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Mês: Outubro 2012

8 de Outubro, 2012 Miguel Duarte

Passagem do filme “In defense of secularism”, seguida de debate

No próximo dia 17 de Outubro, nos encontros Ateístas e Humanistas de Lisboa, irá ser passado o documentário “In Defense of Secularism”, seguida de debate. Convidamos todos os interessados a participar e a vir conhecer o grupo (temos reuniões mensais).

Apresentação:

É a separação entre a Igreja e o Estado efetiva em todos os países europeus? É a laicidade um valor fundador da União Europeia?

Através deste documentário vamos discutir estes temas e o papel da Igreja em três países da União Europeia: Roménia, Irlanda e Itália.

Refeição (a participação no evento custa 7 Euro e inclui a refeição):

  • Pão e azeitonas
  • Folhado de atum e muffins de cenoura e frutos secos (opção vegetariana)
  • Salada
  • 1 Bebida (sumo ou cerveja mini)

Confirmações
Por forma a que se possa garantir um número de jantares adequado e uma disposição correta da sala, solicitamos que pff confirme a sua presença até dia 16, através do nosso grupo no meetup:

http://encontros.humanismosecular.org/events/71911062/

8 de Outubro, 2012 Ludwig Krippahl

Treta da semana: humano ma non troppo.

«A razão mais sublime da dignidade humana consiste na sua vocação à comunhão com Deus. […] O homem é, por natureza e vocação, um ser religioso. Vindo de Deus e caminhando para Deus, o homem não vive uma vida plenamente humana senão na medida em que livremente viver a sua relação com Deus.» Catecismo da Igreja Católica (1)

«Para se reencontrar a si mesmo e reassumir a própria identidade verdadeiramente, para viver à altura do próprio ser, o homem deve voltar a reconhecer-se criatura, dependente de Deus. Ao reconhecimento desta dependência — que no fundo é a descoberta jubilosa de ser filho de Deus — está ligada a possibilidade de uma vida deveras livre e plena.» Bento XVI (2)

Segundo o que ensina a Igreja Católica, e opina o seu dirigente, eu não sou plenamente humano, não estou à altura do próprio ser nem poderei viver de forma livre e plena. Enfim, é a opinião deles; têm direito a ela. E até explica porque é que o diálogo entre católicos e descrentes é tão improdutivo. Talvez se um dia me considerarem tão humano quanto eles me expliquem melhor como sabem tanto acerca destas coisas. Há, no entanto, uma coisa que me preocupa. O Programa de Educação Moral e Religiosa Católica tem como primeiro ponto das Competências Específicas, em todas as unidades lectivas, «Reconhecer, à luz da mensagem cristã, a dignidade da pessoa humana»(3). Será que os meus impostos servem para ensinar às crianças que eu sou menos que plenamente humano?

Via Michael Nugent.

1 – Catecismo da Igreja Católica, Primeira Parte.
2- Mensagem do papa bento XVI aos participantes no XXXIII meeting para a amizade entre os povos.
3- Programa de Educação Moral e Religiosa Católica (pdf)

8 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

Registo Civil Obrigatório – Mais de 101 anos depois

  1. Em 18 de fevereiro de 1911, com a inscrição obrigatória de todos os portugueses no Registo Civil, independentemente da confissão religiosa, a República transferiu da esfera paroquial para a tutela do Estado o registo de todas as pessoas, que passaram a ser cidadãos sem necessidade de batismo e a existirem sem necessidade de permissão eclesiástica.

    A lei que instituiu o Código do Registo Civil precedeu a promulgação da República Portuguesa e obrigou a que todos os registos paroquiais (batismos, casamentos e óbitos) anteriores a 1911 gozassem de eficácia civil e fossem transferidos das paróquias para as Conservatórias do Registo Civil, recém-criadas.

    Foi o início da laicização dos nascimentos, casamentos e óbitos, passando o Estado a ignorar as cerimónias litúrgicas da antiga religião do Estado. Em breve, em 20 de abril de 1911, a “Lei da Separação da Igreja do Estado” conferiu à República o carácter laico que a colocou na vanguarda da modernidade.

    Não foi pacífica a medida que transferiu o monopólio dos padres católicos para os funcionários civis e concedeu a todos os portugueses o direito de que apenas os católicos usufruíam. Hoje, mais de um século volvido, nem o mais empedernido dos crentes contesta a legitimidade e o alcance social da lei que a República criou num país a quem a monarquia tinha legado mais de 75% de analfabetos.

