Loading

Mês: Março 2013

20 de Março, 2013 Carlos Esperança

O Iraque e as lutas intestinas dez anos depois da invasão

Na impossibilidade de levar a julgamento os quatro que, nas Lajes, traíram a verdade, o direito e a ética, para executarem o plano gizado previamente pela dupla Bush/Dick Cheney, o desprezo seria o lenitivo para a raiva e o nojo que sentimos, mas os efeitos colaterais não nos deixam em paz.

A ditadura de Saddam, ao contrário das teocracias vizinhas, tinha um cristão ministro e um Estado laico. Judeus e cristãos suportavam a ditadura e não eram molestados pelas crenças. Agora são já residuais, e em vias de extinção, perante o totalitarismo islâmico.

Destruído o país, após a matança que não poupou os próprios invasores, o Iraque virou campo de treino do terror islâmico e o Irão emergiu como potência regional e nuclear.

Da promessa de democratização, usada para consumo da opinião pública, não mais se ouviu falar. Apareceu uma nova Constituição que assimilou o Islão que, como é sabido, estima equitativamente a democracia e o toucinho.

O que se apresentou como ingerência humanitária foi um crime contra a humanidade, onde não faltaram a tortura, prisões arbitrárias e a destruição maciça de um país.

Bush, desonrado, regressou ao Texas onde sempre pode voltar ao álcool; Blair dedica-se aos negócios; Aznar anda por aí a dizer inanidades e em tráficos marginais; só Barroso ainda flutua com a conivência de velhas e novas amizades. Os cúmplices desapareceram e Berlusconi apenas se mantém na política para escapar à prisão.

A infâmia da agressão ao Iraque tem sido denunciada mas faltava ainda a mãe de todas as torpezas, corrupções e pulhices, após a vitória na mãe de todas as batalhas: faltava o enforcamento macabro de Saddam, a transformação do Iraque em campo terrorista onde o dinheiro desaparecido pode ter ultrapassado 50 mil milhões de dólares e o valor real jamais será esclarecido.

Na décimo aniversário da invasão, os iraquianos matam-se por vontade de Alá, entre as ruínas do país dilacerado por um bando de cristãos. E entregam-se às rivalidades tribais, xiitas e sunitas, assinalando o 10.º aniversário da invasão com uma onda de atentados.

lajes

20 de Março, 2013 David Ferreira

Apenas um sonho

Tive um sonho.

Sonhei que um defunto mental em avançado estado de jactância se dirigia a um enclave social da cidade de Roma, em voo Low Cost ( low para ele, cost para mim), com o intuito de negociar, com uma multinacional de seres imaginários, um empréstimo vitalício de esperança  para os pobres habitantes de um país que ele próprio contribuiu para empobrecer.

Ao seu lado, a estadear-se, uma nevoenta e redundante figura velada de negro, que me pareceu ser um morcego desasado, não pela forma, mas pela viseira rendada que a coroava e que lhe obstruía a visão, apenas lhe permitindo a orientação por intermédio de umas pavlovianas ondas sonoras  linguajadas em frequências impercetíveis ao comum dos racionais.

Acordei em sobressalto. Teria morrido? Encontrar-me-ia no Inferno?

De supetão, lembrei-me que era ateu e que até o pobre Diabo tinha sido despejado do seu domicílio privado com aquecimento central por falta de comparência às reuniões de condomínio. Tinha sido apenas um pesadelo.

Não volto a dormir a sesta depois de enfardar um lauto e sempre indigesto cozido à portuguesa…

19 de Março, 2013 Carlos Esperança

A poítica e a religião

image002_MPMSe a religião se mete na política, esta não pode deixar de controlar o proselitismo religioso.

19 de Março, 2013 Carlos Esperança

De Belém à Praça de S. Pedro

primeira_dama

O avião presidencial, de um país à beira da catástrofe, levou o presidente, a amantíssima esposa e o desleal escudeiro Paulo Portas à missa papal.

