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Mês: Maio 2013

28 de Maio, 2013 Carlos Esperança

A CUMPLICIDADE DA IGREJA COM O NAZI-FASCISMO

Por

João Pedro Moura

Vejamos as acções bélicas imperialistas, cometidas pelos fascistas italianos e nazis alemães e as respectivas “respostas” do Vaticano:

1- 3/10/1935: invasão da Etiópia pelas tropas italianas. Um dos actos mais imperialistas e belicistas do séc. XX. Esta invasão foi pura conquista à moda antiga, a fim de que a Itália também pudesse ter um “império” e colónias, como a França e Inglaterra, suas inimigas. Nos dias seguintes a essa invasão, a imprensa italiana rejubilava com o facto e dizia que “Já temos um império!”…

O Vaticano manifestou o seu apoio, desde a mobilização, logo no dia 2, através do toque de “todos os sinos das igrejas de Roma, incluindo os de S. Pedro” (sede do Vaticano e maior igreja do mundo).

Em 12/5/1936, uma semana após a tomada de Adis-Abeba, capital etíope, Pio XI discursou nestes termos, à abertura duma exposição de imprensa católica:

“A coincidência da data entre [este dia] e [aquele] da alegria triunfal de todo um grande e bom povo para uma paz que quer ser, que pensa ser o coeficiente válido desta verdadeira paz europeia e mundial de que a própria Exposição é o claro símbolo.”

Portanto, um palavreado bacoco, que nada objecta à invasão imperialista em curso.

A cúria romana deu cerca de 500 milhões de liras para a campanha italiana na Etiópia, de Agosto de 1935 a Junho de 1936.

2- 9/4/1939: Pio XII faz uma homilia de Páscoa, 2 dias depois da invasão da Albânia pelo banditismo militarista e imperialista italiano, omitindo este nefando acto.

3- 20/4/1939: Pio XII enviou, com transmissão pessoal do núncio apostólico, Cesare Orsenigo, em Berlim, um telegrama de felicitações pelo 50º aniversário de Hitler (que desfaçatez!). Isto após a invasão da Checoslováquia e seu despedaçamento, em Março de 1939, pelas tropas nazis, que levantou um grande clamor entre os democratas europeus e provocou um toque a rebate de preparação para a guerra, por parte do Reino Unido e França.

4- Em 1/9/1939, começou oficialmente a 2ª Guerra Mundial com o ataque alemão à Polónia. Pio XII começou a receber, pouco depois, informações da própria igreja polaca, como foi o caso das religiosas do comité de socorros de Nazaré, contando-lhe as atrocidades que os nazis faziam à população civil, mas, tal pio papa nada fez para denunciar tais crueldades, oficialmente…

…Antes procurou justificar e compreender o ataque alemão dizendo que “A Polónia infelizmente tinha atraído contra ela o ataque alemão devido a certos excessos cometidos contra as populações germânicas”…

…Mas o cardeal Montini (futuro papa Paulo VI), admitiu, no início de Dezembro, que o papa Pio XII estava “plenamente instruído sobre as atrocidades que os alemães cometiam na parte da Polónia ocupada por eles”…

Em 30 de Setembro, tendo que dizer qualquer coisa, Pio XII discursou na presença do embaixador polaco no Vaticano, cardeal-patriarca e padres polacos, “exortando os polacos à aceitação cristã do sacrifício” e ao perdão das ofensas, rematando: “vós viestes, não para formular reivindicações, nem para exalar lamentações barulhentas, mas para Nos pedir (…) uma palavra de consolação e de reconforto no sofrimento.”

Pio XII nem disse nada sobre a invasão soviética do lado oriental da Polónia, desencadeada em 17 de Setembro, pois que esta dupla invasão, alemã e soviética, havia sido acordada no Pacto Germano-Soviético de 23 de Agosto de 1939, 9 dias antes da invasão alemã…

5- Acrescente-se a cumplicidade activa do Vaticano, através de associações católicas como o Instituto de S. Jerónimo e de organizações afectas à ICAR, como o Comité Internacional da Cruz Vermelha, na organização da fuga para a América do Sul por parte de criminosos nazis croatas e alemães, sobretudo, com passaportes da Cruz Vermelha…

Não foi por acaso que o nazi “monsenhor” Alois Hudal, adjunto de Pio XII, e em cooperação com o cardeal Montini (futuro papa Paulo VI), que dirigiu a operação de reciclagem e fuga de carrascos nazis, revelou no seu livro, “Römische Tagebücher. Lebensbeichte eines alten Bischofs”, (“Diário Romano. Confissões de Vida dum Velho Bispo”), de 1976:

“Agradeço ao céu por me ter aberto os olhos e dado a graça de ter podido visitar nos seus cárceres e campos tantas vítimas do pós-guerra, para os consolar, os ajudar e provê-los de falsos papéis, permitindo-lhes fugir para um país mais feliz.”

