O Paraíso não é um bar de alterne, nem um lugar particularmente bem frequentado. A avaliar pelos santos que o defunto JP2 tirou das profundezas do Inferno ou do estágio no Purgatório, há hoje uma multidão de patifes a jogar as cartas com o divino mestre e a servir bebidas ao Padre Eterno.
Não sei se é Torquemada que toma conta do armazém das almas de crianças por nascer ou de adultos por batizar, pois sabia-se de ciência certa, com aquela honestidade que se reconhece ao clero, que os não batizados eram destinados ao Limbo, um sítio insípido, sem divertimentos nem crueldades como os que o Deus de Abraão criou como destino dos bem-aventurados ou das almas penadas. Agora, depois da extinção decretada por B16 o Limbo passou à categoria de erro teológico.
No armazém das almas o negócio anda próspero com a explosão demográfica a que se assiste. Mas Deus é um comerciante insatisfeito que quer despachar mais mercadoria.
É por isso que a ICAR é contra o planeamento familiar, a contraceção, o preservativo, a IVG, o DIU e a pílula. No Céu há uma alma para cada espermatozoide e é por isso que tanto o pecado solitário como a ejaculação noturna são uma catástrofe para o negócio.
Os clérigos, encarregados de tratar das almas e olhar pelo negócio, andam estarrecidos com o fim da perseguição criminal às mulheres que interrompem a gravidez. Sempre que podem fazem campanha pelo regresso à criminalização do aborto.
Aliás, para as religiões do livro, a mulher é um ser inferior que deve obediência ao marido e serve apenas para reproduzir e louvar o Deus da área da sua residência.
A promessa do ministro espanhol da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, de alterar o atual quadro legal para pôr fim ao direito à interrupção voluntária da gravidez, incluindo previsíveis anomalias fetais, levou os profissionais de saúde a mobilizarem-se.
Centenas de ginecologistas e obstetras opõem-se ao retrocesso civilizacional pretendido pela direita mais reacionária, que impele o Governo para posições superadas e regressar à discussão política de temas já considerados pacíficos.
O problema de saúde pública que levanta e o risco para as famílias a quem cabe o ónus de cuidar de deficientes graves, que um módico de humanidade pode evitar, não coíbe o ministro de abrir velhas guerras e restringir os direitos conquistados pelas mulheres.
O mais elementar exame de consciência da direita espanhola, daquela direita que calou o genocídio franquista contra o povo, a existência do garrote como método de execução para a pena de morte, as valas comuns e as bombas alemãs sobre Guernica, essa direita jurássica não pretende apenas manifestar as suas convicções, pretende impô-las a todos os espanhóis num processo de retaliação de que não prescinde.
O espírito dos reis católicos, Fernando e Isabel, a frieza de Torquemada e os métodos da Inquisição continuam a habitar a velha Espanha franquista, a sempiterna Espanha que se distinguiu pela crueldade da evangelização da América do Sul e extermínio dos índios.
O regresso à discussão do aborto serve para disfarçar a crise internacional que, tal como em Portugal, fustiga Espanha e, sobretudo, para distrair o povo da tragédia económica e social que o Governo é impotente para enfrentar e a que a União Europeia tarda em dar resposta.
Um seminarista agora, outro logo, hoje, amanhã e sempre sem preservativo
Em maio de 2006 o Vaticano comunicou a decisão tomada pela Congregação para a Doutrina da Fé sobre o Padre Marcial Maciel Degollado, fundador da Congregação dos Legionários de Cristo. Tendo em conta a idade avançada do Padre Maciel, bem como a sua precária saúde, renuncia ao processo canónico e «convida o Padre a uma vida reservada de oração e penitência, renunciando a qualquer ministério público».
Nunca afirmou que foram os abusos sexuais contra seminaristas que perderam o santo homem. Ao Papa Ratzinger interessou salvar a honra da congregação (500 sacerdotes Legionários, 2.500 seminaristas, 65.000 membros e 12 universidades) e do Movimento Regnum Christi, fundados pelo padre Marcial Maciel.
O padre era um pedófilo inveterado cujos escândalos eram abafados pela ICAR que via no fundador da congregação e de um movimento, ambos fortemente conservadores, um candidato à santidade. A sofreguidão por jovens seminaristas foi mais forte do que a fé.
Com a reputação desfeita diluiu-se o odor a santidade. A mancha não se fixa na alma (seja lá isso o que for). Não falta a benzina da confissão e a lixívia da absolvição, de seminarista em seminarista, até que a idade e a saúde ponham cobro ao desvario.
Os Soldados de Cristo não terão como os jesuítas, os franciscanos, os beneditinos e, até, o Opus Dei, o seu fundador canonizado, como é usual nas Ordens e Congregações com sucesso. O padre Maciel morreu com quase 88 anos e já sem odor a santidade.
Não vale a pena guardar dentes, unhas e, muito menos, o prepúcio do devoto soldado de Deus, aliás general de um exército de prosélitos. Não há relicários para relíquias de um bem-aventurado que, ao distribuir o corpo de Cristo só pensava no dos seminaristas.
