Katherine Russel, viúva de Tamerlan Tsarnaev, é considerada pelo FBI uma testemunha-chave da investigação sobre o atentado na Maratona de Boston. Seu marido, morto após tiroteio com a polícia entre a quinta e a sexta-feira da semana passada, é um dos suspeitos das explosões da última segunda-feira (15).
Comentário: São necessários rigorosos cuidados higiénicos.
Trinta e nove anos passados sobre a manhã libertadora de Abril, regressaram o medo e a fome. Por ora não é ainda a PIDE que prende, é o desemprego e a destruição metódica e eficaz dos direitos conquistados que paralisam o povo e o lançam de novo na aventura da emigração, na incerteza do futuro e na tragédia da pobreza.
Os atuais governantes têm um projeto político extremista e o objetivo de cercear direitos e fizeram do país um laboratório do ultraliberalismo, “custe o que custar”. O desespero que espalham é a semente das convulsões que se avizinham num retrocesso que os mais pessimistas estavam longe de prever.
Apagam os símbolos identitários da Pátria com a alienação dos feriados do 5 de outubro e do 1 de dezembro enquanto o 10 de junho, com um PR de débil cultura, se transforma, como no fascismo, em altar da exaltação da raça, com os feriados pios a permanecerem por imposição do Vaticano, que despreza e humilha o país.
A reabilitação da guerra colonial está em curso, o regresso dos velhos valores têm um discurso, uma lógica e um projeto, seguidos pelos que nunca se conformaram com a perda do Império e o descrédito da ditadura. Só faltava empobrecer os portugueses e submetê-los pelo medo. A fome, o desemprego e o empobrecimento coletivo estão nos planos de um governo reacionário que vê no ultraliberalismo o caminho da salvação.
É o regresso mole a um passado afrontoso e a um quotidiano de desespero.
Abril cumpriu a descolonização, o desenvolvimento e a democratização e não foram os seus capitães que agravaram as desigualdades sociais ou contribuíram para a perda da generosidade, entusiasmo e solidariedade que galvanizaram Portugal e os portugueses.
Não se ignora a crise que se abateu sobre o mundo, mas não há justificação para a falta de equidade na repartição dos sacrifícios nem para a devastação dos direitos a que só a cegueira ideológica e o espírito de vingança marcam o ritmo e a seletividade.
A PIDE, as prisões políticas, a censura, o degredo, o exílio, a tortura, a discriminação da mulher, a violação do domicílio e da correspondência são dolorosas recordações dos mais velhos. Restauraram-se os direitos cívicos, implantou-se a democracia. É pouco? Nunca tão poucos fizeram tanto por Portugal como os capitães de Abril. Não deixemos agora que nos conduzam ao passado.
A escalada contra as conquistas de Abril pode ser parada. Comemorar Abril, ser fiel ao seu ideário e honrar os seus heróis é uma forma de dizer basta à mais violenta ofensiva da direita contra os seus valores, nos últimos 39 anos. Nada, absolutamente nada, pode ser pior do que o Portugal beato, rural e analfabeto que o salazarismo manteve graças à repressão policial.
Na ditadura o País não era a casa comum dos Portugueses. Era a cela coletiva dos que não fugiam. O 25 de Abril transformou Portugal. Tanto tempo nas nossas vidas, tão pouco na história de um povo. É tempo de recuperar o espírito de Abril.
Viva o 25 de Abril. SEMPRE.
COMUNICADO À IMPRENSA
Em face das notícias ontem veiculadas sobre o arquivamento, por parte do Ministério Público, de casos de abuso sexual envolvendo pelo menos cinco sacerdotes na Diocese de Lisboa, a Associação Rede de Cuidadores, que tomou a iniciativa de participar, em tempo oportuno, àquela entidade, informações por si recebidas sobre aquele tema, vem dar nota da sua posição:
1. A Rede de Cuidadores é uma associação não-governamental sem fins lucrativos, direcionada para a prevenção de maus tratos a crianças e adolescentes, seja qual for a origem dos eventuais agentes, mormente quando há suspeitas de abusos sexuais.
2. Quando considera existirem suspeitas fundadas, dá nota do que conhece aos órgãos competentes titulares da ação penal em Portugal.
3. No caso em referência resultou que, da investigação efetuada, o Ministério Público concluiu que o decurso do tempo impediu o procedimento criminal por, à luz da legislação aplicável, terem já prescrito os alegados crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual, parte deles visando menores.
