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Mês: Novembro 2012

26 de Novembro, 2012 Carlos Esperança

A Escalada Beata e as Agressões Religiosas

Enquanto os judeus ortodoxos se agarram à Bíblia e à faixa de Gaza, os muçulmanos debitam o Corão e se viram para Meca e os cristãos evangélicos dos EUA ameaçam o Irão e a teoria evolucionista, os conflitos religiosos e o terrorismo regressam à Europa.

A emancipação do Estado face à religião iniciou-se em 1648, após a guerra dos 30 anos, com a Paz de Vestefália, e ampliou-se com as leis de separação dos séc. XIX e XX, sendo paradigmática a lei de 1905, em França, que instituiu a laicidade do Estado.

A libertação social e cultural do controlo das instituições e símbolos religiosos foi um processo lento e traumático que se afirmou no séc. XIX e conferiu à modernidade ocidental a sua identidade.

A secularização libertou a sociedade do clericalismo e fez emergir direitos, liberdades e garantias individuais que são apanágio da democracia. A autonomia do Estado garantiu a liberdade religiosa, a tolerância e a paz civil.

Não há religiões eternas nem sociedades seculares perpétuas. As três religiões do livro, ou abraâmicas, facilmente se radicalizam. O proselitismo nasce na cabeça do clero e medra no coração dos crentes.

Os devotos creem na origem divina dos livros sagrados e na verdade literal das páginas vertidas da tradição oral com a crueza das épocas em que foram impressas.

Os fanáticos recusam a separação da Igreja e do Estado, impõem dogmas à sociedade e perseguem os hereges. Odeiam os crentes das outras religiões, os menos fervorosos da sua e os sectores laicos da sociedade.

Em 1979, a vitória do «ayatollah» Khomeni, no Irão, deu início a um movimento radical de reislamização que contagiou Estados árabes, largas camadas sociais do Médio-Oriente e setores árabes e não árabes de países democráticos.

Por sua vez, o judaísmo, numa atitude simétrica, viu os movimentos ultraortodoxos ganharem dinamismo, influência e armas, empenhando-se numa luta que tanto visa os palestinianos como os setores israelitas laicos.

O termo «fundamentalismo» teve origem no protestantismo evangélico norte-americano do início do séc. XX. Exprimiu o proselitismo, a recusa da distinção entre o sagrado e o profano, a difusão do deus apocalíptico, cruel, intolerante e avesso à modernidade, saído da exegese bíblica mais reacionária. Esse radicalismo não parou de expandir-se e contamina o aparelho de Estado dos EUA, mesmo com os democratas no poder.

O catolicismo, desacreditado pela cumplicidade com regimes obsoletos (monarquias absolutas, fascismo, ditaduras várias), debilitou-se na Europa e facilitou a secularização. O autoritarismo e a ortodoxia regressaram com João Paulo II, que arrumou o concílio Vaticano II e recuperou o Vaticano I e o de Trento.

João Paulo II transformou a Igreja católica num instrumento de luta contra a modernidade, o espírito liberal e a tolerância das modernas democracias. Tem sido particularmente feroz na América Latina e autoritária e agressiva nos Estados onde o poder do Vaticano ainda conta, através de movimentos sectários de que Bento XVI foi herdeiro e protetor, se é que não esteve na sua génese.

A chegada ao poder de líderes políticos que explicitam publicamente a sua fé, em países com fortes tradições democráticas, foi um estímulo para os clérigos e um perigo para a laicidade do Estado. Por outro lado constituem um exemplo perverso para as populações saídas de velhas ditaduras (Portugal, Espanha, Polónia, Grécia, Croácia), facilmente disponíveis para outras sujeições.

A interferência da religião no Estado deve ser vista, tal como a intromissão militar, a influência tribal ou as oligarquias, como uma forma de despotismo que urge erradicar. A competição religiosa voltou à Europa. As sotainas regressam. Os pregadores do ódio sobem aos púlpitos. A guerra religiosa é uma questão de tempo a que os Estados laicos têm de negar a oportunidade. Só o aprofundamento da laicidade nos pode valer.

Talvez por isso o ódio de B16 à laicidade se tornou patológico. E do Islão nem vale a pena falar.

26 de Novembro, 2012 Miguel Duarte

Festa do Fim do Mundo

Ouvimos dizer que o mundo vai acabar … outra vez…

E o que poderá haver melhor que uma festa para celebrarmos o fim do mundo ou o Solstício ou a 6ª feira?

No dia 21 de Dezembro, pelas 21h, aparece no Vox Café mascarado da tua figura apocalíptica preferida e vem celebrar o fim do mundo!

Festa do Fim do Mundo

Imagem retirada de http://www.humortimes.com/3004/the-end-of-the-world/

Entre as 21h e as 23horas – a entrada inclui jantar. A partir das 23h a entrada será livre

Ementa Buffet “Festa do Fim do Mundo”

Creme de Cenoura c/ Abóbora
Salada Mista
Salda de feijão Frade c/ Atum
Saladinha de Polvo
Pastéis de Bacalhau
Croquetes
Quiche Vegetariana
Quiche de Frango e Cogumelos
Legumes Panados
Frango Assado
Carne Assada
Salada de Frutas
Bolo de Bolacha

Bebidas incluídas: Água, Sumo de Laranja, Chá Gelado, 7UP, Pepsi-Cola

Preço p/ pessoa: 10€

Nota: Apesar das bebidas alcoolicas não estarem incluídas no preço do buffet, a festa do fim do mundo não é abstémia.

