos e afastados do seu meio.
Os crentes tenderão a ser adversos ao humanismo e à democracia. A liberdade deles não poderá sair dos limites impostos pelos postulados da religião a que pertencem e não devem aceitar que outras pessoas possam viver com novas e diferentes ideias. Os crentes entendem que não deve haver possibilidade de ser-se feliz e viver tranquilo se recusarem a religião deles. Todos deverão ser dependentes, como eles são, e ficarem em igual situação de subordinação. Quem não aceite submeter-se deverá ser perseguido e obrigado a acreditar naquilo que os chefes religiosos deles afirmam. Caso os obstinados recusem, os crentes aceitam que os “infiéis” possam ser pressionados, perseguidos, presos, torturados e até mortos. É a vingança dos crentes contra as pessoas que ousem pensar e viver de forma diferente. Têm todos de ser dependentes da religião, como os crentes, e sentirem-se seres inferiores perante os superiores.
Para um religioso o comportamento deverá ser o da resignação e aceitação da vontade superior sem a questionar, até humilhar-se voluntariamente para apresentar provas da sua fidelidade à religião escolhida. Os crentes anseiam alcançar um prémio pelo seu empenho obstinado. Têm a hipótese, sem garantia, de conseguirem uma recompensa pelo cumprimento exemplar dos ditames da religião adotiva.
Entretanto, enquanto não chegar o prémio de fidelidade e subordinação dos crentes à vontade dos seus mandantes, eles poderão sempre imaginar e sonhar com tal recompensa e esperar alegremente por ela todo o resto da vida.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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