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Religião e arte

O facto de ser ateu não me impede de admirar a arte religiosa. Ainda vou tendo o discernimento suficiente para separar as águas de modo a entender um “Requiem” como arte musical e não como uma oração fúnebre.

Por isso não fiquei minimamente chocado quando um amigo que, recentemente, tinha visitado Roma e um dos bairros mais mal frequentados da capital italiana, me descreveu o encanto que sentiu ao visitar a Capela Sistina e a fabulosa pintura de Miguel Ângelo: “Tu não imaginas, pá, aquela perfeição, aqueles pormenores! Olha que até o umbigo de Adão é visível!”

Confesso que ainda não tive oportunidade de ver, ao vivo e a cores, a fabulosa pintura; mas também não é muito importante, porque a “Criação de Adão” está à distância de um clique. Tenho-a, agora, à minha frente, e dá para confirmar as palavras do meu amigo: Adão tinha umbigo.

Se tivesse sido feito pelo velhote, nunca poderia ter umbigo. Adão foi gerado, não foi criado.

Tal como o outro.

O J. Cristo.

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