E foi assim que este facínora do Hudal safou Franz Stangl, antigo comandante dos campos de concentração de Sobibor e Treblinka, entregando-lhe um passaporte da Cruz Vermelha, sob beneplácito americano…

E mais haveria para dizer, mas chega…

… Mas a ICAR sempre colaborou com todos os Estados e poderes monárquicos, absolutistas, totalitários e repressivos com que se mancomunou, ao longo da sua história, sobretudo desde o Édito de Salónica, no ano de 380…

Já são 16 séculos de torpezas, de opressão antidemocrática, antiliberal e anticientífica.

As citações que referi neste artigo foram retiradas do melhor livro de referência, em matéria de relações entre a ICAR e Estados europeus no séc. XX:

“LE VATICAN, L`EUROPE ET LE REICH – DE LA PREMIÈRE GUERRE MONDIALE À LA GUERRE FROIDE, Annie Lacroix-Riz, Ed. Armand Colin, Paris, 1996

(http://www.amazon.fr/exec/obidos/ASIN/2200216416/qid=1107294697/ref=sr_8_xs_ap_i1_xgl/171-8994719-2751445)

ADENDA

E mesmo agora, em pleno liberalismo político e social em que vivemos, mais ou menos, a ICAR continua com as suas manias conservadoras, disparatadas e opressivas:

A Igreja é contra o divórcio, contra a união de facto, contra os contraceptivos, contra o coito sem casamento (como se uma pessoa precisasse de se casar para poder fornicar…), contra a masturbação, contra o aborto (mesmo que a grávida corra risco de vida, tivesse sido violada, fosse vítima de incesto ou o feto estivesse gravemente malformado), contra a eutanásia, contra o nudismo, contra os homossexuais, contra o casamento de homossexuais, contra a investigação em células estaminais, contra o sacerdócio feminino, contra o casamento dos padres (a única Igreja do mundo que proíbe o casamento dos seus padres…) …

São também a favor da discriminação entre rapazes e raparigas nos colégios católicos, sobretudo os da Opus Dei e Companhia de Jesus, pois que, não só, não admitem turmas mistas, como também não admitem sequer turmas de sexos diferentes na mesma escola, contrariando a livre convivência entre pessoas, mais do que entre sexos.

Acrescente-se a mania obsessiva da obrigação de usar fardeta, por parte dos alunos desses colégios, uniformizando-os, em atitude própria de maníacos da unicidade e do dogma, violando, opressivamente, a individualidade de cada aluno e o seu livre uso de roupas.

E fazem isto tudo, não porque se queiram aureolar de impolutos, sexualmente falando, mas sim porque têm uma mente e uma doutrina obcecadas com sexo, doentiamente obcecadas, por mais contrários ao mesmo que se aparentem mostrar.

São tarados sexuais.

Só assim é que se compreende a tamanha quantidade de padres que, apesar do voto tresloucado, estúpido e antinatural da castidade, que tiveram que fazer, aparecem em inúmeros casos de fornicação, homossexualidade e pedofilia. Não é um, mas sim 3 “pecados”!

Apelo aos católicos, que lêem este Diário de Uns Ateus, para que reflictam seriamente sobre a doutrina e história da Igreja Católica e que deixem o… catolicismo…

Com a ajuda deste Diário, o resto virá depois.

podres-nazistas-catolicos

28 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Cartoon

image002 (1) Tradução: Passou ali o teu marido e não te reconheceu

27 de Maio, 2013 David Ferreira

Francisco e as mafias

O Papa Francisco criticou as mafias que exploram os homens e os reduzem a uma espécie de escravatura moderna. Gabo-lhe a coragem. Quem conhece os meandros das mais perigosas organizações criminosas sabe que é necessária uma grande dose de coragem para as confrontar. Ficarei atento, contudo, para poder aplaudir de igual modo as medidas que Francisco por certo tomará no sentido de se alhear das contas bancárias dos grupos mafiosos que alimentam o IOR e os seus abutres…

27 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Aquilino Ribeiro – um escritor que fez escola

Há cinquenta anos faleceu Aquilino Ribeiro, o maior prosador da língua portuguesa da primeira metade do século XX.

A mãe quis destiná-lo ao sacerdócio e foi no seminário que aprendeu decerto o encanto da língua e o desencanto da fé. Aliou a carreira de êxito literário à intervenção política e ao combate cívico, primeiro pela República, depois contra a ditadura.

Sou suspeito a falar de Aquino, que li muito novo, onde encontrei palavras que do meu avô materno e pessoas iguais às que eu conheci. Escreveu sobre gente e paisagens que me eram familiares e o Malhadinhas era a síntese de vários aldeões vivaços e atrevidos que me tratavam por menino por não ter pergaminhos para me dizerem, ora oiça, meu fidalgo.

