No Islão Deus manda matar
Por
ONOFRE VARELA
O Jornal de Notícias do último dia 4 de Agosto, noticiou que, em Inglaterra, um casal matou a filha por crime de honra (!).
O referido casal, de origem paquistanesa, confessou em tribunal ter morto a própria filha, em 2003, por asfixia, lançando o cadáver a um rio. Shafilea Hamed tinha 17 anos e foi morta pelos pais porque eles consideraram que ela “desonrou a família por ter comportamentos culturais do ocidente”.
Isto de “matar por honra”, como que se alguém, no seu perfeito juízo, se sinta honrado por matar, tem as suas bases em princípios religiosos milenarmente sedimentados em raciocínios que, para um ocidental actual serão, no mínimo, desrespeitadores da vontade do outro, imorais e criminosos.
O que são comportamentos culturais do ocidente?
Ir ao cinema? Ao teatro? A um bar beber um copo com amigos ou com o namorado?! Sim. Tudo isto é considerado, pelos fundamentalistas islâmicos, crimes de honra, que só podem ser remediados com a morte violenta daquela mulher (só as mulheres é que são acusadas destes crimes. Os homens nunca desonram a família!) que namorou, que foi ao cinema ou que bebeu um copo em companhia de alguém que não fosse um macho da hierarquia familiar!
Há cerca de uma dúzia de anos, na Turquia, uma rapariga de 14 anos cometeu a imprudência de ir ao cinema sem a prévia permissão da sua família. Em reunião caseira de machos foi sentenciada a pena capital para a “portadora da vergonha familiar”, e um sobrinho da jovem, também menor, foi encarregado de executar a “justiça”. Sem pestanejar nem se interrogar por que haveria de fazê-lo, o moço aceitou, naturalmente, a incumbência como um rito a ser cumprido sem questionamento, e até se sentiu honrado por ter sido escolhido para aquela missão que lhe daria mais valia curricular de macho.
Nessa conformidade, saiu da sala, passou pela cozinha onde pegou uma faca, foi-se à tia… e degolou-a! Ainda está na memória de todos nós aquela dramática imagem divulgada pelas televisões de todo o mundo, e com chamada de capa em todos os jornais, que mostrava uma jovem envergando uma camisola vermelha, a ser apedrejada até à morte num ritual público que durou 30 minutos.
Ela era curda, tinha 17 anos e apaixonara-se por um rapaz que não professava a sua religião xiita. Por isso, um grupo de várias dezenas de homens, entre os quais se contavam familiares seus, matou-a no cumprimento da tradição de punir um “crime de honra”.
A 27 de Outubro de 2008 um caso idêntico foi notícia. Na Somália executou-se uma criança por apedrejamento. Tinha acabado de completar 14 anos mas os “justiceiros” declararam ter 24. Foi lapidada em público num campo de futebol na cidade de Kismayo. De seu nome Asha, a menina foi violada por três homens de um poderoso clã. Estava só. O pai vivia num campo de refugiados no sul do Kénia desde 1992 — onde
ela nasceu em 1995 —, fugindo aos actos terroristas de Mogadíscio. Ia de viagem, integrada num grupo, tentando chegar a casa da avó. Os três violadores apanharam-na numa noite e conduziram-na a uma praia onde consumaram as violações. Chorosa, telefonou ao pai que a aconselhou a dirigir-se à polícia. Ela assim fez e os violadores foram presos.
Os familiares dos três homens procuraram a queixosa e convenceram-na a retirar a queixa. Prometeram-lhe muito dinheiro e que a colocavam na casa da avó. Era esse o seu desejo, por isso aceitou a promessa e retirou a acusação. De imediato foi presa como prostituta, bígama, adúltera e acusada de tentar extorquir dinheiro aos três homens… que
foram libertados! No dia seguinte Asha foi levada ao campo de futebol. Amarrada, foi enterrada até à altura do peito, cobriram-lhe a cabeça com um capuz, e um grupo de homens iniciou o arremesso de pedras até que sucumbisse.
A fé religiosa é, também, um elemento cultural identificativo de um povo… mas isso não quer dizer nada mais para além disso mesmo, e a sua importância cultural é relativa. Um povo pode estagnar na fé ou dar saltos evolutivos na procura do saber. Cada cultura tem as suas próprias características que marcam as diferenças e as semelhanças perante as outras, e que se manifestam em pormenores por vezes difíceis de imaginar. Por exemplo: quando se pede a alguém para que alcance um objecto colocado no princípio da prateleira, esta simples tarefa não é executada do mesmo modo em todas as culturas. Para um ocidental, o princípio da prateleira é o lado esquerdo, enquanto que para um árabe será o lado direito, já que a indicação de “princípio”, enquanto localização, é interpretada como “sentido da leitura” e, como se sabe, os árabes lêem da direita para a esquerda.
Os princípios culturais não desculpam crimes contra a Humanidade.
O Vaticano promoveu crimes idênticos na sua época áurea de séculos, quando detinha o poder máximo na Europa, e ainda hoje andamos a pagar a factura. A ICAR hoje não mata… mas mói!… Domina o pensamento da maioria parlamentar e interfere na política que nos tortura.
Quanto mais religioso for um povo, mais ignorante ele é. A ignorância cria prepotência e a “religião maioritária” acaba por esmagar um povo.
De facto, Deus foi a pior, e a mais tenebrosa, invenção do Homem. Sem o conceito de Deus o mundo seria melhor.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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