19 de Julho, 2012 Carlos Esperança
O ódio de um genocida católico
Vaticano promete “reforçar” esforços em luta contra lavagem de dinheiro
O Vaticano está disposto a “reforçar” os seus esforços na luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, declarou nesta quarta-feira um funcionário de alto escalão da Santa Sé, após a publicação de um relatório do Conselho da Europa neste sentido.
Com a fúria canonizadora dos dois últimos papas não sei se Pio XII já foi promovido a santo ou se ainda permanece um simples beato. Aliás, tendo o beato direito a adoração local, não sei se um beato pode ser adorado em toda a União Europeia, espaço onde o Vaticano é a última teocracia.
Pio 12 não foi um celerado que arrancasse olhos aos sérvios, um carrasco que estivesse nos campos de concentração a assassinar judeus, um biltre que usasse as próprias mãos para despachar hereges a caminho do Inferno.
Pio 12 foi apenas um Papa católico, amigo da ordem e da paz, antissemita como os seus pios antecessores e anticomunista como os sucessores. Foi com muita mágoa – dizem os panegiristas de serviço –, que assistiu em silêncio ao extermínio dos judeus e, depois da guerra, para compensar, converteu conventos e seminários em refúgios nazis, enquanto a diplomacia do Vaticano arranjava passaportes para a América do sul.
Não se pode condenar Pio 12 pelo antissemitismo. É um dever que o Novo Testamento impõe, é o culto de uma tradição que alimentou as fogueiras do santo Ofício e um preito de gratidão a todos os santos que perseguiram judeus e moiros e dilataram a fé.
Pio 12 apenas queria celebrar concordatas com os Estados fascistas, proteger as famílias cristãs dos malefícios do divórcio e assegurar às crianças o ensino obrigatório da sua fé. Haverá odor que mais agrade a Deus do que o de um herege a ser queimado? Ou maior delícia de quem segue uma religião verdadeira do que a tortura de quem siga uma falsa?
Claro que Pio 12 deve ser canonizado. Quantos biltres o não foram já? O problema que lhe complica a vida é não ser incluído em levas de centenas e, na sua singularidade, ter ainda quem se lembre de que o Vaticano foi um antro de conivência com o fascismo.
Mas não aconteceu o mesmo com JP2, um papa que fazia milagres em vida, apesar de só os mortos terem alvará para o negócio?
Ora, canonize-se o cadáver. Com os anos que já leva de morto, há muito que não fede.
Conselho da Europa diz que Vaticano pode fazer mais
O Banco do Vaticano melhorou “bastante” os mecanismos de controlo ao branqueamento de capitais nos últimos tempos, mas há ainda aspetos a corrigir, considera o Conselho da Europa. O Vaticano está pronto a reforçar esses mecanismos.
Centenas de evangélicos com faixas e gritando palavras de ordem realizam protesto em frente a um terreiro de matriz africana e afro-brasileira – candomblé, umbanda e jurema. As imagens poderiam ser de um filme sobre a Idade Média.
Deixe-me dizer-lhe que subscrevo inteiramente as suas palavras. Na verdade, se o anterior governo dizia mata, este diz esfola. E o senhor falou em corrupção precisamente numa altura em que as autoridades andam a investigar negociatas a que membros do governo não são alheios. No entanto, não lhe reconheço o direito de dizer o que disse. Ou seja, o tiro foi certeiro, a arma é que não foi a adequada, isto para utilizar terminologia da tropa.
Vou tentar explicar.
O senhor disse cobras e lagartos do actual Governo – precisamente o Governo que lhe aconchega a carteira ao fim do mês. Mas isso até ainda é o menos; há muitos funcionários públicos a dizer mal do Governo, e não é por aí que o gato vai às filhoses. O grande problema, senhor bispo, é que o senhor falou enquanto bispo. Pelo menos, envergava um dos fardamentos da função. E embora a ICAR tenha vindo, mui lesta, dizer que o senhor exprimiu uma opinião pessoal – nem outra coisa era de esperar – a verdade é que era o bispo das Forças Armadas que estava a falar. E é aí que eu começo a não concordar.E sabe porquê? Porque se trata de uma indecente ingerência da Igreja nas questões governativas. Do Estado, portanto. Já ouviu falar em separação? Pois…
Diga-me uma coisa: se, por hipótese meramente académica e completamente absurda, dado o permanente ajoelhar governativo, um membro do Governo se pronunciasse relativamente ao celibato dos padres ou ao sacerdócio das mulheres, como reagiria?
Pois é. Há situações em que fica muito mal morder a mão que alimenta.