Escreveu «Quando os Lobos Uivam» num tempo em que as feras andavam à solta e os Tribunais Plenários ao serviço da canalha fascista. Com Aquilino vivi as histórias do volfrâmio de que o meu avô falava e apreendi que as sotainas não escondiam a virtude apregoada e que «Anda(va)m Faunos pelos Bosques».

Manejou a pena e a escopeta, com igual entusiasmo, ao serviço de uma República laica e democrática. A paixão da escrita e da liberdade foram o desígnio do beirão moldado pela rudeza das terras onde nasceu, donde resgatou para a literatura os regionalismos e para a sátira os costumes. A prosa fez dele o estilista que o salazarismo quis esconder e a democracia esqueceu mas a riqueza da sua escrita moldou os que aprenderam nele o gosto pela língua e o amor à liberdade.

Só em 2007 a Assembleia da República decidiu trasladar os restos mortais de Aquilino para o Panteão Nacional, perante o azedume dos que nunca o leram e viam no maçon e, quiçá, carbonário, um expoente da inteligência, cultura e espírito revolucionário.

No 50.º aniversário da sua morte, penso em « Príncipes de Portugal. Suas grandezas e misérias», e é a mestre Aquilino que agradeço ter-me ensinado a conhecer e a amar as terras e gentes da minha infância, a língua que escrevo do povo que sou e a irreverência que me acompanha.

As bombas do jovem anarquista detonaram sem estragos de maior mas a prosa deliciosa anda por aí à espera de quem frua o prazer de a resgatar das «Arcas Encoiradas» para visitar A Casa Grande de Romarigães, descobrir «S. Bonaboião, Anacoreta e Mártir»,e tantas outras pérolas da literatura portuguesa.

Mestre Aquilino, cinquenta anos depois da sua morte, é ainda o herói desconhecido e a referência culta que me conduziu até Saramago.

Foi ainda, através dele, que o clero começou a perder o poder e o respeito.

27 de Maio, 2013 David Ferreira

Liderança e coragem

Muitos louvam os discursos banais do recém eleito democraticamente Papa Francisco. Frases feitas, discursos repetidos ad eternum que caiem em saco roto e, invariavelmente, no esquecimento.

Ouça-se aqui um verdadeiro líder a discursar, com coragem, com sabedoria. Um discurso que não cai em saco roto, antes pretende romper alguns sacos hermeticamente selados e que não deve cair no esquecimento:

 

http://www.youtube.com/watch?v=uru9W6YUaA8

 

27 de Maio, 2013 Luís Grave Rodrigues

Católico

26 de Maio, 2013 Carlos Esperança

A laicidade como condição de paz e sobrevivência

laicidade

Repetir é didático. Reitero a minha determinação em defender todos os crentes de todas as religiões e em combater todas as crenças prosélitas, totalitárias, racistas, xenófobas e misóginas.

Os pregadores do ódio que nas mesquitas e madraças acirram os crentes contra os infiéis não fazem mais nem pior do que os cristãos, ao longo dos séculos, contra muçulmanos e judeus, ou estes contra os muçulmanos da Palestina.

Não podemos consentir que todos os crentes de uma ideologia totalitária vivam reféns do medo e da vingança tal como não podemos deixar-nos ficar à mercê dos que julgam ter o Paraíso à espera depois de nos liquidarem.

O primarismo islâmico, exacerbado pelo fracasso da civilização árabe, é terreno fértil para a conversão e espaço assassino para os apóstatas. O fanatismo dos convertidos é hoje tão ardente como o dos primatas que corriam ao apelo dos papas para as Cruzadas ou ao dos monges que ateavam as fogueiras da Inquisição.

É difícil convencer Governos democráticos a abstraírem-se dos votos, a pensarem nos deveres cívicos e de que é intolerável que as crianças cresçam sob a fanatização das crenças, tantas vezes patrocinadas por eles nas escolas públicas, mas é intolerável que qualquer religião goze de privilégios diferentes de outra associação cívica.

Não cabe aos Estados pronunciarem-se sobre as virtudes de um credo ou definir direitos em função do número de fiéis. Tal como acontece com os partidos políticos, que partem em igualdade de direitos para cada escrutínio, assim deve ocorrer com todas as crenças, em cada dia, e serem objeto de vigilância quando a sua perigosidade o justifique.

O racismo é execrável e o respeito pelas minorias uma exigência ética e democrática. Só não podemos conceder a nenhum Deus ou à sua ausência que o apelo à violência ou o direito de impor os preconceitos de uma religião se sobreponha ao Código Penal de um País laico e democrático.

Um incitamento ao crime é um crime em si mesmo, ainda que venha na Tora, Bíblia ou Corão, e não se vê que seja racional aceitar cultos de religiões que nos países onde são poder proíbem as que os consentem.

A paz e a liberdade não podem ser deixadas ao arbítrio de Deus, têm de ser a exigência de quem prefere morrer pela democracia a vegetar numa teocracia.