4. Como se deduz de uma leitura atenta do comunicado, o Ministério Público não afirma que os alegados crimes não tenham ocorrido mas que, por o Código Penal em vigor na data apurada como sendo a da efetivação dos citados comportamentos criminosos, só aceitar a sua denúncia pelas vítimas, ou seus legítimos representantes, até 6 meses após completarem os 16 anos de idade, os mesmos foram arquivados.
5. Estranha-se por isso (e lamenta-se) que o porta-voz da Conferência Episcopal se congratule com o arquivamento por pessoas concretas terem sido ilibadas apenas… porque a lei aplicável era mais permissiva do que a atualmente em vigor.
6. Tanto quanto ao mundo dos leigos é permitido saber, não é esta a posição expressa no Direito Canónico, onde não existem prazos de prescrição para crimes desta natureza.
7. Considera assim a REDE que o citado porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa está a ter uma posição descuidada face aos grandiosos desígnios espirituais e sociais que, por missão, à Igreja cabem, nomeadamente quanto à busca da verdade e do aperfeiçoamento dos seres humanos.
8. Espera pois a REDE que pelo facto de, em face do arquivamento, formalmente não terem existido os abusos que aos órgãos próprios relatou, que a Igreja Católica Portuguesa, perante os relatos que lhe têm chegado, por várias vias e datas, tenha a coragem de acionar o que a este propósito determina a Lei Canónica, além de tomar os devidos cuidados para evitar situações análogas (tendencialmente reincidentes, em todo o mundo), perpetradas pelos mesmos ou outros sujeitos.
9. Entretanto a Rede de Cuidadores continuará a trabalhar atenta às instituições onde estes fenómenos estão naturalmente facilitados e continua a recordar aos dirigentes da Igreja Católica Portuguesa que enfiar a cabeça na areia nunca resolve quaisquer problemas humanos. Só a verdade é libertadora.
Lisboa, 23 Abril 2013
O Presidente da Rede de Cuidadores
Álvaro Andrade de Carvalho
O Apóstolo Valdemiro Santiago explica:
Todos devem pagar o dízimo a deus, inclusive os ateus
Nota: Enviado por Stefano Barbosa.
De vez em quando levanta-se, neste portal, a velha e relha questão de Deus existir ou não. Nada de especial, de considerarmos que este é o local, por excelência, apropriado a esse tipo de discussão. Só que, quando isso acontece, aparece sempre alguém que, fazendo exímio uso da difícil arte do “copy/paste”, tenta convencer os ateus de que, sim senhores, Deus até existe. Vai daí, pespega-nos, com uma catrefada de pensamentos e/ou ditos de personalidades que, em determinados momentos da vida, concluíram que, afinal, Deus existe mesmo. E não são personalidades fatelas, não senhores, são gente ligada à cultura, à ciência e a outras áreas de igual jaez, muitos deles premiados com o “Nobel”. E frases do tipo “Para mim, a fé começa com a percepção de que uma inteligência suprema trouxe o universo à existência e criou o homem” são jogadas, como se de trunfos se tratassem num tabernícola jogo de sueca. Entendamo-nos: esta frase, que coligi propositadamente, é paradigmática. Não passa de uma respeitável mas discutível opinião. E quanto ao “respeitável”, tenho as minhas dúvidas. De qualquer modo, e por muito paradoxal que pareça, a frase acima encerra uma imensa pedagogia. Na verdade, o sr. Arthur Compton, prémio Nobel da Física, está a ensinar-nos, tim-tim-por-tim-tim, com uma minudência de arrepiar, e de que só um laureado é capaz, como é que Deus foi inventado. Pois, foi assim mesmo. Olhando à sua volta, e sem poder responder à sacramental pergunta “como é que isto aconteceu?”, o Homem resolveu o problema: foi Deus.
O esquecimento é sempre uma coisa aborrecida. Por isso, acho bem que sejam recordados os valores intelectuais que acreditam em Deus; pela minha parte, e modestamente, recordo alguns valores, igualmente intelectuais, que não acreditam:
“Eu sou ateu porque não há evidência para a existência de Deus. Isso deve ser tudo o que se precisa dizer sobre isso: sem evidência, sem crença.” — Dan Barker.
“Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existem muito mais crentes do que pensadores.” — Bruce Calver
“Não, nossa ciência não é uma ilusão. Ilusão seria imaginar que aquilo que a ciência não nos pode dar, podemos conseguir em outro lugar.” — Freud
“As pessoas preferem acreditar naquilo que elas preferem que seja verdade.” — Sir Francis Bacon
O que pode ser afirmado sem provas também pode ser rejeitado sem provas.
— Christopher Hitchens
Se 5 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida.
— Anatole France
Se existisse um Deus bondoso e todo-poderoso, teria feito exclusivamente o bem.
— Mark Twain.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.