8 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

B16 – Um papa medieval

A dimensão das asneiras prova a infalibilidade. O ridículo dos milagres atesta a origem divina. O autoritarismo do Sapatinhos Vermelhos prova que o Espírito Santo disse aos cardeais em quem deviam votar.

Na ICAR o Espírito Santo tem sido abandonado nas orações e no respeito. Deixaram de lhe fazer festas, endossar pedidos e dirigir orações. Até a iconografia sacra o ignora.

A pomba caiu em desgraça. Foi ela que avisou Maria da gravidez indesejada. A Virgem, na sua divina ignorância, acreditava no método das temperaturas e, para preservar a fé, que é um dom do Espírito Santo, este voou até à Terra para a avisar da prenhez.

Mas a Igreja é como as mercearias. Desfazem-se dos monos e lançam no contentor do lixo os géneros avariados. Foi o que aconteceu ao Espírito Santo, sem devotos, preces, aparições ou festas litúrgicas.

Hoje, vale mais uma santinha de Balazar que passa anos sem comer, nem beber e em anúria, factos que o Papa JP2 confirmou, do que o Espírito Santo, apesar da linhagem aristocrática das velhas religiões donde o importaram e dos recados que fazia a Jeová.

Com o andar dos tempos restam os santos autóctones de que a IÇAR já fez stock e umas Virgens de origem duvidosa e pouco dadas a milagres, para entreter os crentes e nutrir o clero.

Deus é cada vez mais uma referência exótica com reles cotação na bolsa de valores da superstição. O latim ainda vai alimentar o Vaticano e restituir o brilho às missas.

8 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

A religião é contra a liberdade

As forças políticas representadas na Assembleia encarregada da redação da nova Constituição egípcia concordaram em manter o artigo dois, que estipula que “os princípios da lei islâmica são a fonte principal da legislação”, noticiou a agência Mena.

Além da preservação da cláusula tal como está redigida na Constituição anterior, de 1971, os partidos concordaram em criar um novo artigo que refere que aqueles princípios incluem toda a jurisprudência da sharia, a lei islâmica, e os fundamentos da Suna, as tradições do profeta Maomé.

Diário de uns Ateus – Onde para a primavera árabe?

7 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

Um antigo batizado…

O batizado de Dinis de Santa Maria Miguel Gabriel Rafael Francisco João de Bragança

Injustamente ignorado das primeiras páginas dos jornais, afastado da abertura dos noticiários televisivos e, perante a imperdoável distração da comissão organizadora do Porto – 2001, teve lugar no dia 19 de fevereiro de 2000 o batizado do menino Dinis de Santa Maria Miguel Gabriel Rafael Francisco João de Bragança, filho do Sr. Duarte Pio. A princípio julguei tratar-se de uma lista pra os padrinhos escolherem o nome mais bonito. Só quando percebi que todos os nomes passavam a ser propriedade do novo cristão, me dei conta da relevância do evento, abrilhantado, aliás, pelo Senhor Bispo do Porto, numerosos membros do cabido, proeminentes plebeus e piedosas senhoras da melhor sociedade.

Foi com alguma emoção que soube libertado dos riscos do limbo o pequeno Dinis através da água vinda expressamente do rio Jordão , embora eu preferisse por razões bacteriológicas a dos Serviços Municipalizados do Porto depois de convenientemente benzida. Escreveu Augusto Abelaira que o homem é o único animal que distingue a água benta da outra, mas nada referiu sobre a diferença da água captada no rio Jordão e a da bacia hidrográfica do Douro. Certo, certo, é que o menino ficou mais puro, liberto que foi do pecado original que carregava desde o dia 25 de Novembro 1999, data em que veio ao mundo por via baixa, num parto eutócico.

Houve patrocinadores e piedosas pessoas que contribuíram com mais de 6 mil contos para tão auspiciosa festa. Apenas temi, por se tratar duma virtude, que ao preço elevado a que ascendeu o primeiro sacramento pudessem tornar-se incomportáveis os primeiros vícios. No entanto, estou certo que as excelsas senhoras, que então acompanharam piedosamente o neófito no caminho da virtude, o não abandonarão com a sua solicitude no primeiro pecado, agora que se aproxima dos 13 anos.

6 de Outubro, 2012 Abraão Loureiro

Expliquem-me porque sou burrinho

Avé Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amen.

E eu aqui feito parvo pensando que ela era filha dele (tal como eu) e mãe do puto que lhe fez!

