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Mês: Agosto 2011

6 de Agosto, 2011 João Vasco Gama

A Justiça Perfeita de Jeová

«Se um homem achar uma moça virgem não desposada e, pegando nela pela força, deitar-se com ela, e forem apanhados, o homem que se deitou com a moça dará ao pai dela cinquenta siclos de prata, e porquanto a humilhou, ela ficará sendo sua mulher; não a poderá repudiar por todos os seus dias.»
Deuteronômio 22:28-29

Aos que alegarem que esta passagem está «fora do contexto» desafio que expliquem em que contexto é que é justo e razoável forçar uma vítima de violação a casar com o agressor.

É também conveniente lembrar as palavras de Jesus em Mateus: «Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim aboli-la, mas fazê-la cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.»

5 de Agosto, 2011 Raul Pereira

O blog de Deus

Paul Simms escreveu uma tirada deliciosa sobre Deus e a Sua «Criação» no site da The New Yorker.

(Agradeço ao amigo que mo enviou.)

3 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

O Islão envenena a Turquia

Há muito que desconfio do comportamento beato do primeiro-ministro turco Recep T. Erdogan que a Europa e os EUA apelidam de islamita moderado.

Tenho dificuldade em compreender o que é um crente moderado de qualquer religião, em saber se é aquele que acredita em deus três dias por semana e descrê nos restantes, se é o que reduz as orações a metade das recomendadas ou se há quem, sendo crente, respeite e defenda os que acreditam numa religião diferente e os que duvidam de todas.

No caso de Erdogan duvido que a moderação o leve a aligeirar o jejum sem se abster de comer, beber ou ter relações sexuais do nascer ao pôr do Sol durante todo o Ramadão. Quem tenha lido o Antigo Testamento é obrigado a desconfiar de quem leva a sério a alegada vontade de deus: a violência, o racismo, a xenofobia, a crueldade e o espírito misógino. E o Corão é o mais implacável manual de violência e desumanidade das religiões do livro.

A Turquia tem vivido entre a vigilância da defesa da laicidade pelas Forças Armadas e o poder judicial e a tentativa de destruição da sociedade laica pelo partido confessional de Erdogan. Não há governo democrático sob a tutela militar e judicial mas o seu acesso ao poder pela via democrática não garante o respeito pelos direitos, liberdades e garantias que os Estados modernos  consagram.

A detenção de mais de 170 oficiais no activo e de 77 na reserva reforça o poder de Erdogan, eleito democraticamente, mas não garante a laicidade que tem vigorado na Turquia. Um dos mais poderosos exércitos da NATO pode transformar-se na guarda pretoriana do islamismo com a força das armas a abandonar Washington e a virar-se para Meca.

1 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

O cardeal admoestado

Por

E – PÁ

A sagrada Congregação para a Doutrina da Fé mantêm-se atenta e vigilante.

A entrevista do cardeal Policarpo à revista da Ordem dos Advogados – em que tocou pela rama a ordenação de mulheres – fez soar as campainhas no Vaticano. Disse: “penso que não há nenhum obstáculo fundamental. É uma igualdade fundamental de todos os membros da Igreja”. link
Numa recente deslocação a Roma, por ocasião da realização do Conselho Pontifício para a Evangelização, na residência de férias do papado (Castelgandolfo), foi “chamado à pedra”…devido a recentes declarações sobre a ordenação das mulheres.
A “marca” Ratzinger ainda ensombra os claustros da Congregação pontifícia. O dogma prevalece e resume-se : Este tema pertence à doutrina da Igreja que, nestas questões, é “infalível”.
Esta atitude ultra-ortodoxa da Igreja não nos deve surpreender. Ao contrário do que pensa a alta hierarquia e os indefectíveis zeladores da “fé”, não é um problema de doutrina mas sim uma situação que deve ser resolvida à luz dos “princípios”. Aliás, a [feroz] oposição à ordenação de mulheres é essencialmente de natureza cultural. E a sua clivagem entronca-se na Reforma (Séc. XVI).
Não é possível, para a Igreja Católica, abordar questões de género no amplo terreno social e laboral quando em casa pratica a mais intolerável discriminação. Não é possível suscitar problemas de igualdade de género quando a par do imposto celibato dos seus clérigos se enxertam questões de exercício de funções (e se desvalorizam qualificações) no ministério divino, baseadas no género.
A posição de fundo aflorada pelo cardeal Policarpo nem sequer é inovadora, nem progressista. Foi uma cautelosa e tímida deriva no campo especulativo.
Bastaria, para concluir isso, recordar declarações anteriores proferidas pelo cardeal de Lisboa:
“Embora a doutrina sobre a ordenação sacerdotal que deve reservar-se somente aos homens, se mantenha na Tradição constante e universal da Igreja e seja firmemente ensinada pelo Magistério nos documentos mais recentes, todavia actualmente em diversos lugares continua-se a retê-la como discutível, ou atribui-se um valor meramente disciplinar à decisão da Igreja de não admitir as mulheres à ordenação sacerdotal. Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja.” link
O “puxão de orelhas” do Vaticano ao cardeal representa pura e simplesmente a total intolerância da Igreja sobre o mais académico e meramente especulativo exercício de liberdade de pensar e exprimir a doutrina divina, protagonizada por um dos seus atentos (ao Mundo) membros …
Julgo que ao receber a reprimenda, em Castelgandolfo, o cardeal terá ouvido algo de semelhante: “As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar, mas devem estar sujeitas, como também o diz a lei” (I Cor. XIV, 34), como assinalou S. Paulo.
Isto é, a submissão do cardeal às múltiplas submissões das mulheres é na lógica “divina” inevitável e incontornável.
Sabe o povo, na sua intuição histórica e, desde há séculos, temente da “fogueira” de que mais vale prudência do que ciência. É o anacronismo deste aforismo que a Igreja do séc. XXI revelou praticar.
1 de Agosto, 2011 Abraão Loureiro