Morada – Voz do Operário, Rua Voz do Operário 13 1100 Lisboa

Inscrições para o jantar via Meetup ou via Facebook.

A Festa do Fim do Mundo é uma iniciativa Vox Café n’A Voz do Operário em conjunto com a COMCEPT e o Humanismo Secular Portugal.

25 de Novembro, 2012 Carlos Esperança

O Papa, a criação de cardeais e a de frangos

É mais fácil criar cardeais do que criar frangos. Os primeiros são mamíferos e mamam a vida inteira; os segundos são granívoros e, em liberdade, fazem pela vida esgaravatando a terra; os cardeais usam o báculo e a mitra para ganharem a vida faustosa; os frangos servem-se do bico e das unhas para sobreviverem.

Os frangos servem para alimentar as pessoas; os purpurados alimentam-se delas. Quem cria os galináceos são as donas de casa que decidem quando os depenam, chamando-os ao som do piu!, piu!; os cardeais são criados pelo Papa que os chama em latim e decide quando podem depenar a diocese. Há bispos que perdem a cabeça por causa da mitra e frangos que perdem a vida por causa da mitra, que é a sua parte mais saborosa, mas têm destinos diferentes.

O papa B16 criará no próximo sábado seis novos cardeais vindos de várias partes do mundo. O número de frangos criados no Planeta são milhares de milhões que abanam a crista; os cardeais são em número reduzido e agitam o Cristo. Os frangos dão belos churrascos que deliciam os gourmets; os cardeais abdicaram do churrasco dos hereges porque a secularização lhes reduziu os poderes.

Um frango distingue-se de um cardeal porque o primeiro reveste o ânus com a mitra e o segundo cobre com ela a cabeça. A criação de frangos é universal e transversal a todas as religiões; a de cardeais é exclusiva do Papa e a capoeira é o Vaticano.

Não é preciso ser erudito para distinguir um galo de um cardeal. A utilidade e o volume são diferentes.

24 de Novembro, 2012 Carlos Esperança

Ateus, crentes e livre-pensamento

Os ateus não reivindicam superioridade moral. Não é a crença que faz alguém melhor nem o ateísmo que torna qualquer um pior. A influência do meio ambiente, a educação recebida, a instrução que se adquire e a matriz genética, fazem os homens. Os homens são eles próprios e a sua circunstância, como disse Ortega y Gasset.

Há crentes que visitam o Diário de uns Ateus e que demonstram tolerância, espírito de diálogo, sentido crítico e respeito pelos valores humanos. Mas isso não faz respeitável a sua religião nem universais os seus valores e, muito menos, prova a existência de Deus. Apenas faz deles cidadãos respeitáveis ou mesmo exemplares.

O Diário de uns Ateus procura preservar alguns valores que as religiões combatem – a liberdade individual, a laicidade do Estado e tratamento igual para todos os cidadãos, independentemente do sexo, da religião e da raça. É surpreendente que os crentes se não interroguem sobre a geografia das religiões e não reflitam sobre como se distribuem os credos pelo planeta e à custa de quanto sangue.

Outro aspeto inquietante é o facto de todas as religiões defenderem tratamento igual quando são minoritárias e afirmarem que «não de deve tratar de forma igual o que é desigual» quando são maioritárias – argumento usado até à náusea em Portugal, pela ICAR, na negociação da Concordata.

A religião só não é mais repressiva porque não tem força suficiente. A cada conquista exige sempre mais. Não dispensa o batismo de crianças de tenra idade, não desiste de tornar obrigatório o ensino religioso na escola oficial, interfere através das associações que domina nos conteúdos e programas escolares e no comportamento social dos que não são crentes. Condiciona o aparelho de Estado e influencia as leis.

A possibilidade do divórcio entre casais que contraíram matrimónio católico só foi possível depois do saudoso ministro da Justiça Salgado Zenha ter ameaçado com a denúncia da Concordata. As Escolas do Magistério Primário, até ao 25 de Abril, tinham uma cadeira de Religião Católica, igual a qualquer outra, que exigia nota positiva para a obtenção do diploma de professor. Ninguém era dispensado da missa de consagração do curso, da bênção da pasta e da fotografia com o bispo da diocese. Ninguém podia ser professor sem praticar a religião católica, embora a lei não fosse clara a esse respeito.

A admissão em Escolas de Enfermagem exigia um certificado de batismo católico e o atestado de bom comportamento passado pelo padre da paróquia de nascimento. Eram documentos necessários. E, no fim do curso, lá vinha a bênção, a missa da consagração e outras pias violências a que tinha de se sujeitar quem precisava de ganhar a vida.

Para conter a violência clerical é preciso uma vigilância constante. O combate às religiões e o direito à blasfémia são necessários para a preservação da liberdade de pensamento que as igrejas se esforçam por erradicar.

 

23 de Novembro, 2012 Carlos Esperança

Petição pelos direitos das minorias

Urge assinar uma petição contra a pena de morte para gays no Uganda. Recentemente, sob intensa pressão global, o parlamento ugandês retirou seu apoio à aprovação da pena de morte para gays. Mas essa lei hedionda está prestes a voltar para o parlamento.

Temos poucas horas para recolher um milhão de assinaturas contra esse projeto de lei — coloque seu nome agora e passe adiante!

http://www.avaaz.org/po/uganda_stop_gay_death_law/?kZMEGab