Eis um caso frustrado de uma auspiciosa carreira de santidade. Foi a luxúria que o traiu, que lhe roubou a peanha onde a sua imagem seria adorada por seminaristas e devotos à espera da sua intercessão por milagres.
Claro que o tempo tudo apaga. Daqui por um século, se a congregação se mantiver rica, e pródiga para o Vaticano, os processos desaparecem, as virtudes serão exaltadas e os milagres aparecem. A ICAR é uma lavandaria com dois mil anos de experiência.
Post Scriptun – «O Santo Padre, pseudónimo do Papa Ratzinger, aprovou as decisões» A Congregação dos Legionários de Cristo e o Movimento Regnum Christi, obras fundadas pelo Padre Marcial Maciel, reagiram ao comunicado da Santa Sé sobre a conclusão da investigação das acusações feitas ao seu fundador com uma nota em que «renovam o compromisso de servir a Igreja». Já lá vão seis anos!
A pesquisa seguiu um modelo de dinâmica não-linear que tenta levar em conta fatores sociais que influenciam uma pessoa a fazer parte de um grupo não-religioso.
Cientistas analisaram dados colhidos desde o século 19
Analisando censos colhidos desde o século 19, o estudo identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirma não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, República Checa, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia e Suíça.
Quando procuravam elementos para escrever o seu livro “Os Mistérios de Jesus”, os autores – Peter Gandy e Timothy Freke – encontraram esta gravura. Na inscrição, pode ler-se “Orfeus Bakkus”.
O desafio que lanço, é simples: qual o significado da gravura e da inscrição?
João Pedro Moura comentou o post de Kavkaz:
Epicuro (341-270 a.c.), o grande filósofo grego, compreendeu perfeitamente, há mais de 2 000 anos, a inanidade da ideia de deus, ao comentar com uma demolidora e lógica argumentação, um incêndio que queimou um templo, no seu tempo:
“O fogo chegou à casa do vosso deus e consumiu-a:
Pergunto-vos: por que razão não evitou esta calamidade, se realmente é justo e bom?
Ou ele a quis evitar, mas não pôde; ou pôde e não quis; ou nem quis nem pôde, ou, enfim, quis e pôde.
Se quis e não pôde, é impotente; se pôde e não quis, é perverso; se não pôde nem quis, é perverso e impotente; se pôde e quis, é monstruoso.
Assim, para que prestais culto a semelhante divindade?”
3- A persistência da ideia de deus, no seio da humanidade,contra a evidência e, portanto, sem qualquer prova da sua existência,desafiando as mais simples regras da lógica e do bom senso, demonstra, por outro lado, que tal ideia maluca, a suposta existência de deus, é coisa bem entranhada, no imaginário humano, que não cai à primeira investida lógico-científica, mas sim com o desgaste do tempo e da educação e com um ambiente sócio-económico e intelectual favorável ao livre discurso e livre exame dos assuntos religiosos…
… E, mesmo assim, dura… dura…
Por
KAVKAZ
Os crentes estão convencidos que “Deus” é grande e os protege. Os ateus sabem que “Deus” é uma invenção humana e não existe.
Como o demonstrar? Com os factos. Há os acontecimentos que doem mesmo e provocam prejuízos incalculáveis. Um “Deus” sério e protector, amante dos crentes, “Omnipotente” e “Omnipresente”, como a publicidade religiosa enganadora inculca, nunca permitiria tais acontecimentos.
Os ateus gostam de falar a Verdade, mesmo quando ela dói. Colocam-se na vida real, não descem à fantasia dos crentes. Os ateus não caem na baixeza do engano religioso.
Demonstrar que “Deus” não existe pode ser feito de várias formas. Pela teoria, dizendo que o “Deus” afirmado no “Génesis” e que criou o mundo em 6 dias é apenas uma história para entreter os crentes. Eles precisam de ilusões para entenderem o mundo em que se encontram e dispensarem a Ciência que já descreve claramente a existência do mundo sem deuses. Pode-se demonstrar pela práctica, pela vida e pelos acontecimentos, que ninguém está protegido por “Deus”.
Um dos factos que nos mostram e provam a não existência de deuses é, por exemplo, a passagem devastadora da supertempestade Sandy por Nova Iorque. Ela causou dezenas de mortos, milhões de pessoas privadas de electricidade, prejuízos calculados de várias dezenas de milhões de dólares, casas destruídas e milhares de famílias deslocadas.
A passagem do furacão Sandy pode ter destruido anos de investigação científica sobre cancro e doenças cardíacas e neurodegenerativas. Os investigadores regressaram às instalações e depararam-se com “um cenário horrível”: milhares de ratinhos de laboratório mortos, células e tecidos provavelmente perdidos para sempre e estudos que terão de recomeçar da estaca zero. “Deus” não estará a favor da luta contra o cancro?
O que os crentes dizem a estes acontecimentos: “Graças a Deus”?; “God bless América”?
Estas afirmações decorativas e habituais não fazem qualquer sentido perante tanta destruição permitida por “Deus”. Tudo se torna claro e bate certo quando os ateus afirmam que a Natureza actua conforme as próprias leis científicas e os deuses não existem.
http://www.publico.pt/Mundo/furacao-pode-ter-destruido-anos-de-investigacao-medica-nos-eua-1569770
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.