Em simultâneo no À Moda do Porto
Partido do governo da Tunísia quer criminalizar ataques ao islamismo
O partido islâmico Ennahda, que governa a Tunísia desde a queda do ditador Zine El Abdine Ben Ali, aprovou nesta segunda-feira uma disposição que torna crime qualquer ataque ao islamismo, após um congresso do partido.
Ao ler a declaração final, o presidente do congresso do Ennahda e ministro tunisiano da Saúde, Abdelatif Mekki, disse que os delegados incluíram uma moção para “criminalizar os ataques ao sagrado”, e que tal medida fará parte do programa político do partido.
Comentário: A liberdade religiosa não existirá.
Têm-me dito muitas vezes que a ciência apenas nos explica o “como” das coisas e só as religiões nos dizem o “porquê”. Isto tem vários problemas. Nunca dizem, em concreto, qual é o porquê. Não conseguem chegar a consenso acerca do porquê. Assumem gratuitamente que o porquê envolve sempre um quem. Mas o pior de tudo é insistirem que a ciência não explica o porquê, o que é obviamente falso. Vejamos, como exemplo, a lesma banana, Ariolimax dolichophallus, mais o seu pénis e estranhos hábitos sexuais.
Como é de rigor entre lesmas e caracóis, a lesma banana é hermafrodita. E, sendo descendente de um antepassado caracol, tem o ânus e os órgãos sexuais na cabeça, apesar de já não ter a casca que originou essa configuração desconfortável. Há quem lhe chame “design inteligente”. Como resultado, a cópula das lesmas consiste numa troca de esperma em que cada uma literalmente f*** a cabeça à outra. Durante horas, que as lesmas não são bicho para pressas. E com um pénis quase tão comprido como a própria lesma, que pode chegar aos 25cm. Mas mais estranho ainda é o seu comportamento sexual. Há cerca de um século, Harold Heath notou que uma em cada vinte lesmas banana não tinha pénis, ou tinha apenas uma pequena parte do pénis. Achou estranho. Sendo hermafroditas, todas deviam ter pénis. Heath procurou então perceber como é que estas lesmas ficavam sem pénis, o que rapidamente descobriu. No calor do momento, por vezes uma lesma come o pénis da outra, que normalmente retribui o favor.
Fonte: Last word on nothing e Boing Boing.
Estava então respondido o “como”, mas o “porquê” foi mais difícil. Demorou um século até se encontrar a resposta. Que, como devem imaginar, não tem nada que ver com planos divinos ou o espírito santo. A explicação é mais prosaica. Quando uma lesma fornece o seu esperma à/ao companheira/o* tem vantagem que a outra se fique por aí. Porque quanto mais vezes a outra lesma copular, e quanto mais esperma obtiver de terceiras, menos ovos serão fertilizados pelo esperma da primeira. A hipótese avançada para explicar porque é que uma lesma banana come o pénis da outra é que esta mutilação reduz a probabilidade de novos encontros sexuais, aumentando assim o número de descendentes da canibal. O único senão é que a outra aproveita para lhe fazer o mesmo. O trabalho fascinante da Brooke Miller (1) tem sido testar esta hipótese, recorrendo a marcadores genéticos que lhe permitem seguir e contabilizar a descendência de cada lesma, medindo directamente a aptidão de cada lesma para deixar descendentes. Até agora os dados confirmam a hipótese de que a razão fundamental – o porquê das lesmas comerem o pénis uma à outra – é a competição ao nível do esperma (2). É daqui que vem a pressão selectiva para este comportamento.
Esta explicação vai ao fundo da questão. Se nesta linhagem de lesmas, durante muitas gerações este comportamento levou, em média, a um número maior de descendentes, não é preciso invocar outros factores – nem inteligência divina, nem propósito nem omnipotência – para perceber o como e o porquê do comportamento. As lesmas que não se comportavam assim simplesmente não deixaram descendentes suficientes para serem antepassados de alguma lesma de hoje. Eis o porquê, que a ciência revela. Acrescentar a isto um porquê religioso é completamente desnecessário, se bem que até seria engraçado ver uma religião a tentar explicar, em detalhe, o porquê do seu deus criar lesmas que comem o pénis umas ás outras.
* Sendo hermafroditas, não têm os nossos problemas com o sexo ser homo ou hetero. Ninguém as avisou que a homossexualidade é contra a Lei Natural.
1- Página pessoal da Brooke Miller.
2- Resumo da dissertação Sexual conflict and partner manipulation in the banana slug, Ariolimax dolichophallus.
Em simultâneo no Que Treta!
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