Alguma Vez Ouviu Deus?

Dizem algumas pessoas que Deus fala com eles, que eles falam com Deus!

É vulgar quando um ateu pergunta a um crente: Alguma vez ouviu Deus? Em alguns casos relativamente poucos, infelizmente a resposta é SIM.

É vulgar quando um ateu pergunta a um crente: Alguma vez falou com Deus? Na grande maioria das vezes, não tão grave, a resposta é SIM. Mas como é que você lhe fala se não o consegue ver? Bom, eu não necessito de o ver para lhe falar. Quando estou triste, angustiado e etc. eu falo com Deus e isso dá-me paz de espírito.

Quanto à segunda resposta, não a considero tão grave como a primeira.

Pensemos numa resposta em que alguém nos diz que viu Deus, que viu Nossa Senhora, que viu o santo pelo qual tem a maior admiração. Num caso destes, devemos ser mais cuidadosos e afáveis no trato com estas pessoas porque isto já entra no foro da psicopatia ([Psicopatologia]  Desequilíbrio patológico no controlo das emoções e dos impulsos,…).

“As pessoas com esquizofrenia sofrem de sintomas psicóticos. Entre estes, contam-se as alucinações (observar as coisas de forma diferente), delírios (crenças de natureza bizarra ou paranóide que não são verdadeiras), alterações do pensamento ou medo.” (frase retirada da página da Janssen).

Nem todos os crentes fazem afirmações semelhantes. Uma boa quantidade e talvez a maior, quando deparados com a pergunta porque acredita em Deus, dá respostas do tipo: Olha, quando viemos ao mundo já encontrámos as coisas assim. Outros dizem que tem de haver alguém que fez tudo o que existe, que as coisas não acontecem do nada. Notemos que nunca dizem haver algo mas sempre e sim alguém. Ou seja, é a imaginação a funcionar que o ser invisível tem de ter a nossa aparência humanóide.

A este grupo eu classifico de pessoas bem intencionadas mas amedrontadas ao longo da vida, desde o seu início de vida familiar, quer no seguimento posterior do acompanhamento religioso profissional. A maioria destas pessoas não teve oportunidade de estabelecer relações com pessoas que lhes provocasse o interesse em se questionarem quanto às suas dúvidas. Sim, dúvidas, porque todos temos. O problema não é ter dúvidas, o problema é procurar tirá-las.

Ao perguntar, acreditas em Deus? Muitos respondem-me, com um certo vagarismo na resposta: Tenho dúvidas! Ora isto já começa a ser uma resposta frequente.

Uma coisa interessante ocorreu há poucos dias comigo. Estava reunido em grupo com pessoas que nunca tinha visto antes. Ao fazer uma análise sobre uma pergunta que envolvia religião e de reposta obrigatória contida no texto apresentado (texto de uma instituição do Estado), respondi que essa pergunta era tendenciosa, abusiva e anti-constitucional, informando a pessoa responsável que sou ateu. Após proferir a minha declaração, algumas poucas pessoas, mais idosas, torceram o nariz reprovando a minha atitude. Mas para meu espanto, outras vozes se levantaram na sala dando-me razão. O tom de voz levantou-se e houve quem se afirmasse ateu também. Outros não se afirmando ateus, foram claros em afirmar que as religiões foram e são as causadoras do maior número de guerras e que a bíblia está cheia de barbaridades.

Num universo de 13 pessoas isto acontecer dá que pensar, ou não?

Abordei o assunto pelo lado da maioria crente no cristianismo que é a maior massa que nos rodeia geograficamente.