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Mês: Fevereiro 2013

15 de Fevereiro, 2013 José Moreira

Hóstias roubadas

As televisões dão-nos notícia de que na zona de Bragança têm sido roubadas hóstias das igrejas.

Diz quem sabe que tais hóstias são destinadas a rituais satânicos – as chamadas “missas negras”. Adiantam, os peritos no assunto, que a venda de hóstias consagradas pode chegar a valer cinco mil euros. Não dizem se é à unidade, ao quilo ou à grosa.  Mas há uma pergunta que me anda a bailar na cabeça: como é que se sabe que as hóstias são “consagradas”? Levam selo de garantia, mudam de cor, ou o sabor é diferente?

15 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

O silêncio de quem silenciou

No dia 28 de fevereiro, às 20H00, o atual papa decidiu para si próprio o que em 1985 impôs ao teólogo Leonardo Boff: o silêncio.

Quem sabe se o anúncio público da sua decisão não foi a forma encontrada para o seu silêncio, escapando a ser silenciado?!

15 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Vaticano: Reflexões soltas…

Por

E – Pá

O clérigo Joseph Ratzinger, a caminho do estatuto de resignatário, dá mostras de ter perdido a guerra pelo poder temporal (para usar uma expressão da teocracia) nos labirínticos meandros do enclave do Vaticano.

Ontem, nas cerimónias religiosas do início da celebração da ‘Quaresma’ – um período de quarentena e de reflexão para aPáscoa – a que ainda presidiu, na qualidade de ‘chefe’ hierárquico da ICAR, afirmou: “O rosto da Igreja é por vezes marcado pelos pecados contra a unidade da Igreja e divisões no clero“. link.

Duas reflexões:

1. – A simbólica época escolhida para resignar parece obedecer a um desígnio (e cansaço) pessoal – que tem sido humanamente exaltado à exaustão – mas, antes disso, terá a ver com a tradicional representatividade alegórica que o cristianismo tanto utiliza. Fazendo-a coincidir com a Páscoa, ela (a resignação) evoca um percurso de ‘libertação’ tanto como é – historicamente – possível entroncar esta época celebrativa religiosa com um Êxodo (o que simbolicamente representa a ‘travessia do deserto’).

2. – O arrazoado de insinuações veladamente utilizadas pelo demissionário nesta sua homilia pós-renúncia como ‘divisões do clero’, ‘unidade da Igreja’, ‘fim da hipocrisia’, ‘rivalidades’ não é inocente, fazendo parte da esotérica linguagem ‘encriptada‘ da ICAR. Mostra como os recentes problemas que fustigaram o Vaticano, no centro dos quais poderão estar venais lutas pelo controlo do IOR bem como a descentralização do ‘poder apostólico’ (retirando perrogativas à Cúria) poderão ter-se encaminhado para um beco sem saída. Ou melhor, cuja saída passará por um novo conclave onde, a nível global, i.e., para além do restrito círculo da cúria romana acantonada no Vaticano, onde as ‘divisões’, as ‘intrigas‘  e as ‘rivalidades‘ são mais do que evidentes, se procederá ao necessário e inadiável ‘ajuste de contas’.

Significativo terá sido a circunstância de no último consistório, após o anúncio da renúncia, ter imediatamente usado da palavra o cardeal Angelo Sodano (ex-secretário de Estado e decano do colégio cardinalício) que a classificou como “um trovão em céu sereno”… link. Expressão vinda de uma eminência da Cúria, referenciada como um dos eventuais ‘corvos’ link, o mesmo que na Páscoa de 2010 (sempre na Páscoa!) sentiu necessidade de quebrar o rígido protocolo e anunciar frente a Ratzinger, em plena praça de S. Pedro, que …”A Igreja está com você!” link.

Entretanto, já longe das sonantes declarações de fidelidade e fugindo à tempestade que se avizinha, Joseph Ratzinger, prepara-se para uma perpétua e serena (?) clausura (a que terá sido ‘condenado’…)

14 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

Vaticano e Portugal. IOR e BPN.

Cada vez noto mais semelhanças entre Portugal e o Vaticano. O IOR e o BPN são dois bancos cujo rigor e honestidade causam calafrios nos meios financeiros internacionais e amplas vergonhas nos Estados em que operam.

O BPN levou à demissão de Oliveira e Costa. O IOR levou à demissão do mordomo do Papa e, por fim, do próprio B16.

Em ambos os casos são consideradas positivas as demissões o que significa que eram perniciosas as funções. Oliveira e Costa ganhou uma pulseira, B16 perde o direito ao anel.

A diferença relevante reside em quem paga as fraudes. Em Portugal são os contribuintes e no Vaticano são os crentes espalhados pelo mundo, através das ordens religiosas e dos centros onde se recolhem os óbolos e se distribuem bênçãos.

O Céu está cada vez mais caro.

14 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

O Vaticano e o IOR

Felizes os Papas que, depois do que se passou no banco do Vaticano (IOR), podem dormir sem pulseira.

13 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

O Presidente da República Francesa e o Papa demissionário

Reação de François Hollande:

« La République salue le pape qui prend cette décision mais elle n’a pas à faire davantage de commentaire sur ce qui appartient d’abord à l’Église », a-t-il ajouté. « C’est une décision humaine et une décision liée à une volonté qui doit être respectée »

13 de Fevereiro, 2013 Carlos Esperança

O Presidente da República e o Papa demissionário

«Quero, nesta ocasião, sublinhar a admiração profunda do Povo Português por Vossa Santidade e por um magistério que constitui exemplo de fé e de esperança, na defesa dos valores universais da tolerância e da paz».  (CAVACO SILVA  –  PRES. DA REPÚBLICA)

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Esta humilhante mensagem podia ter sido enviada por qualquer devoto, mas jamais pelo Presidente da República Portuguesa. Um país laico não se revê na subserviência do seu Presidente para com o chefe do único Estado totalitário encravado num país da União Europeia.

Cavaco Silva pode viajar de joelhos até Roma ou rastejar perante o único teocrata europeu mas não pode ferir a consciência dos ateus, agnósticos, livres-pensadores e membros de outras religiões.

O ato que julga protocolar é a ofensa gratuita e injusta de quem jurou a Constituição e tem o dever de a respeitar, comportando-se como representante de um Estado laico e não como regedor de um protetorado do Vaticano.

Num período de intenso desânimo e falta de amor próprio do País, as palavras de quem não distingue as convicções particulares das funções públicas que desempenha, são um ultraje a todos os portugueses alérgicos à água benta e de pituitária sensível ao incenso.

A atitude do devoto Cavaco Silva é simplesmente deplorável.