 

Nunca uma homilia ficou tão cara a 10 milhões de portugueses.

 

18 de Março, 2013 Carlos Esperança

De repente, sinto medo

De repente, sinto medo.

De repente, sinto medo. Não por mim, que já estive 52 dias em coma profundo gozando as «delícias do nada», não pelos que já tiveram da vida o seu quinhão e, muito menos, pelos que se repoltrearam à solta na gamela do orçamento, mas pelos que vão herdar as dívidas que deixamos, sem a água, o ar e a energia que estafámos na orgia do consumo.

Deixámos que a bomba demográfica explodisse, com 8 mil milhões de pessoas, quando o Planeta só consegue sustentar metade e sem as assimetrias que se consentiram.

Quando a fome vitimava centenas de milhares de crianças, longe das nossas fronteiras, quando a malária e a sida dizimavam o continente a sul da Europa era-nos indiferente o seu destino e a angústia das mães que tinham de escolher os filhos mais robustos para as acompanharem à procura de água e de comida.

Permitimos que o sistema financeiro se tornasse o deus do nosso futuro, tão insensível e perverso como aquele que os homens inventaram na Idade do Bronze. De repente, em Portugal, transformado num laboratório de experiências neoliberais, à mercê de agiotas e vampiros, sentimos que as últimas promessas que nos fizeram eram mais falsas das que outros já nos tinham feito.

Embalados no ódio e ressentimento clubista dos partidos da nossa perdição, sentimo-nos abandonados no mar da incerteza e na fogueira onde ardem as últimas ilusões das mais recentes mentiras.

Podemos arranjar bodes expiatórios, gritar contra os agiotas, injuriar os néscios que nos governam, mas não vejo propostas viáveis para nos libertarem do labirinto do desespero em que nos lançámos.

Digam-me quem nos emprestará dinheiro para a comida e os medicamentos quando nos cansarmos dos agiotas que já lá têm, hipotecado, o destino dos nossos filhos. Não basta dizer o que não queremos, urge saber o que podemos fazer. E ninguém nos diz. Gritam-se slogans, insultos e vaias enquanto os campos morrem, secam os rios e arde a floresta.

Só falta acreditar em deus e na sua bondade.

De repente, sinto medo.

18 de Março, 2013 Carlos Esperança

A ICAR está obsoleta

A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), incapaz de inovar, para manter fiel a clientela, regressou aos velhos truques numa sociedade alfabetizada. Os milagres, o aparecimento da Virgem (a obsessão pela virgindade é esquizofrénica) a uns pobres de espírito a quem transmite recados do divino filho, visitas do Cristo, ele próprio, a uns inocentes a quem faz pedidos patetas e um ror de prodígios capaz de adormecer crianças e imbecilizar adultos, são os truques em que reincide para manter a clientela e alargar a base de apoio.

Nem lhe ocorre encomendar hóstias com sabores às pastelarias diocesanas, perfumar a água benta com aromas testados à saída da missa pela pituitária dos devotos, temperar a água com que batiza as crianças, evitando o choro e o resfriado, ou inovar a música e ir além do cantochão. Até os chocalhos que anunciam a viagem da hóstia, rente ao sacrário, estão desafinados e distorcem o som com o verdete acumulado.

O passado pouco recomendável de papas, bispos e padres não ajuda à propagação da fé e à frequência do culto. O livro de referência – a Bíblia – tão arcaico e cruel, tão cheio de incoerências e maldições, não prestigia Deus nem facilita a vida ao clero.

Que resta, pois, à ICAR, perdido o medo do inferno, desinteressados homens e mulheres do destino da alma, incapaz de conter o consumo de carne de porco à sexta-feira, sem clientes para a compra de bulas e com o dízimo caído em desuso?

