Uma das frases mais recorrentemente lidas e/ou ouvidas, é esta: “Deus ama-nos” ou, em alternativa, “Jesus ama-nos” – o que vem a ser a mesma coisa, como se sabe.
Em qualquer dos casos, é mentira. Vamos por partes.
Em primeiro lugar, acho que é suprema arrogância afirmar “Deus ama-nos” como se as pessoas que o afirmam conhecessem os sentimentos de Jeová. Suponho que só a A. Solnado é que pode fazer tal afirmação, já que parece que toma o pequeno-almoço todos os dias com Jesus que, como toda a gente sabe, é tão deus como o outro.
Depois, o deus oficial desta parte do mundo é aquele que vem referido na Bíblia. Não há outro como, aliás, ele próprio determina no artº 1º da Lei Mosaica: “Não terás outros deuses diante de mim” o que me parece absurdo, porque se ele é único, como é que poderia, o povão, ter outros deuses? Será que ele queria dizer “Não inventarás outros deuses além de mim”?
Adiante, e continuemos na hipótese, meramente académica e estupidamente absurda, de esse deus existir. Esse, ou outro qualquer; aliás, sem essa hipótese este artigo não faria qualquer sentido.
O deus da bíblia ama um único povo: o povo hebraico. Os hebreus são, ainda de acordo com a bíblia, o “povo eleito”, a quem Jeová prometeu uma terra que, por isso mesmo, passou a chamar-se Terra Prometida. Prometeu mas não cumpriu, como bom político que é. Os outros, os não judeus,são gentios, criaturas de segunda, a quem os judeus podiam matar livremente, e escravizar. Daí que faça todo o sentido o mandamento “Não matarás”. “Não matarás”… outro judeu, porque os outros, os gentios, podes matar à vontade. Aliás, a Bíblia descreve, com mórbidos pormenores, várias cenas dessas matanças.
Daí que me cause perplexidade a adoração que os gentios – os não judeus – manifestam por um deus que, explicitamente, os despreza. Um deus descrito num livro redigido por judeus e para os judeus.
Na Nigéria, lenta e metodicamente, o ódio religioso vai semeando a morte. Não é um assunto que preocupe especialmente a comunicação social, apesar de ataques frequentes às igrejas cristãs. Na última semana mais de 200 pessoas foram mortas, vítimas do ódio sectário de muçulmanos exaltados.
Em África há um duelo entre o islão e o cristianismo radical. O islão é apoiado pela Arábia Saudita e está a impor-se nos países do Sahel (Senegal, Mali e Níger) enquanto o cristianismo evangelista progride na África do Sul, Costa do Marfim, Benim e Libéria, graças à ajuda financeira dos EUA e das grandes igrejas evangelistas.
A Nigéria tornou-se um palco do duelo entre dois monoteísmos, islâmico e cristão, em luta pela hegemonia religiosa em África. Ao contrário do que sucedia até 1990, quando todas as religiões coexistiam nas cidades nigerianas, hoje o norte encaminha-se para o exclusivismo muçulmano, ansiando a sharia, e o sul abraça o cristianismo, acentuando as clivagens tribais e ameaçando as religiões minoritárias e as tradicionais.
O Ruanda foi vítima de um genocídio porque, entre outras razões, a demência religiosa excitou as rivalidades tribais entre tutsis e utus, levando à chacina de meio milhão de pessoas, a violações em massa e a centenas de milhares de refugiados. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram partido em ambos os lados na orgia de sangue e crueldade que trouxe para a ribalta dois países – o Uganda e o Ruanda –, pelas piores razões. Parece esquecida a tragédia quando o terrorismo do mais implacável dos monoteísmos – o Islão – recrudesce na Nigéria.
Todas as religiões são pacíficas, se o Estado for laico e se a repressão política contiver o totalitarismo religioso. Cada religião considera falsas todas as outras e, decerto, todas têm razão, mas cabe aos Estados defender a liberdade religiosa negada pela vocação fascista dos vários credos que à coexistência preferem o confronto.
O proselitismo é uma perversão que urge erradicar. Christopher Hitchens, recentemente falecido, tinha razão: Efetivamente, deus envenena tudo.
Um homem indonésio de 31 anos, identificado apenas como Alexander, está sendo processado criminalmente sob acusação de afirmar no Facebook que Deus não existe. Segundo a polícia da Indonésia, Alexander questionou, em um grupo da rede social destinado à defesa do ateísmo, a existência do ser supremo, algo que é contra as leis do país.
… Papa apela ao silêncio no dia dos jornalistas
É dia de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. E Bento XVI aproveita a oportunidade para lembrar como “o silêncio é precioso”.
Este vídeo é uma sátira muito bem feita, relativa à alegação disparatada de que o enquadramento jurídico ou moral das sociedades ocidentais é baseado nos 10 mandamentos.
(…ou será “O mamarracho do navio”?).
Segundo a comunicação social, sempre lesta a difundir notícias importantes deste teor, dentro do navio “Costa Concordia”, naufragado há dias, foi encontrada e recuperada uma boneca representando a dita virgem Maria. Logo a ICAR, pela voz dos seus altifalantes, veio a terreiro afirmar, “urbi et orbi”, que o boneco era uma cópia do original, o qual, original, se encontra na capela das ditas aparições. Não foi dito se a cópia está, ou não, conforme o original, e se, em caso afirmativo, essa conformidade foi, ou não, certificada. Mas isso agora não interessa, como diria uma outra “virgem”. Interessa é que, para confirmar não se sabe bem o quê, a padralhada veio berrar que a boneca tinha sido comprada em Fátima.
Fico sem saber o que pretendem os funcionários da ICAR provar com tanta berraria e publicidade. Quanto a mim, deviam calar-se muito caladinhos e, caso perguntados, deveriam responder que a boneca, que foi capaz de desviar uma bala que, como se sabe, viaja a uma velocidade incrível, mas não conseguiu desviar um navio de cruzeiro que, na circunstância, não excederia os miseráveis 20 nós, dizia eu que, caso perguntados, deveriam afirmar que não senhores, aquela boneca só podia ter sido comprada numa qualquer loja dos chineses, porque se fosse de origem certificada, como é o caso de Fátima, o navio nem uma equimose ou uma leve beliscadura sofreria.
Uma coisa tenho de reconhecer, por muito que me custe: a boneca não se afogou. Pelo contrário, está viva e sã e devidamente exposta – desejo eu – numa igreja. O que me leva a sugerir ao Ratzinger que aproveite. Não terá, por acaso, algum “santo” em lista de espera? Poderiam, perfeitamente, atribuir-lhe este “milagre”. Olhem que não é todos os dias que aparece uma boneca de Fátima dentro de um navio de cruzeiro – eu, pelo menos, nunca vi nenhuma – e se salva de morrer afogada.
E não levo nada pela sugestão.
Em simultâneo no “À Moda do Porto“
O Diário Ateísta passou à segunda fase da votação do Aventar para melhor blogue de «Religião/Espiritualidade». Votem aqui, novamente ou pela primeira vez, até domingo. A racionalidade também é espiritualidade.
Militantes islâmicos atacaram ontem duas igrejas e um posto militar no norte da Nigéria, fazendo subir para 225 o número de vítimas de um fim-de-semana sangrento.
Alguns charlatães enriquecem à custa da Fé das pessoas, e usam entre outras ferramentas de persuasão as «curas pela Fé».
James Randi desmascara o célebre Peter Popoff:
E aqui Derren Brown explica alguns dos truques que são utilizados:
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.