 

5 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

Os sacrifícios nas religiões

Por

Leopoldo Pereira

Seria fastidioso enumerar todas as seitas religiosas que, desde tempos remotos, enveredaram por práticas absurdas, como a “necessidade” de ofertar bens materiais, sacrifícios estúpidos, edificação de altares, templos, etc., às divindades que iam inventando.
Diz o dicionário: ALTAR é uma espécie de mesa ou lugar alto onde se oferecem sacrifícios aos deuses ou se fazem imolações. IMOLAÇÃO é um sacrifício com derramamento de sangue, oferecido à divindade.

Foram várias as civilizações antigas (consta existirem nos nossos dias seitas religiosas que ainda sacrificam animais), que nos altares assassinaram pessoas, por exemplo aos deuses Moloc, Baal, Zeus, aos dos Celtas, Germanos (deus Odin), Eslavos (deus Perun, a quem imolavam rapazes e raparigas) e aos deuses das civilizações Maias, Incas, Astecas (estes mataram milhares), etc. Também o Xintoísmo sacrificava homens. Quase todos os citados incluíam nas oferendas aos seus deuses outros animais. As raízes das três religiões monoteístas são de idêntico teor, não devendo os aficionados esquecer tais barbaridades. Havia templos (os mais importantes) que mantinham a fogueira acesa as 24 horas do dia e adiante verão para quê! Mais, o gosto pelas fogueiras foi reeditado pela ICAR na Idade Média, tendo terminado há pouco, no Séc. XIX. Livres-pensadores, hereges, bruxos, indesejáveis, foram torturados e arderam (ainda com vida) em grande número, para gáudio da assistência que, à semelhança das touradas e da matança do porco, faziam e fazem dos sacrificados uma festa! Consta que o número de mortos devido à atuação da Inquisição ronda os 9 milhões.

Na Bíblia podem ler vários textos sobre o assunto, tão eloquentes e elucidativos como estes:
“Se for holocausto de aves, a oferta será de uma rola ou de um pombinho. O sacerdote levá-la-á até ao altar e, destroncando-lhe o pescoço, queimá-la-á sobre o altar, depois de deixar escorrer o sangue sobre a parede do altar. Tirará o papo e as penas, atirando-os para o leste do altar, para cima das cinzas. Dividirá a ave ao meio, uma asa de cada lado, mas sem separar as partes. Então o sacerdote queimará a ave no altar, em cima da lenha que está sobre o fogo. É um holocausto: oferta queimada, de suave odor para o Senhor.”

“Se ofereceres ao senhor um animal grande, macho ou fêmea, deverá ser sem defeito. (…) Oferece ao Senhor a gordura. Os filhos de Aarão queimarão essa parte no altar, por cima do holocausto, em cima da lenha colocada sobre o fogo. É uma oferta queimada, de suave odor para o Senhor.”

Como disse, os textos que recomendam a imolação de animais são vários e alguns bem mais aterradores do que estes. A ementa incluía vacas, bois, cabras, ovelhas, cordeiros, cabritos e até aves. Os templos eram autênticos matadouros e as fogueiras não tinham mãos a medir. Segundo o Livro Sagrado, Deus curtia a cena, concretamente pelo cheirinho agradável…
Por estas e outras do género, que tenho vindo a abordar, é que a leitura da Bíblia estava interdita aos profanos. Martinho Lutero (Papa de Saxe), no Séc. XVI traduziu-a e, a partir daí, pessoas como eu podem e devem deliciar-se com as “larachas” nela inclusas.

Uma vez que veio à baila Lutero, convém acrescentar que este monge agostinho (professor universitário alemão), foi contra as indulgências decretadas pelo Papa Leão X (enviei-as aos amigos, não há muito tempo), achava que o Vaticano devia renunciar aos bens temporais (pois sim), era a favor do casamento dos padres, amaldiçoava os mosteiros, as imagens nos templos e o sacrifício da missa. Proclamou a liberdade de pensamento e de consciência. Claro que foi excomungado (só podia).
Seguramente eu seria um dos archotes vivos, se Inquisição ainda houvesse e isso não posso perdoar, como não perdoam os que “aplacaram” a ira de deuses cretinos, cobardemente assassinados pelos seus sacerdotes (“iluminados” convencidos de representarem a divindade).

Detesto altares e templos… só podem cativar-me arquitetonicamente. Sacerdotes também não aprecio, ainda que deva reconhecer existirem nessa área pessoas excecionais (como pessoas). Gosto de animais e sinto pelo que as religiões lhes fizeram ou fazem. Sou por eles.