Dissertação sobre a dúvida da existência de deus…
Dissertação sobre a dúvida da existência de deus…
Sobre a não existência
O ónus da prova pertence aos que primeiro afirmaram deus existe e não aos que depois disseram deus não existe. Ninguém poderia, no ponto de vista histórico e antropológico, ter afirmado deus não existe, se, anteriormente, alguém não tivesse dito “deus existe”.
O princípio da afirmação da existência precede o princípio da afirmação da não existência. Não me peçam para demonstrar que deus não existe, sem antes pedirem a respetiva demonstração aos que primeiro afirmaram que deus existe. Durante muitos séculos, judeus e cristãos andaram enganados, julgando, como dizem as escrituras, que a Terra é o centro do Universo, um dogma que Copérnico e Galileu, através da ciência, arrasaram, com a teoria heliocêntrica, dando assim razão aos que, antes deles, acreditavam que a Terra não era o centro do Universo.
Também aqueles, que andam agora a dizer que deus existe, estão a validar a afirmação daqueles que dizem que deus não existe, a única fórmula que até agora é verdadeira, pois ainda ninguém viu a criatura. Em resumo: demonstrem-me primeiro que deus existe, e só depois, então, poderemos falarO principio da afirmação da existência precede o princípio da afirmação da não existência. Não me peçam para demonstrar que deus não existe, antes de terem pedido a respetiva demonstração aos que primeiro afirmaram que deus existe. Durante muitos séculos, judeus e cristãos andaram enganados, julgando, como diziam as escrituras, que a Terra era o centro do Universo (um dogma). No século XVII, Copérnio e Galileu, através da ciência, arrasaram este dogma, com a teoria heliocêntrica, dando assim razão aos que antes deles acreditavam que a Terra não era o centro do Universo. Também aqueles que andam a dizer que deus existe, estão a validar a afirmação daqueles que dizem que deus não existe. Em resumo: demonstrem-me primeiro que deus existe, e, então, depois,poderemos falar.
Sobre a existência
O meu vizinho de cima, um velho de noventa anos, dá, todos os dias, apoiado nas suas muletas, três saltos mortais, fazendo um grande estardalhaço no prédio. Um salto, de manhã, antes do pequeno-almoço. Um segundo salto, ao meio dia, antes do almoço e um terceiro, ao fim da tarde, antes do jantar. Dispensa o quarto salto, antes de se deitar, pois tem medo de morrer durante o sono, pelo efeito da turbulência cerebral, segundo me disse.
Fiquei admirado com a agilidade do velho e pensei logo que aquilo poderia dar uma boa história sobre o fenómeno do sobrenatural.
Contei isto ao meu vizinho do lado, e ele não acreditou, ao ponto de se ter dado ao trabalho de passar vinte e quatro horas com o ouvido colado à porta do meu vizinho de cima. Veio dizer-me que apenas ouviu o velho a ressonar durante a noite, acrescentando que eu devia estar a delirar.
Fiquei ofendido com a afronta, e, de maus modos, respondi-lhe que iria espalhar a boa nova por toda a parte. Ao fim de dois meses já tinha milhares de crentes, em fila, à porta do meu prédio, para ouvirem o estardalhaço provocado pelos saltos mortais do velho. Lembrei-me depois de começar a cobrar um pequeno óbolo, que dividia com o velho. Tudo isto enfureceu o meu vizinho do lado, que não se cansava, sem qualquer êxito, de, perante todas aquelas pessoas, que aguardavam a sua vez de ouvir o extraordinário fenómeno, acusar-me de charlatão.
Comecei a perceber que tinha inventado um deus…
Alexandre de Castro
Lisboa, Julho de 2012
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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