18 de Agosto, 2011 Carlos Esperança
O Papa em Madrid
Parasitando o erário público dos espanhóis, acompanhado de 800 bispos, arcebispos e cardeais, mais 8 mil padres e numerosos polícias, Bento 16 arrastou a Madrid a maior concentração de sotainas à superfície do Planeta.
A viagem de negócios devia ser a expensas do Vaticano onde funciona um banco com regras pouco transparentes e poupar um país em dificuldades económicas aos gastos supérfluos e ao histerismo das multidões atraídas pelas estrelas pop.
Enquanto em Madrid o ditador vitalício do Vaticano fala da família, assunto de que não tem a mais leve experiência, em Palencia começa a exumação de 250 cadáveres de autarcas e sindicalistas que o ditador Franco mandou assassinar perante o silêncio da ICAR e o entusiasmo de muitos dos seus clérigos. A estas vítimas do fascismo espanhol não se refere o celibatário protector do Opus Dei.
Durante o espectáculo pio encenado em Madrid morrerão na Somália, à fome e à sede, ignorados pelos devotos do Papa, centenas de infelizes que seriam salvos se o dinheiro gasto com o regedor do Vaticano lhes fosse destinado. Claro que ao auto-proclamado representante de Cristo só interessam as almas e a divulgação dos seus preconceitos.
Onde os reis-católicos Fernando e Isabel grelhavam judeus está hoje o Papa a ranger os dentes contra a laicidade e as leis da família que os espanhóis votaram livremente. Não é difícil adivinhar no frio ditador o ódio que nutre pela liberdade mas a Espanha já é mais filha do Iluminismo e da revolução Francesa do que da Contra-Reforma.
Viva a Espanha. Não é por acaso que a Associação de Teólogos João XXIII, o Fórum dos padres de Madrid e as redes de cristãos de base condenam a ostentação e os gastos supérfluos com a deslocação de B16.
Os ateus têm manifestado o seu desagrado por esta viagem exibicionista e encontram-se na vanguarda da marcha laica que acentua a decadência do catolicismo espanhol.
Ateo gratias.