O mamarracho e o navio
(…ou será “O mamarracho do navio”?).
Segundo a comunicação social, sempre lesta a difundir notícias importantes deste teor, dentro do navio “Costa Concordia”, naufragado há dias, foi encontrada e recuperada uma boneca representando a dita virgem Maria. Logo a ICAR, pela voz dos seus altifalantes, veio a terreiro afirmar, “urbi et orbi”, que o boneco era uma cópia do original, o qual, original, se encontra na capela das ditas aparições. Não foi dito se a cópia está, ou não, conforme o original, e se, em caso afirmativo, essa conformidade foi, ou não, certificada. Mas isso agora não interessa, como diria uma outra “virgem”. Interessa é que, para confirmar não se sabe bem o quê, a padralhada veio berrar que a boneca tinha sido comprada em Fátima.
Fico sem saber o que pretendem os funcionários da ICAR provar com tanta berraria e publicidade. Quanto a mim, deviam calar-se muito caladinhos e, caso perguntados, deveriam responder que a boneca, que foi capaz de desviar uma bala que, como se sabe, viaja a uma velocidade incrível, mas não conseguiu desviar um navio de cruzeiro que, na circunstância, não excederia os miseráveis 20 nós, dizia eu que, caso perguntados, deveriam afirmar que não senhores, aquela boneca só podia ter sido comprada numa qualquer loja dos chineses, porque se fosse de origem certificada, como é o caso de Fátima, o navio nem uma equimose ou uma leve beliscadura sofreria.
Uma coisa tenho de reconhecer, por muito que me custe: a boneca não se afogou. Pelo contrário, está viva e sã e devidamente exposta – desejo eu – numa igreja. O que me leva a sugerir ao Ratzinger que aproveite. Não terá, por acaso, algum “santo” em lista de espera? Poderiam, perfeitamente, atribuir-lhe este “milagre”. Olhem que não é todos os dias que aparece uma boneca de Fátima dentro de um navio de cruzeiro – eu, pelo menos, nunca vi nenhuma – e se salva de morrer afogada.
E não levo nada pela sugestão.
Em simultâneo no “À Moda do Porto“