Cada vez se encontra em maiores dificuldades para introduzir no código penal o pecado como crime. Não consegue para os pecados veniais uma simples coima nem para os mortais uma pena de prisão. A blasfémia é ignorada em juízo, o divórcio é facilitado e o adultério deixou de interessar ao Estado. Apenas o aborto consegue ainda, em países de forte poder clerical, devassar a vida íntima das mulheres e submetê-las ao vexame de um julgamento e ao opróbrio da prisão. Até a apostasia, uma abominação para os pios doutores da ICAR, é uma prática com popularidade crescente e um direito inalienável.

Assim, resta à ICAR vociferar contra o preservativo, atirar-se à pílula como S. Tiago aos mouros e execrar a investigação em células estaminais. Já poucos lhe ligam quando apostrofa a eutanásia, afronta a proibição do ensino da religião nas escolas do Estado ou injuria os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Os últimos padres vão enegrecer ao fumo das velas, abandonados pelos crentes, impedidos de ter uma companheira que lhes alivie a solidão, enquanto os bispos e o papa satisfazem o narcisismo com a riqueza e o colorido dos paramentos. Acabam por descrer da virtude da Igreja, da bondade do seu Deus e a renunciar à salvação da alma.

Resta-lhe a festa do novo Papa, onde os crentes veem virtudes e os hereges procuram nódoas do passado.

17 de Março, 2013 Carlos Esperança

Sócios de IPSS de Coimbra decidem desvincular instituição da Igreja Católica

A ICAR é afastada embora a cruz permaneça.

Coimbra, 16 mar (Lusa) – Sócios do Centro Sócio-Cultural de Nossa Senhora de Lurdes, em Coimbra, decidiram, hoje, por “maioria qualificada”, rever os estatutos da instituição, no sentido de pôr fim à sua ligação à Igreja Católica.
Reunidos, durante a tarde de hoje, em assembleia-geral extraordinária, “mais de três quartos dos sócios presentes” decidiram mandatar os órgãos sociais para, no “prazo de três meses”, elaborarem uma proposta de alteração aos estatutos, de modo a desvincular o Centro da Diocese de Coimbra, disse, à agência Lusa, Pedro Nogueira, membro da mesa da assembleia-geral.

O Centro Sócio-Cultural de Nossa Senhora de Lurdes, vulgarmente conhecido por ‘Casa Cor-de-Rosa’, manterá a sua condição de IPSS (instituição particular de solidariedade social), mas “sem ligação à Igreja”, sublinhou Pedro Nogueira.

Durante o processo resultante da alteração dos estatutos (cuja nova versão terá de ser apreciada pela assembleia-geral) “imperará o bom senso”, pois “nenhuma das partes quererá pôr em causa os utentes” da instituição, salientou aquele responsável.

Na reunião de hoje, que decorreu nas instalações da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, em Coimbra, foi também “deliberado que os órgãos sociais exonerados” (os elementos da direção), pelo bispo de Coimbra, Virgílio Antunes, em finais de janeiro, reassumam, de imediato, as suas funções, sendo, assim, “reposta a legalidade estatutária”, adiantou Pedro Nogueira.

Depois de, em janeiro, ter destituído a direção, presidida pelo pároco local, Carlos Delgado, não homologando os órgãos sociais eleitos pelos sócios, Virgílio Antunes confiou a gestão do Centro a uma comissão executiva, liderada pelo padre Luís Costa, presidente da Cáritas Diocesana de Coimbra.

Como o bispo, também os padres Luís Costa e Carlos Delgado têm optado por não se pronunciarem sobre este processo.
Pouco depois de ser designado para liderar a comissão de gestão da ‘Casa Cor-de-Rosa’, o padre Luís Costa disse, à Lusa, que se trata de um função que assumiria durante um período limitado de tempo, durante o qual iria “tentar aproveitar” a oportunidade “para reorganizar a casa” e promover “uma modernização de processos”.

Com cerca de um milhar de sócios e mais de 30 trabalhadores, a ‘Casa Cor-de-Rosa’ dispõe de berçário, creche, infantário, clube sénior, apoio domiciliário, loja social, refeições sociais e apoio a sócios carenciados.

Lusa/Fim